- Home
- SEU PAR ESCOLHIDO
- Capítulo 582 - 582 VENCER UMA GUERRA 582 VENCER UMA GUERRA PONTO DE VISTA DO
582: VENCER UMA GUERRA 582: VENCER UMA GUERRA PONTO DE VISTA DO IVAN
O exército inteiro estava do lado de fora dos portões do castelo, esperando por Azar e suas tropas. Podíamos sentir a terra tremendo sob nós, o zumbido silencioso de expectativa se espalhando como um incêndio pelas fileiras. Eu segurava minha espada firmemente, meus nós dos dedos pálidos pela força. Não havia tempo para medo, não aqui, não agora. Tudo que eu tinha era o peso da lâmina em minha mão e a respiração estável que eu forçava através dos meus pulmões.
As bandeiras tremulavam acima, as cores do nosso reino mal capturando a luz da manhã. Meu olhar piscava em direção ao horizonte onde o sol deveria estar surgindo, mas as espessas nuvens de guerra já o haviam bloqueado. Azar. Ele estava vindo, e com ele, suas infinitas legiões de mortos-vivos.
Olhei para minha esquerda, onde Kiran estava pronto, seu maxilar travado com determinação sombria. “Pronto para isso?” eu murmurei.
Ele não respondeu de primeira, seus olhos vasculhando a distância por qualquer sinal de movimento. “Eu nasci pronto,” ele finalmente disse, sua voz um trovão baixo. Mas eu o conhecia bem o suficiente para ver a tensão em sua postura. A tensão que crepitava pelo ar tinha até os lutadores mais experientes na ponta dos pés.
“Harald?” eu perguntei, voltando-me para olhar para o Harald do outro lado de mim.
O rosto do Harald era de determinação feroz enquanto ele segurava as rédeas de seu cavalo firmemente. “Eu esperei por este momento desde sempre, já passou da hora de terminarmos com isso de uma vez por todas!” Seus olhos faiscavam com uma mistura de raiva e expectativa, e seu cavalo bufava embaixo dele, sentindo a energia.
Eu respirei fundo, lançando um último olhar para Kiran e Harald junto com o resto de nossas tropas, até mesmo minha mãe, trajada em sua armadura. A visão dela me atingiu de um jeito que eu não estava preparado. Ela estava de pé, alta, a mesma determinação feroz em seus olhos que eu vira a vida toda, mas agora era diferente. Ela não era apenas minha mãe; ela era uma guerreira, assim como o resto de nós. Sua espada brilhava na luz fraca, seu rosto marcado por uma expressão sombria, pronta para o que estava por vir.
“Tudo bem?” Kiran perguntou, sua voz baixa enquanto ele me observava, embora seus olhos nunca deixassem o horizonte.
Eu assenti, engolindo o nó em minha garganta. “Sim. Só… tentando ter certeza de que me lembro disso.”
Ele resmungou, seus lábios esboçando o menor dos sorrisos. “Você não vai esquecer.”
Os tambores ficaram mais altos, um estável retumbar de desgraça que reverberava através da terra. Eu podia sentir as vibrações debaixo de minhas botas, sentir a mudança no ar à medida que o peso do que estava por vir pressionava todos nós. Não havia como fugir disso, não havia como se esconder atrás de muros ou esperar que alguém assumisse a liderança. Essa era nossa luta, nosso último suspiro.
Olhei para Harald, que estava ajustando as tiras de sua placa peitoral. Sua testa estava franzida em concentração, seus lábios se moviam como se em uma oração silenciosa. Eu sabia que ele esperava por esse dia há anos, sonhando com o momento em que enfrentaríamos Azar face a face. Agora que havia chegado, eu podia ver o fogo em seus olhos, mas havia algo mais também—medo. Todos nós o tínhamos, enterrado em algum lugar lá dentro.
“Lá vem eles,” Tag’arkh murmurou, sua voz baixa, firme. Seus olhos se estreitaram no vasto bloco negro que se movia ao longe.
O chão começou a tremer sob nós à medida que as forças de Azar marchavam mais perto. O céu acima escurecia, como se os próprios céus recuassem diante do que estava prestes a acontecer. Meu coração batia em meu peito, e os murmúrios de nossos homens se erguiam atrás de nós, uma corrente nervosa de vozes.
“Firme!” eu gritei por cima dos ombros, tentando manter o medo de rachar minha voz. O som de cascos batendo na terra ficava mais alto, e meu pulso acelerava no ritmo da tempestade que se aproximava.
O exército de Azar apareceu sobre o topo da colina, suas armaduras escuras reluzindo sob o céu nublado. À frente da formação, montada num imponente cavalo preto, estava Thea. Minha respiração se prendeu. Thea… o que ela estava fazendo à frente deles?
“Sério? Ele vai se esconder atrás de uma mulher agora? Covarde do caralho!” Rollin cuspiu, sua voz forte o suficiente para ser ouvida sobre o murmúrio de nossos soldados. Riso seguiu, mas era forçado, tenso. A tensão no ar era espessa, como o peso opressivo de uma tempestade prestes a estourar.
