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- Capítulo 553 - 553 ALGO TERRÍVEL 553 ALGO TERRÍVEL Os mortos-vivos
553: ALGO TERRÍVEL 553: ALGO TERRÍVEL Os mortos-vivos?
As palavras ficaram suspensas no ar, arrepiantes e antinaturais. Senti um calafrio percorrer minha espinha enquanto tentava processar o que ele acabara de dizer. Os mortos-vivos? A própria ideia parecia impossível, algo saído de um pesadelo ao invés da realidade. Mas o medo nos olhos de Silas me dizia que ele acreditava em cada palavra que dizia.
Ivan permaneceu em silêncio ao meu lado, seu olhar nunca deixando Silas. Eu podia ver as engrenagens girando em sua mente, tentando fazer sentido da situação. Eu sabia que ele estava considerando as implicações, a potencial ameaça ao nosso reino se o que Silas estava dizendo fosse verdade.
“Como você encontrou esses seres?” Ivan finalmente perguntou, sua voz calma e controlada, mas havia uma tensão nela, uma exigência pela verdade.
Silas respirou fundo, suas mãos tremendo levemente enquanto falava. “Eu estava viajando com minha família quando eles de repente nos atacaram. Meu erro foi pensar que eram apenas bandidos humanos insensatos—”
Eu endureci ao ouvir suas palavras, o modo como ele cuspiu “insensatos” e “humanos” numa mesma frase. Senti um lampejo de inquietação, mas forcei-me a permanecer calma. O homem passara por algo horrível, e sua mente provavelmente ainda estava turvada pelo medo e trauma. Lancei um rápido olhar para Ivan, que permanecia estoico, sua expressão ilegível enquanto esperava que Silas continuasse.
Silas engoliu em seco, seus olhos distantes como se estivesse revivendo o pesadelo. “Eu os ataquei antes que pudessem conseguir o que queriam. Lutei com tudo o que tinha, determinado a proteger minha família.” Sua voz vacilou, e ele pausou para se recompor. “Meu erro foi pensar que tinha conseguido, pensar que eram apenas homens comuns e que eu tinha vencido. Então eu virei as costas para eles…”
Ele parou, suas palavras pairando no ar, pesadas de arrependimento. Pude ver a tensão em sua postura, o modo como suas mãos se cerravam ao seu lado como se ainda estivesse segurando o cabo de sua espada, ainda tentando afastar um inimigo invisível.
“O que aconteceu quando você virou as costas, Silas?” Ivan perguntou, sua voz suave mas firme, trazendo Silas de volta de qualquer memória sombria que o havia aprisionado.
Silas piscou, focando em Ivan como se o visse pela primeira vez. “Eles se levantaram novamente,” ele sussurrou, sua voz mal audível. “Eu os derrubei, mas eles não ficavam no chão. Eles se levantavam, seus olhos vazios, seus corpos distorcidos. Era como se a própria morte não tivesse poder sobre eles.”
Um frio percorreu minha espinha, os pelos na parte de trás de meu pescoço se eriçando. Eu tinha ouvido histórias sobre os mortos-vivos, lendas sussurradas passadas por gerações, mas nunca acreditei que fossem reais. No entanto, aqui estava Silas, diante de nós, um homem quebrado por um encontro com algo além de nossa compreensão.
“Eles me dominaram,” Silas continuou, sua voz preenchida com uma mistura de medo e vergonha. “Eu não pude salvá-los. Minha esposa, meus filhos… Eu os falhei. Eles os levaram, arrastaram-nos e mataram todos! Ao ver isso, eu… eu corri.”
Ele caiu de joelhos, seus ombros tremendo com o peso de sua culpa. “Eu corri, Vossas Majestades, porque fui um covarde. Corri para me salvar, e agora eles estão mortos, eu os falhei!”
Senti um nó se formar em minha garganta, meu coração doendo por esse homem que havia perdido tudo. Eu queria alcançar, oferecer algum tipo de consolo, mas permaneci imóvel, sabendo que palavras seriam vazias diante de tanta tristeza.
Ivan se inclinou para frente, seu olhar fixo em Silas. “Você não é um covarde, Silas,” ele disse, sua voz firme. “Você lutou para proteger sua família, e veio até aqui para nos alertar. Isso requer coragem.”
Silas olhou para cima, seus olhos cheios de lágrimas. “Mas de que adianta a coragem se ela não pode salvar aqueles que você ama?”
Senti meus próprios olhos arderem com lágrimas não derramadas, a profundidade de sua dor cortando-me como uma faca. Ivan estava certo—Silas não era um covarde. Ele enfrentara algo inimaginável, algo que desafiava toda a razão, e ele havia sobrevivido.
Mas sua tristeza… era avassaladora. Preenchia todo o ambiente, uma presença sufocante que parecia se infiltrar nas próprias paredes da sala do trono. Eu podia senti-la de onde estava sentada, o peso de sua dor pressionando contra meu peito, tornando difícil respirar. Sabia que não era só eu. Todo o tribunal estava silencioso, cada rosto gravado com uma mistura de piedade e medo enquanto absorviam a emoção crua que emanava desse homem quebrado.
As pessoas do tribunal, geralmente tão elegantes e compostas, se mexiam desconfortavelmente em seus assentos, suas expressões inquietas. Vi uma mulher limpar os olhos com um lenço, enquanto um homem ao lado dela cerrava os punhos, seus nós dos dedos brancos. Mesmo os guardas, que ficavam estoicamente nas bordas da sala, não conseguiam esconder a tensão que se assentara sobre eles.
