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- Capítulo 556 - 556 A NÉVOA 556 A NÉVOA PONTO DE VISTA DO IVAN
556: A NÉVOA 556: A NÉVOA PONTO DE VISTA DO IVAN
Na manhã seguinte, acordamos e continuamos nossa jornada. Nenhum de nós tinha conseguido dormir profundamente. Não importava se Kiran e Rollin decidiram ficar de vigia pelo resto da noite. Essa era apenas a regra — o sono não era um luxo que podíamos nos permitir.
A escuridão que ainda se agarrava ao horizonte não era páreo para o frio que mordia nossos ossos. Meus músculos doíam pelo esforço de uma noite inquieta, mas o cansaço não era suficiente para me atrasar.
Estávamos de pé novamente no primeiro sinal de amanhecer, arrumando nossos suprimentos e montando em nossos cavalos. Cada um de nós se movia com eficiência prática, cada movimento um reflexo de anos vividos nessa vida.
O caminho à frente era áspero, o terreno implacável. Eu podia sentir a tensão no ar enquanto partíamos, uma sensação de urgência que nos mantinha alertas.
Os cavalos se moviam de forma constante, seus cascos esmagando o solo coberto de geada. A montanha parecia se aproximar a cada hora que passava, sua sombra crescendo à medida que o sol lentamente se erguia atrás de nós. O vento frio chicoteava nossos rostos, mas nenhum de nós vacilava.
Eu mantinha meus olhos à frente, o ar frio picando minhas bochechas enquanto eu observava o caminho à frente. Kiran cavalgava ao meu lado, seu rosto marcado pela determinação que sempre mostrava quando estávamos em território desconhecido.
Chegamos de repente à parte da montanha onde precisaríamos fazer uma curva íngreme e rochosa demais para os cavalos. O solo era áspero, desigual, com pedras pontiagudas se projetando em todas as direções. Os cavalos começaram a se mover inquietos sob nós, sentindo o perigo do terreno.
Puxei as rédeas, fazendo com que meu cavalo parasse, e examinei a área. O ar parecia diferente aqui, mais pesado, quase sufocante. Uma grossa neblina começou a surgir, aparentemente do nada, envolvendo a montanha em um véu cinza e frio. A visibilidade estava diminuindo a cada segundo, tornando quase impossível ver mais de alguns passos à frente.
Meu estômago se torcia de desconforto. Algo sobre esse lugar não parecia certo. Não gostei de como a neblina tinha descido tão repentinamente, como ela se agarrava à montanha como um predador à espreita.
“Vamos precisar seguir a pé daqui!” Anunciei ao grupo, ainda examinando a montanha por sinais de movimento, embora a neblina tornasse difícil. Minha voz ecoava na quietude, mas a tensão no ar permanecia densa. Eu podia sentir cada par de olhos em mim, esperando pelo próximo movimento.
“Concordo!” Kiran afirmou, sua voz cortando a neblina como uma faca. Ele se voltou para repetir minhas instruções ao resto do grupo, seu tom calmo, mas autoritário. “Desmontem e preparem-se para seguir a pé!”
Os soldados se moviam rapidamente, saltando de suas selas e prendendo os cavalos. Segui o exemplo, minhas botas esmagando o solo congelado enquanto eu desmontava. O frio se infiltrava em meus ossos, mas eu o ignorava. A missão era tudo o que importava agora.
Tag’arkh se aproximou de mim, seu respiro visível no ar frio. “Esta neblina é sobrenatural,” ela murmurou, seus olhos se estreitando enquanto olhava para a névoa que engrossava.
Eu não discordava. A neblina tinha surgido rapidamente, engrossando de uma forma que parecia… errada. Não conseguia deixar de sentir que estávamos sendo observados, que algo ou alguém tinha esperado que chegássemos exatamente a este ponto.
Rollin se aproximou de Tag’arkh, a testa franzida. “Só fique perto de mim. Eu não vou deixar nada acontecer com você.”
Tag’arkh lhe deu um olhar — uma mistura de irritação e diversão. Virei para lhe lançar o mesmo olhar, embora o meu fosse mais por preocupação com sua própria segurança.
Se fosse o caso, Rollin deveria estar buscando proteção dela, não oferecendo. Mas não disse nada. Não havia motivo. Todos nós lidamos com o medo de nossas próprias maneiras.
Em vez disso, olhei diretamente para frente, minha mão repousando no cabo da minha espada. A névoa se enrolava ao nosso redor, engrossando a cada segundo, escondendo o caminho à frente. “Não gosto do que quer que isso seja. Precisamos estar em alerta máximo.”
Rollin não respondeu, mas eu via a tensão em sua postura, como sua mão pairava perto de sua arma. Estávamos ambos pensando a mesma coisa — este era o lugar perfeito para uma emboscada. O caminho estreito e rochoso, o precipício íngreme de um lado, a neblina que esconderia qualquer coisa — ou qualquer um — à espreita nas sombras. Era o tipo de lugar onde um único passo em falso poderia custar tudo.
