Sistema da Liga Principal - Capítulo 1020
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Capítulo 1020: Através dos Olhos de Outro (2)
A cena mudou e o jovem Daichi apareceu na frente de seus olhos, encolhido enquanto dois garotos desferiam socos e pontapés em seu corpo. Não havia gritos de dor, apenas o som de pancadas surdas enquanto os ataques acertavam.
Ken avançou, jogando seu ombro nas costas do valentão mais próximo, derrubando-o no chão. O último valentão restante se virou, apenas para um punho voar em seu rosto.
CRUNCH
“V-Você quebrou meu nariz.”
“Vou quebrar suas bolas se você não sumir agora.”
“A-Aaaah!”
Daichi assistiu, revivendo a memória de quando Ken veio salvá-lo naquele dia. Já fazia tanto tempo que ele havia esquecido o que aconteceu.
“P-Por que você me ajudou?”
“Que tipo de pessoa ficaria de braços cruzados vendo seu melhor amigo sendo espancado por uns brutos?” Ken disse, passando o braço ao redor dos ombros do jovem Daichi.
“M-Melhor amigo?” o jovem gaguejou. Lágrimas de repente começaram a inundar seus olhos enquanto ele chorava todas as suas mágoas.
[Eu não sabia que ele estava sendo intimidado no Ensino Fundamental… Me desculpe Daichi, eu realmente fui um amigo terrível.]
Um sentimento de tristeza encheu o corpo de Daichi enquanto ele ouvia os pensamentos de Ken invadirem sua mente. A tristeza genuína se misturava com a sua própria, umedecendo seus olhos.
“Vocês dois. Venham comigo para a sala do diretor.”
“Ah droga.”
A cena mudou e Daichi se viu em um carro, olhando pela janela para o horizonte.
“Por que você foi tão longe por um aluno novo transferido?” A voz de Yuki encheu o carro.
“Ele é meu melhor amigo, de maneira alguma eu poderia ficar parado enquanto aquelas pessoas batiam nele.” Ken respondeu de forma direta.
“E valeu a pena?”
“Não… eu deveria tê-lo acertado mais forte.”
Daichi riu, não esperando a resposta. Esse era o irmão travesso que ele conhecia tão bem.
“Não se preocupe com seu pai, vou defendê-lo.” Yuki respondeu com um sorriso. Era claro que ela estava tentando esconder seu divertimento.
Após essas palavras, a cena mudou. Ele apareceu no quarto do Ken, sentado em sua escrivaninha.
[Daichi não começou a jogar beisebol até o Ensino Médio, mas ainda assim foi convocado para a NPB antes da universidade. Se eu conseguir que ele jogue um ano mais cedo… talvez ele seja ainda melhor nesta vida.]
Os pensamentos de Ken falavam na mente de Daichi enquanto ele batia a caneta no bloco de notas à sua frente. Havia um diagrama detalhando um monte de passos para tentar convencer o jovem Daichi a entrar no beisebol.
[Se ele começar agora, talvez consiga entrar numa boa escola como Toin de Osaka ou Chiben Wakayama. Com o treinamento adequado, Daichi poderia ser o melhor jogador do Japão. Talvez ele até consiga entrar para os Majores?]
‘Ken…’ Daichi ficou sem palavras. Que tipo de pessoa faria isso? Mesmo que tivessem a chance de recomeçar com o conhecimento de sua vida passada.
Por que Ken iria tão longe por ele?
E assim que os pensamentos de Daichi começaram a se perder, a cena mudou mais uma vez.
“Kenny, mostre a Daichi o quarto de hóspedes e onde fica o banheiro. Seu pai está em um voo agora, então vou ter que esperar até amanhã de manhã para falar com ele. Vá para a cama cedo e tenha um bom sono.” O tom de Yuki era gelado enquanto ela dava a ordem da cozinha.
Ele viu seu eu mais jovem coberto de hematomas. Daichi não precisou pensar muito antes de lembrar da cena. Foi logo depois que Ken o encontrou sendo espancado por sua mãe.
Esse foi o dia em que toda a sua vida mudou para melhor.
“Venha para cima, vou te mostrar o quarto de hóspedes.” Ken disse, levando o jovem para o andar de cima.
Um pouco mais tarde, Ken voltou para o seu quarto e deitou-se, olhando para o teto. Daichi podia sentir as emoções confusas de Ken passando por ele.
[Eu não posso deixar Daichi voltar para aquela mulher… Que tipo de psicopata bate no próprio filho assim?]
Os pensamentos de Ken correram para a sua cabeça.
[Podemos acolher ele? Não tenho certeza de qual é o salário do Pai nos Guerreiros, mas deve ser suficiente, certo? Mas Mãe não está trabalhando…]
A ansiedade se aproximava, ameaçando sobrecarregar tanto Daichi quanto Ken.
[Eu não posso conseguir um emprego até o próximo ano, já que eu só tenho 15… Droga! Por que não lembrei de nada útil da minha vida passada? Tudo que eu sei é editar planilhas.]
Enquanto Ken continuava a se angustiar com a situação, Daichi já tinha tido o suficiente. Lágrimas já escorriam pelo seu rosto, suas emoções estavam cruas e desenfreadas. Ele era o homem mais sortudo da Terra por ter esse homem como irmão.
Mas foram os últimos pensamentos de Ken que o fizeram chorar mais do que já estava.
[Não importa… Vou fazer o que for preciso para mantê-lo conosco.]
E assim, a visão desapareceu. Ele se viu nos braços de Ken, seu rosto molhado com lágrimas quentes que caíam há sabe-se lá quanto tempo.
Durante todo esse tempo, seu irmão realmente se preocupava com ele. Se isso não era amor fraternal, então isso não existia neste mundo, ou em qualquer outro.
Para um homem que não teve pai e uma mãe abusiva nos primeiros 15 anos de sua vida, a chegada de Ken foi uma bênção dos céus. Ele foi salvo por este homem carinhoso. Tudo que ele tinha hoje podia ser atribuído à pessoa que estava em seus braços.
Enquanto ele chorava no ombro de Ken, ouviu-o falar, “Você está bem, irmãozinho?”
Ele sentiu Ken tentar quebrar o abraço para verificar como ele estava, mas Daichi o segurou mais forte, não querendo soltá-lo. Ele não sabia se poderia encará-lo agora, não depois de ter visto o que acabara de ver.
Ele não se sentia digno da amizade ou irmandade de Ken.
Ken soltou uma risadinha, sua mão acariciando o meio das costas de Daichi.
“Estou aqui para você, cara. Sempre estarei…” Ken disse, acalmando seu irmãozinho.