Sistema da Liga Principal - Capítulo 329

329: Passeio da Tarde (1) 329: Passeio da Tarde (1) Ken seguiu a silhueta de Ai saindo de casa, passando por Naomi, que lhe mandou uma piscadela por trás do balcão. Sua expressão era de expectativa, pelo menos do ponto de vista dele.

Só agora ele se lembrou de que Naomi e sua mãe vinham conspirando desde o início para juntar ele e Ai.

No entanto, ele não conseguia se preocupar com isso agora. Continuou porta afora e saiu para a rua, eventualmente caminhando ao lado de Ai pela estrada.

Os dois andaram em silêncio por um tempo, com apenas o canto das cigarras e o som dos próprios passos no pavimento.

Apesar de Ai não falar, Ken não sentia ansiedade naquele momento. Na verdade, ele não sentia que precisava preencher o silêncio com conversa, ele simplesmente caminhava ao lado da mulher que havia perseguido por tanto tempo em sua vida anterior.

Não, isso estava errado. Ai já não era mais a mesma pessoa que ele pensava conhecer antes.

Embora nunca realmente tivesse chegado a conhecê-la antes de regredir, Ken sentia como se a mulher ao seu lado fosse diferente. Enquanto ele olhava para a silhueta dela ao seu lado, ela aconteceu de virar em sua direção.

Instantaneamente ele ficou hipnotizado por seus olhos azuis profundos. Ele sentiu todas as suas barreiras que protegiam seu coração cair de uma vez, pronto para abraçá-la se ela apenas dissesse a palavra.

Era um sentimento que ele nunca havia experimentado antes em suas duas vidas. Algo que invocava uma mistura de emoções, medo, expectativa e um arrependimento que perdurava.

Ele, que havia experimentado o fundo do poço, foi dado outra chance para viver sem arrependimentos. No entanto, suas noções preconcebidas sobre sua idade mental e o fato de que a garota à sua frente tinha apenas 16 anos quase o impediram de fazer isso.

No entanto, enquanto ele estava à beira de sua epifania, Ai se virou.

“Estou me transferindo para o Ensino Médio Joshibi em Tóquio.”

Seu tom era suave, mas continha emoções não ditas.

Ken moveu o olhar de volta para a estrada um momento depois, sentindo seu coração exposto tremer. Todos os indícios apontavam para ela se mudar, mas nada disso pareceu real até este momento.

Mais uma vez um longo silêncio se estendeu entre eles, criando uma atmosfera pesarosa.

“É sobre isso que você estava falando naquela noite em Osaka? Sobre perseguir seus sonhos.” Ken perguntou, lembrando dos seus comentários para ela.

Ele havia dito a ela que deveria perseguir seus sonhos para não se arrepender mais tarde na vida. Na época ele falava por experiência própria, sem pensar nas implicações de suas palavras.

“Sim…”

Ai não elaborou mais. Havia uma parte dela que queria que Ken lutasse por ela ficar, mesmo que isso significasse desistir de seu sonho.

No entanto, intuitivamente ela sabia que ele nunca faria tal coisa.

Eles haviam sido amigos desde o início do ano letivo, mas seu relacionamento não havia progredido muito, quase como se ele tivesse se contido todo esse tempo.

Enquanto caminhava, Ai soltou uma risada autodepreciativa, soando áspera aos ouvidos.

“Provavelmente estou apenas perdendo meu tempo passando por tudo isso.”

Suas palavras eram rejeitantes, mostrando o quão pouca fé ela tinha em suas habilidades. Talvez essa fosse a razão pela qual ela nunca havia se esforçado seriamente em sua paixão.

Ken ficou chocado. Como alguém que aparentava ser quase perfeito aos seus olhos poderia ter uma opinião tão baixa de si mesma.

Naquele momento seu corpo pareceu mover-se sozinho. Ele agarrou a mão de Ai firmemente antes de se colocar na frente dela em um movimento rápido.

O tempo pareceu parar enquanto a cena acontecia.

Ai ficou surpresa com as ações impetuosas de Ken, não esperando que ele fizesse uma jogada tão ousada. Mesmo assim, seu olhar subiu para seu rosto, que estava repleto de emoções.

Seu maxilar ciselado estava tenso e suas sobrancelhas espessas estavam franzidas, mas seus olhos castanhos profundos refletiam algo mais.

“Por que você não acredita em si mesma?”

O tom profundo de Ken a envolveu, fazendo-a congelar no lugar.

‘Ele parece… bravo?’ Ela pensou, inspecionando seus traços de perto.

No entanto, ele não lhe deu chance de falar, forçando-a a olhar para ele.

“Você não deveria falar assim, é como se estivesse desistindo antes mesmo de tentar.”

Os olhos de Ai se arregalaram ao ouvir isso, finalmente sentindo como se algo tivesse feito clique dentro dela. Ela estivera tão amedrontada com a possibilidade de falhar que nunca tinha dado o primeiro passo para perseguir seus sonhos.

No entanto, agora, mesmo após ter decidido se matricular no Ensino Médio Joshibi, ainda falava como se fosse falhar.

Talvez fosse um mecanismo de autodefesa, para não ser esmagada se de fato falhasse. Ou talvez ela realmente não tivesse confiança para conseguir.

De qualquer forma, Ken estava certo. Qual era o sentido de perseguir seus sonhos se estava esperando falhar?

Enquanto Ai processava isso, sua mente voltou a todas as vezes que viu Ken no campo de beisebol. Havia algum momento em que ele se conteve?

Mesmo nos treinos, ele já havia desistido de tentar melhorar para poder perseguir seus sonhos?

Não, nenhuma vez.

No entanto, ela não era como Ken. Ela não podia seguir em frente com suprema confiança, faltava-lhe tal capacidade.

Esses pensamentos evocaram emoções que ela havia guardado bem dentro de si mesma, forçando-as para um lugar onde ninguém pudesse ver. Mas no momento seguinte, elas irromperam para fora.

Todo o estresse, dúvida e emoções negativas saíram dela, causando lágrimas quentes a escorrerem pelo seu belo rosto.

“Estou com medo…”

Ai só conseguiu pronunciar essas duas palavras antes de desabar e começar a soltar todas as suas aflições. Era como se a barragem tivesse quebrado, liberando todas as suas emoções reprimidas.

Ken viu a mulher vulnerável à sua frente e a puxou para seu abraço. Era uma ação reflexa, mas que se sentiu certa naquele momento.

Ele ficou ali imóvel com a cabeça de Ai aninhada sob seu queixo devido à diferença de altura entre eles. Não houve troca de palavras, apenas o som dos soluços suaves de Ai em seu peito enquanto ela se libertava de suas inseguranças.