Eu não ri. Nem Kiran, nem Harald.
Não parecia que Azar estava se escondendo atrás dela, porém. Não, era muito mais do que isso. Parecia que ele estava permitindo que ela liderasse, colocando ela na frente do exército como se ela fosse sua campeã escolhida. Isso, mais do que qualquer coisa, enviou um arrepio pela minha espinha. Azar nunca deixava ninguém liderar—ele sempre estava no controle, sempre puxando as cordas. Isso era algo raro, algo deliberado.
“SILENCIO!” Tag’arkh ordenou, sua voz afiada como uma lâmina cortando os murmúrios crescentes de nossos homens. “Algo não está certo com a energia no ar.”
Olhei para ela, abaixando minha voz num sussurro. “O que você quer dizer?”
Tag’arkh não tirou os olhos de Thea, sua testa franzida, seu maxilar tenso. “A energia dela é diferente. É forte, muito forte. Eu não senti esse tipo de energia desde…” Ela interrompeu, seus olhos se arregalando como se ela tivesse acabado de perceber algo terrível.
“O quê? O que é, Tag’arkh?” A voz de Kiran estava tensa, exigindo respostas, mas Tag’arkh não respondeu. Seu silêncio me deixava mais inquieto do que qualquer coisa.
Pela primeira vez na minha vida, vi algo que nunca pensei que veria no rosto da Tag’arkh: medo.
Um silêncio pesado caiu entre nós, e eu senti o peso do medo dela se assentar em meu peito como uma pedra. Tag’arkh nunca tinha medo de nada, não em todas as batalhas que lutamos juntos. Ela sempre foi a mais feroz entre nós, sempre inabalável. Mas agora, de pé neste campo de batalha, encarando Thea e o exército atrás dela, algo a havia abalado profundamente.
Meu olhar voltou para Thea, e um nó se apertava no meu estômago. Sua presença parecia…errada. Não natural. Ela estava muito imóvel, seu corpo quase rigidamente anormal em cima de seu cavalo. O ar ao redor dela parecia vibrar, zumbindo com uma energia que eu não conseguia identificar.
E então algo estranho aconteceu. Thea sorriu. Seus lábios pintados de preto se curvaram num sorriso que enviou um calafrio pela minha espinha. Uma onda de inquietação se espalhou por nossas fileiras, e eu pude dizer que não era o único que sentia porque Tag’arkh soltou um suspiro trêmulo ao meu lado.
“Nyana!” Tag’arkh sussurrou, sua voz tremendo enquanto ela pronunciava o nome.
Essa única palavra—Nyana—era como um soco no estômago.
“O que você disse?” eu perguntei, minha voz baixa, mas Tag’arkh não respondeu. Seus olhos estavam fixos em Thea, arregalados com a realização, com o horror.
“Nyana…” A voz de Kiran veio do outro lado, confusão impregnando suas palavras. “A deusa da escuridão? Do que você está falando?”
Eu não sabia se estava mais assustado com o nome ou o fato de Tag’arkh tê-lo falado neste contexto. Nyana, o arauto da destruição, aquela cujo poder diziam que dobrava o próprio tecido da vida e da morte. Thea não poderia ser possívelmente ser—poderia ela?
“Ela não está apenas liderando-os,” Tag’arkh murmurou, sua mão segurando o cabo da sua espada tão firmemente que seus nós dos dedos se tornaram brancos. “Ela se tornou ela.”
“Como ela acordou?” Harald perguntou, e até mesmo eu podia ouvir a preocupação em sua voz.
“Esse não é o problema agora!” eu respirei, meus olhos travados em Thea—não, Nyana—diante de nós, ladeada pelo exército dos mortos-vivos.
Um poço de medo se assentou profundamente no meu estômago enquanto eu tentava envolver minha cabeça em torno do horror à nossa frente. Minha mente corria, buscando uma solução, um plano, qualquer coisa, mas não havia tempo. O exército diante de nós não era apenas carne e osso—era a própria morte encarnada, marchando com propósito implacável. E liderando-os estava Thea, seu sorriso frio ainda estendido pelo seu rosto como uma máscara da própria morte.
Sua mão se ergueu, lentamente, deliberadamente, seus dedos se curvando num comando silencioso. Eu assisti, impotente, enquanto seu braço se estendia à frente, uma ordem para carregar.
O ar mudou, e naquele instante, a quietude do campo de batalha se estilhaçou. Um grito de guerra ensurdecedor explodiu das forças dos mortos-vivos, suas vozes uma cacofonia assustadora que gelava o meu sangue. O chão tremia enquanto eles avançavam, uma onda de morte e escuridão, suas formas em decomposição movendo-se mais rápido do que qualquer coisa que ainda devesse ter vida.
“Mantenham a posição!” eu rugi, minha voz abafada pelo choque de aço e o trovão de cascos. Nossos próprios homens se preparavam, escudos se juntando enquanto nos preparávamos para o impacto, mas o medo era palpável. Como poderíamos enfrentar isso? Como poderíamos deter um exército que já não estava mais vivo?
Mas uma coisa era certa através de tudo isso, não havia como vencermos essa guerra!