Capítulo 541: Fuga (1)
O som de risadas sombrias veio dos dois gângsteres enquanto caminhavam em direção a Ken e Katsuya, que tinham acabado de ser despertados de seu sono.
Os olhos de Katsuya estavam apagados, quase como se ele tivesse desistido. Ao longo de sua vida, ele nunca havia recebido tanta dor e tortura, portanto, estava claro que essa experiência o havia mudado.
Ken, por outro lado, olhava para os dois gângsteres se aproximando com raiva nos olhos. O ódio que ele sentia por Tetsuhiro era sem limites, alimentando sua vontade de sobreviver e se vingar dele.
“Primeiro o bonitinho.” O mais baixo disse, lambendo os lábios como se saboreasse o momento.
“Certo, eu fico com o alto então.”
Ele se aproximou de Ken e agarrou seu queixo, levantando seu rosto e vendo o ódio fervoroso olhando de volta para ele. No entanto, isso não parecia dissuadi-lo, apenas aumentava sua excitação.
“Ouvi dizer que você é um arremessador de nível nacional… Me pergunto qual expressão você fará se eu arruinar seu braço, hehehe.” Ele riu sombriamente.
Um arrepio percorreu as costas de Ken ao ver o rosto sádico do gângster. Ele não tinha dúvidas de que o homem faria o que dizia.
‘Maldito seja, TETSUHIRO!’ Ken gritou em seu coração, sentindo uma sensação de impotência e raiva ameaçando quebrá-lo mentalmente.
Mesmo que ele sobrevivesse, se perdesse o beisebol de novo, ele realmente seria capaz de viver uma vida feliz?
Enquanto estava no meio do desespero, ele viu algo rapidamente aparecer no canto de sua visão, brilhando na luz.
THUD
Um baque surdo e desagradável ecoou em seus ouvidos, provocando um suspiro de choque na boca de Ken. Ele se virou para ver o antes arrogante e sádico gângster no chão, sangue começando a se acumular embaixo de sua cabeça.
“Q—Que diabos—”
SHIIING
Antes que ele pudesse terminar a frase, as palavras do homem mais baixo ficaram presas em sua garganta, nunca mais seriam liberadas.
O som de algo pesado rolando pelo chão soou. Felizmente, a sala estava escura o suficiente para que não ficasse em plena vista.
“Ken, vamos tirar você daqui.”
Ken ainda estava em choque, mas ouvir o forte sotaque de Kansai o trouxe de volta à realidade, embora ainda estivesse cheio de descrença.
“T—Tetsu? Estou sonhando?” Ele murmurou.
Não era que ele não quisesse acreditar, só que ele estava com medo de que fosse tudo uma alucinação. A falta de água e comida, além das surras, o tinham deixado fraco e delirante.
Se isso se revelasse uma ilusão, provavelmente ele perderia o último fio de esperança ao qual se agarrava.
“Isso não é um sonho.” Ele disse simplesmente.
Ao lado dele, Katsuya levantou a cabeça, seus olhos apagados finalmente mudando.
“Tio Shin? É você?” Ele disse com uma voz tensa, lágrimas já se acumulando no canto dos seus olhos.
“Mmm. Seu pai está lá fora nos esperando, vamos.” Shin respondeu, golpeando casualmente as correntes com sua Katana.
CLINK
As correntes caíram no chão, ecoando no porão vazio. Ele deixou Katsuya brevemente em sua cadeira antes de cortar através das correntes de metal que amarravam Ken.
Sentindo a pressão ceder, Ken quase soltou um suspiro audível de alívio, no entanto, foi rapidamente substituído por uma dor surda e persistente em todo o seu corpo.
“Os pacotes estão seguros, sairemos em breve.” Shin disse casualmente no rádio.
Tetsu se virou para o cara, levantando uma sobrancelha. No entanto, ele rapidamente balançou a cabeça, agora não era o momento de perguntar sobre os passatempos do homem.
“Você consegue andar?” Tetsu perguntou a Ken. As coisas só ficariam mais difíceis se ele tivesse que carregar o cara por tantos lances de escada.
“Mmm, acho que sim.” Ken respondeu com uma voz rouca.
Ele se levantou lentamente, tentando não ceder à tontura. Levou alguns momentos, mas ele finalmente ganhou alguma noção de equilíbrio, apesar da pulsação em todo o seu corpo.
“Tome um pouco de água.”
Com isso, Tetsu entregou uma garrafa de água para Ken, que bebeu avidamente. No entanto, como se pensando em algo, ele parou e a estendeu em direção a Katsuya.
“Você também tome um pouco.” Ele disse.
“Ele tem a própria.” Shin disse, produzindo outra garrafa.
Felizmente, Chris foi cuidadoso o suficiente para preparar estas antecipadamente, pensando que eles estariam desidratados e famintos quando tanto Shin quanto Tetsu chegassem para salvá-los.
Finalmente sentindo alguma força voltando ao seu corpo, Ken sentiu sua mente funcionar.
“Qual é o plano? Vamos apenas tentar escapar sem ser notados?” Ele perguntou, alternando seu olhar entre Tetsu e o tio de Katsuya.
Por mais que ele apreciasse Tetsu por salvá-lo, ele estava ciente de que o homem era mais adequado a tarefas físicas do que a estratégia, para colocar de forma gentil.
“Nosso principal objetivo é tirar vocês daqui em um só pedaço. O resto pode esperar para depois.” Shin afirmou simplesmente, ajudando Katsuya a ficar de pé.
“Ele está certo, vamos antes que a cavalaria descubra que matamos os homens deles.” Tetsu acrescentou, movendo-se em direção à porta e acenando para Ken seguir.
Ken não precisou ser avisado duas vezes, forçando seu corpo a seguir Tetsu.
Felizmente, tanto ele quanto Katsuya ainda conseguiam andar, embora um pouco trêmulos.
O grupo estava em silêncio enquanto a porta era aberta, revelando a escada ligeiramente mais clara. Só depois que os dois homens confirmaram que não havia barulho começaram a subir.
Shin fez um gesto de silêncio enquanto se aproximavam do primeiro lance de escada. Este era o andar onde a Família Hokori estava reunida; se fizessem barulho agora, as coisas rapidamente se transformariam em um banho de sangue.
Os quatro passaram pela porta sorrateiramente, subindo lentamente as escadas enquanto controlavam a respiração. Eles podiam ouvir os sons de pessoas conversando, suas vozes filtrando para dentro da escada e ecoando nas paredes.
Parecia que uma eternidade havia passado enquanto o grupo fazia o melhor para permanecer indetectável. No final, Ken sentiu como se seus nervos estivessem à flor da pele.
Ele não pôde deixar de soltar um suspiro de alívio, sentindo que a pior parte havia passado.