Capítulo 537: Chumbo (1)
BEEP BEEP BEEP
Os olhos de Daichi se arregalaram ao ouvir aquelas palavras, seu rosto cheio de incredulidade.
“Daichi? O que houve?” Miho perguntou, sua ansiedade fora do comum.
“Ele pegou o Ken…” Daichi murmurou, sentindo a força deixar seu corpo. Um grande sentimento de culpa inundou sua psique, ameaçando destruí-la.
“O—O quê? Precisamos chamar a polícia!” Ela gritou.
“Não! Ele quer que eu apareça sozinho ou Ken vai morrer.”
“Não… Daichi, você não pode ir sozinho encontrar esse psicopata. Quem sabe o que ele fará com você?” Miho disse, colocando as mãos nos ombros dele.
O rosto de Daichi se transformou, “E o quê? Deixar Ken morrer!?”
Ele afastou as mãos dela, levantando-se lentamente. “Isso é tudo culpa minha.” Ele murmurou, sentindo o peso da responsabilidade sobre ele.
“Daichi… Deve haver outra maneira.” Ela disse quase suplicante.
Daichi olhou para seu telefone e, sem dizer nada, apertou o botão de chamada.
RING RING
“Pai…”
“Daichi, o que foi? Você está bem?” A preocupação era evidente em sua voz, mas isso fez Daichi se sentir ainda pior.
“Estou bem. Só liguei para dizer que te amo…” Ele disse suavemente.
Houve uma pequena pausa do outro lado.
“Eu não sei o que você está planejando agora, mas sei que é uma estupidez. Preciso que você me encontre em algum lugar, diz respeito ao Ken. Vou te contar todos os detalhes quando você chegar aqui.” Chris disse, seu tom não permitindo resposta.
BEEP BEEP BEEP
Daichi ficou surpreso e olhou para o telefone confuso. Parecia que seu pai havia percebido algo em suas palavras.
BUZZ BUZZ
No momento seguinte, ele recebeu uma notificação, um endereço.
Miho, que estava olhando por cima do ombro dele, viu o endereço. “Isso não é longe daqui, vamos.” Ela disse, puxando-o pela mão antes que ele pudesse responder.
Daichi, que ainda se sentia fraco, foi facilmente arrastado como uma criança pequena em direção ao destino. Sua mente estava vazia, mas ele não tentou resistir.
‘Pai, Miho… Todos são bons demais para mim.’ Ele pensou, sentindo seus olhos se encherem de lágrimas.
Apesar disso, sua ansiedade ainda estava no auge. O fato de Tetsuhiro ter ligado para ele do telefone de Ken significava que ele havia sido capturado. Quem sabe o que aconteceu com ele?
Os dois caminharam pelas ruas de Tóquio por 10 minutos antes de chegarem ao destino. Lá na frente, Chris os esperava, seu rosto cheio de preocupação.
“Daichi!”
Ele avançou e o puxou para um abraço apertado. Daichi ficou rígido por um momento antes de seus músculos relaxarem.
“Pai… Preciso te contar uma coisa.”
“O que é?” Chris perguntou, afastando-se e segurando seu filho à distância dos braços.
Daichi viu a preocupação no rosto do pai e não pôde deixar de sentir a culpa o dominar.
“Tetsuhiro me ligou…”
Ele então explicou o que havia acontecido e o pedido para se encontrar na manhã seguinte no edifício da Suzuki Corporation. Chris ouviu em silêncio, mas sua expressão mudou algumas vezes.
“Edifício da Suzuki Corporation…” Ele murmurou.
“Ok, entrem rapidamente. Você também, Miho.”
Eles entraram no prédio sem problemas, já que os seguranças estavam cientes dos novos convidados. Ao entrarem na sala dos fundos, tanto Miho quanto Daichi se sentiram bastante intimidados.
Ver todos aqueles personagens estranhos e coloridos que pareciam verdadeiros gangsteres foi o suficiente para que os adolescentes sentissem uma certa inquietação.
Daichi só reconheceu o Tetsu do grupo, ou pelo menos era o caso até Ai aparecer atrás dele.
“Ai? O que você está fazendo aqui?” Ele perguntou.
No entanto, ao ver os hematomas no rosto dela, ele pôde adivinhar o que provavelmente aconteceu. Isso só o lembrou de que Ken estava em uma grande enrascada agora, fazendo-o se sentir ainda pior.
“Oi Daichi… Desculpe.” Ela disse, aproximando-se dos dois, com a cabeça baixa.
Mas antes que ele pudesse responder, Chris falou.
“Temos uma nova pista.” Ele afirmou, fazendo com que toda a sala voltasse a atenção para ele.
“Qual é?” Tomoya foi o primeiro a saltar com a nova informação, ainda parecendo ansioso.
“Este é Daichi, meu filho. Ele foi contatado por Tetsuhiro com o telefone do Ken e foi instruído a encontrá-lo no Edifício da Suzuki Corporation ao amanhecer.”
Ele foi até o mapa e pegou um marcador, apenas para desenhar um grande círculo em torno de um prédio em particular.
“Este deve ser o local onde Ken e Katsuya estão sendo mantidos em cativeiro.” Sua voz estava cheia de confiança, mas isso não parecia ser suficiente.
“Você acha que ele os manteria no prédio do escritório? Você é estúpido?” Tomoya explodiu. Ele estava esperançoso, apenas para ouvir algo tão ridículo.
No entanto, Chris não parecia ofendido.
“Já se passaram quase 4 horas desde que chegamos aqui, e vocês nem encontraram uma sombra dos homens da Família Hokori. Não procuramos nem metade dos prédios no mapa, por toda Tóquio.”
Ele continuou, “Apenas pensem nisso. Onde seria um lugar que nós e a polícia menos esperaríamos e que tem a segurança mais reforçada.”
A sala estava silenciosa, mas ninguém refutou suas palavras. A polícia realmente não investigaria um grande edifício de escritórios sem motivo.
Além disso, havia centenas de pessoas entrando e saindo do prédio, todas vestidas em ternos. A Família Hokori poderia facilmente se misturar com os trabalhadores do escritório, sem levantar suspeitas.
“Mesmo que isso seja verdade, como diabos vamos entrar sem sermos detectados?”
Mais uma vez houve silêncio, mas desta vez foi Tetsu quem falou.
“Não podemos simplesmente entrar, armas em punho?”
“Não seja ridículo. Se souberem que estamos chegando, podem simplesmente matar os dois antes de chegarmos lá.” Shin disse calmamente.
Com essas palavras, Daichi estremeceu.
“E se interceptássemos a segurança e roubássemos seus uniformes?” Tsukasa acrescentou.
“Mmm, isso parece viável.” Chris disse, profundamente pensativo.