Era hora de encerrar esta reunião para que possamos abordar essa questão em particular sem causar mais medo no tribunal.
“Ivan?” eu respirei, alcançando para apertar firmemente sua mão.
Ivan virou-se para olhar para mim, dando uma leve apertada em minha mão antes de voltar a olhar para Silas.
“Sinto muito por sua perda,” Ivan começou, sua voz carregando o tipo de autoridade que poderia acalmar uma tempestade. O tribunal parecia se acalmar com suas palavras, pendurado na promessa que elas carregavam. “Mas fique tranquilo, este assunto será investigado, e as mortes de sua família serão vingadas.”
O rosto de Silas se desfez nessas palavras, uma mistura de alívio e tristeza passando por suas feições. Ele se curvou profundamente, suas mãos trêmulas agarrando seu manto esfarrapado, como se tentando se manter inteiro. A sala estava silenciosa, cada respiração suspensa na antecipação do que viria a seguir.
Ivan levantou do trono, sinalizando o fim dos procedimentos formais. Os cortesãos, que estavam tensos desde o início da narrativa de Silas, seguiram o exemplo, seus movimentos lentos e incertos. O medo havia se infiltrado no ambiente, e embora as palavras de Ivan tivessem feito muito para contê-lo, a inquietação permanecia como uma sombra.
“Vamos nos reunir com o conselho em breve,” Ivan anunciou, seu tom não deixando espaço para argumentos. “Este assunto requer atenção imediata, e não descansaremos até que a justiça seja feita.”
O tribunal começou a se dispersar, os murmúrios de preocupação ainda audíveis enquanto se dirigiam para fora da sala do trono. Eu podia ver a preocupação gravada em seus rostos, as perguntas que eles tinham medo de verbalizar. Eles precisavam ver força de nós, acreditar que tínhamos tudo sob controle, mesmo que a verdade fosse muito mais complicada.
À medida que os últimos cortesãos saíam, deixando o resto de nós em relativa solitude, senti a tensão em meu próprio corpo começar a se desfazer, mas apenas ligeiramente. Ainda tínhamos um longo caminho pela frente, e eu não tinha certeza do que nos aguardava do outro lado.
“Um exército de mortos-vivos? Bem, eu pensei que já tinha ouvido de tudo!” Kiran comentou secamente, sua voz cortando a atmosfera tensa que havia se instalado sobre a sala do trono.
Tag’arkh, que estava andando perto das grandes janelas, arqueou uma sobrancelha para nós, o ceticismo estampado em seu rosto. “Espere, vocês não estão realmente acreditando nele, estão?”
“Você não?” eu retorqui, meu tom mais áspero do que pretendia. Eu ainda estava abalada pela história de Silas, os detalhes vívidos demais para serem facilmente descartados.
Tag’arkh debochou, cruzando os braços sobre o peito. “Não sei, algo sobre toda essa história simplesmente não me convence. Parece que ele estava…”
“Escondendo algo,” Ivan completou por ela, sua voz baixa e pensativa. Virei-me para olhá-lo, encontrando seu olhar intenso. Havia algo em seus olhos, um brilho de entendimento que me enviou um calafrio pela espinha. “O que significa que temos que agir rapidamente.”
“Concordo,” eu disse, aproximando-me dele, meu coração batendo forte no peito. “O que fazemos?”
“Kiran e eu partiremos amanhã cedo e seguiremos a rota que Silas e sua família tomaram,” Ivan começou, suas palavras deliberadas.
“Whoa, whoa, whoa,” eu interrompi, meu pulso acelerando. “Como assim você e Kiran?”
Dahlia, que estava observando calmamente de seu assento, fez um gesto de desaprovação. “Você não silencia um rei quando ele fala, Arianne.”
Como se eu me importasse com isso agora, pensei, contendo por pouco o ímpeto de revirar os olhos.
Eu encarei Ivan, o homem que eu amava, o homem que estava propondo caminhar diretamente para o perigo. “O que você quer dizer, Ivan?”
Ivan respirou fundo, sua expressão séria enquanto se virava para enfrentar-me completamente. “Eu tenho que ir verificar isso pessoalmente com Kiran, Arianne.”
“Eu vou com você,” eu declarei.
“Não, você não vai!” Ivan me cortou, seu tom firme e intransigente. “Você precisa ficar e governar o reino, e por favor, não discuta comigo sobre isso, Arianne,” ele acrescentou, cortando-me antes que eu pudesse abrir a boca para protestar.
“Nós estamos apenas indo verificar,” ele continuou, sua voz suavizando enquanto tentava me tranquilizar. “Isso não significa nada, e não vamos nos envolver. Então, por favor, não se preocupe.”
Como se isso fosse possível! Como eu poderia não me preocupar quando ele estava planejando confrontar algo com um nome tão terrível — um nome que eu desesperadamente esperava não ser real?
“Eu prometo, ficaremos bem,” Ivan afirmou novamente, sua mão alcançando para apertar gentilmente a minha.
Eu soltei um suspiro resignado, sabendo lá no fundo que discutir mais não me levaria a lugar nenhum. “Quando vocês partirão?”
“Partimos ao amanhecer,” Ivan disse, olhando para Kiran, que assentiu em concordância. “E estaremos de volta antes que você perceba,” ele acrescentou com um pequeno sorriso, um que tentei retribuir, mas o nó de temor no meu estômago se recusava a se dissipar!