Capítulo 527: Capturado (1)

Ken sentiu seu corpo inteiro pulsar com dor, seus olhos grogue se abrindo lentamente enquanto uma sensação de desorientação tomava conta dele. Ele piscou algumas vezes, seus olhos escaneando a área com questionamento.

‘Onde estou?’

Enquanto sua mente tentava juntar as peças faltantes, ele sentiu uma dor aguda na cabeça. Ken tentou massagear as têmporas, mas o som de uma corrente de metal entrou em seus ouvidos, fazendo-o congelar no lugar.

Ele estava amarrado firmemente a uma cadeira, suas mãos e pés atados como um prisioneiro de guerra.

A primeira coisa que veio foi o pânico, fazendo seu coração disparar em resposta ao perigo em que estava. Mas isso apenas fez seu corpo pulsante doer ainda mais.

Ele pausou por um momento, tentando se acalmar.

‘Espere, Ai!’

O pânico que ele tentou controlar de repente voltou com toda força. Seus olhos rapidamente escanearam os arredores.

Eles estavam em algum tipo de armazém com várias caixas e prateleiras espalhadas pelo lugar. A pequena quantidade de luz entrando do lado de fora lhe disse que estava chegando perto do pôr do sol.

Apesar de olhar ao redor do local, ele não conseguia ver mais ninguém na vizinhança. No entanto, isso não ajudou muito a aliviar suas preocupações.

“Ai… Espero que você esteja segura.” Ele murmurou.

Ching~

O som de correntes tilintando entrou em seus ouvidos por trás de Ken, fazendo-o quase pular de susto.

“Quem está aí?” Ele gritou em voz baixa, sua ansiedade atingindo o ápice.

“Urghh, onde estou?”

A voz era masculina e soava desorientada, permitindo que Ken respirasse aliviado. Embora ele não pudesse ver quem era, ele pelo menos poderia deduzir que não eram seus captores.

“Quem é você? Sabe por que fomos capturados?” Ken perguntou, tentando virar a cabeça e ver a outra pessoa.

Alguns momentos de silêncio se passaram enquanto a outra figura parecia estar se recuperando.

“Eu deveria perguntar a você a mesma coisa…” Ele cuspiu, sua raiva evidente.

‘Hmm? Ele parece ter um problema comigo.’ Ken comentou em seu coração, embora não soubesse por que. Ele era tão vítima quanto o outro cara.

Não querendo perder tempo precioso discutindo, ele se apresentou.

“Sou Ken Takagi, do segundo ano do Ensino Médio de Yokohama.” Ele disse.

“Katsuya Adachi, segundo ano do Ensino Médio Joshibi…”

“Joshibi? Você vai à escola da Ai?” Ken comentou surpreso.

No entanto, ele não recebeu resposta.

“Espere, você é aquele cara que veio com um chute voador e tentou nos salvar?”

“…Mmm”

A opinião de Ken sobre Katsuya melhorou consideravelmente. No entanto, sua culpa cresceu ao mesmo tempo. Esse cara estava apenas tentando ajudá-lo como um bom samaritano, mas ele havia sido arrastado para esse enredo.

“Obrigado por tentar me ajudar… E sinto muito que você também foi capturado.” Ele disse sinceramente.

“Eu não estava fazendo isso por você…” Katsuya disse, seu tom bastante deprimido.

Ken franziu a testa em resposta, tentando entender o que ele queria dizer.

‘Ele conhece a Ai? É por isso que tentou ajudar?’

Ele balançou a cabeça, isso não importava agora. Agora o foco deveria ser escapar, algo que parecia impossível neste momento.

“Ei, você acha que pode se soltar?” Ken disse, ainda tentando virar a cabeça.

“Você é burro?” O tom de Katsuya era cortante.

“H-Hey, eu só estou tentando pensar em maneiras de nos salvar.”

Katsuya soltou um suspiro, vendo Ken lutar em suas limitações. “Sua cadeira não está presa ao chão, apenas vire e me enfrente.”

“Ah…”

Ken se sentiu um pouco envergonhado, mas fez o que lhe foi dito, girando a cadeira até ficar de frente para Katsuya. O rosto do cara estava ensanguentado e machucado, mas ainda assim ele era atraente.

Por alguma razão, isso meio que o irritou.

O olhar de Katsuya estava sobre ele no momento e ele podia sentir uma mistura de emoções do cara. Não era ódio direto, mas ele podia perceber à primeira vista que o cara não gostava dele.

Ken soltou um suspiro, sem saber como ele poderia ter se metido em tal confusão. Ele havia encontrado Ai na estação de trem e estava voltando para o apartamento dela para deixar suas coisas.

Eles tinham o Torneio Jingu começando em alguns dias, então Ken decidiu ficar com Ai em Tóquio até o início. No entanto, ele não esperava ser atacado e sequestrado imediatamente.

“Katsuya… Eu não sou de Tóquio, você sabe quem nos capturaria e por qual motivo?” Era uma esperança distante, mas Ken esperava que ele pudesse encontrar alguma pista.

Katsuya ficou em silêncio por um tempo, mas sua expressão falava por si.

“Provavelmente é a Família Hokori que nos capturou.” Ele disse, seu olhar abaixado.

“Família Hokori? Quem é?” Ken estava confuso.

“Haaah, você não entenderia.” Katsuya murmurou, soltando um suspiro profundo.

Ken achou estranho que esse cara que ele pensava ser apenas um bom samaritano soubesse tanto. Era por isso que ele também foi capturado?

“Sim, bem como você explica isso para mim…”

O tom de Ken mudou. Se antes ele estava agradecido e educado, agora parecia bastante irritado. Era natural, já que ele queria qualquer tipo de informação sobre quem eram seus captores, ou por que ele havia sido capturado em primeiro lugar.

Seu olhar caiu sobre Katsuya que não parecia querer fazer contato visual. O cara estava claramente em dor, mas parecia bastante calmo por fora.

“De que adianta para você? Estamos lidando com uma família criminosa…”

Os olhos de Ken se arregalaram, “Uma família criminosa? Como a Yakuza?” um arrepio correu pela sua espinha.

‘Por que alguém assim iria querer me capturar?’ Ele pensou.

Ele lembrou-se dos capangas mencionando que seu chefe mandou capturar o cara alto, o que obviamente se referia a ele mesmo.

A mente de Ken disparou, tentando pensar quando ele poderia ter ofendido alguém assim.