O silêncio pesava sobre nós enquanto avançávamos cautelosamente, o som de nossos passos abafados pela névoa. O ar frio parecia mais espesso, difícil de respirar, como se a própria montanha tentasse nos sufocar. Todos os instintos gritavam que estávamos caminhando para uma armadilha, mas não tínhamos escolha.
“Formem filas,” Kiran de repente ordenou, sua voz estável, mas carregando uma borda que eu reconhecia muito bem. Ele também sentia — a anormalidade deste lugar, o perigo iminente. Os soldados tomaram posição, suas expressões graves enquanto se preparavam para avançar. Eu podia ver a cautela em seus olhos, a mesma inquietação que roía meu estômago.
Avançamos em formação cerrada, cada um de nós hiperconsciente do solo sob nossos pés, da névoa que obscurecia nossa visão, do eco de nossas respirações no ar frio.
Eu liderava o caminho com os olhos varrendo a névoa por qualquer sinal de movimento. Kiran ficava perto de mim, seguido por Tag’arkh e Rollin.
A névoa engrossava ainda mais, reduzindo nossa visibilidade a quase nada. Era como tentar caminhar por um sonho, onde tudo estava abafado e distorcido, e nada parecia completamente real. A montanha pairava sobre nós, seus picos irregulares mal visíveis através da névoa, lançando longas sombras que dificultavam dizer onde o solo sólido terminava e o abismo começava. O caminho se tornava mais estreito, mais traiçoeiro, nos forçando a mover em fila única. Um passo errado poderia nos enviar para o abismo abaixo.
“Algo não está certo,” murmurei, mais para mim mesmo do que para qualquer outro, mas eu sabia que Kiran tinha me ouvido. Ele sempre estava sintonizado com meus humores, mesmo nos piores momentos.
“Eu também sinto,” Kiran respondeu baixinho, sua voz apertada com a mesma inquietação que se instalara em meu peito. Ele estava logo atrás de mim, suficientemente perto para que eu pudesse sentir o calor de sua presença, mesmo neste frio congelante. “Fiquem alertas.” Ele chamou para os demais.
Avançamos lentamente, cuidadosamente, cada passo deliberado e medido. A névoa parecia quase viva, enrolando ao nosso redor como tentáculos, sussurrando segredos que eu não conseguia entender completamente. Ela pregava peças nos meus sentidos, fazendo-me questionar o que era real e o que era um fantasma de minha imaginação. Cada sombra parecia uma ameaça, cada som um aviso.
Alcancei em direção à névoa, notando algo peculiar. A forma como ela girava, como se agarrava a nós — não era natural. A realização me atingiu de repente, um frio pavor se acumulando em meu estômago.
“Não é real!” Murmurei baixo, as palavras mal audíveis até para mim mesmo. Mas conforme o pensamento se cristalizava, eu falava mais alto, mais urgentemente, “Alguém está causando isso!”
Kiran surgiu ao meu lado, a testa franzida de preocupação. “O que você quer dizer? Como se alguém estivesse deliberadamente causando isso—”
Ele não terminou a frase, mas a implicação estava clara. Alguém estava manipulando a névoa, e se isso fosse verdade, então estávamos caminhando para uma armadilha cuidadosamente planejada.
Examinei a névoa novamente, desta vez com uma perspectiva diferente. Agora que eu sabia — ou pelo menos suspeitava — que a névoa não era natural, eu sabia que algo não estava certo.
Enquanto contornávamos uma curva particularmente íngreme, pensei ter visto movimento na névoa — apenas um lampejo de algo, pelo canto do olho. Eu congelei, minha mão instintivamente indo ao cabo da minha espada.
“Kiran,” sussurrei, minha voz pouco mais que um sopro.
Ele estava ao meu lado em um instante, sua própria mão em sua arma. “O que foi?”
“Pensei ter visto algo,” disse, meus olhos forçando para perfurar a névoa. Mas o que quer que fosse, havia desaparecido agora, engolido pela névoa.
Ficamos ali por um longo momento, cada músculo tenso, esperando que algo acontecesse. O silêncio se estendia, quebrado apenas pelo som de nossa respiração. Meu coração batia em meu peito, um ritmo lento e constante que ecoava em meus ouvidos. A névoa nos pressionava ao redor, espessa e sufocante, como se também estivesse esperando por algo.
“Vamos continuar—”
“Cuidado!” Rollin de repente gritou, justo quando ouvi o som — um assobio suave no ar, ficando mais alto a cada segundo.
“Escudos à frente!” Eu bradei, minha voz cortando a névoa enquanto o céu se abria e milhares de flechas começavam a chover sobre nós.