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537: QUEDA EM DESGRAÇA 537: QUEDA EM DESGRAÇA PONTO DE VISTA DE RAVENNA
— Não, não, não, por favor! — Murmurei a palavra em desespero, minha voz mal passava de um sussurro enquanto tentava me agarrar aos últimos farrapos da minha magia falhando.
— Vamos, vamos! — Insisti ao sussurrar para a luz que supostamente me conectava à Arianne, quase podia alcançá-la, quase, se minha magia aguentasse por tempo suficiente. Mas não adiantava. Com um grito de frustração, me joguei contra a parede fria de pedra da masmorra, lágrimas se acumulando nos cantos dos meus olhos.
A única pessoa que pensei que iria me ajudar me descartou. Minha magia se abriu o suficiente para eu alcançar Arianne e se ela apenas tivesse aguçado seus sentidos poderia ter me encontrado, mas ela não o fez. Minha magia também não foi forte o suficiente para conectá-la a mim.
Sentia-me cada vez mais fraca com cada momento que passava na escuridão úmida da masmorra. Azar, aquele bastardo cruel, deixou claro que eu deveria ser privada de comida e água como punição pela minha desobediência. A falta de comida era suportável, mas a ausência de água estava lentamente me drenando as forças.
Já faziam três longos dias desde que provei água pela última vez e meu desespero alcançava novos patamares. Minha garganta parecia árida, meus lábios rachados e secos. Sabia que não poderia sobreviver muito mais tempo sem água para me sustentar.
Enquanto jazia no frio chão de pedra, minha mente turva de sede, avistei uma pequena gota de água brilhando em uma mancha de mofo na parede. Sem hesitar, rastejei em direção a ela, meus movimentos lentos e trêmulos.
Estendi uma mão trêmula e consegui recolher a preciosa gota de água com meu dedo. Levando-a aos lábios, hesitei por um momento antes de finalmente lamber. O gosto era mofado e repugnante, mas era a coisa mais doce que já tinha experimentado.
A mísera gota fez pouco para saciar minha sede, mas deu-me um vislumbre de esperança. Se eu pudesse encontrar até a menor fonte de água neste lugar miserável, talvez pudesse sobreviver um pouco mais.
Com determinação renovada, comecei a vasculhar cada canto e recanto da masmorra, desesperada para encontrar até o menor fio de água que me sustentasse. Azar pode ter pensado que ele poderia me quebrar com sua crueldade, mas eu me recusava a desistir. Eu lutaria para sobreviver, não importa o custo.
Precisava apenas reunir minhas forças, permitir-me recuperar minha magia e tentar alcançar Arianne novamente.
Uma voz ecoou pelas frias paredes de pedra, zombando de mim com suas cruéis palavras.
— Que patética — ela zombou, mandando um calafrio pela minha espinha.
Engoli em seco e lentamente virei para ver uma mulher de pé diante de mim. — Olá Thea! — Cumprimentei com expressão endurecida.
— Ravenna! — Ela me cumprimentou com um sorriso irônico.
Thea havia mudado, em vez do traje comum de empregada, estava vestida com um vestido justo, seu rosto adornado com maquiagem que parecia deslocada nessa masmorra escura e sombria.
Dei uma risada incrédula, — Vejo que sou sua substituta então.
O sorriso de Thea se alargou, — Mais como uma versão aprimorada.
Claro! Pensei comigo mesma, — O que você está fazendo aqui? — Consegui articular, minha voz mal chegava a um sussurro.
O sorriso de Thea se ampliou ao se aproximar de mim. — Oh, só dando uma olhada em uma velha amiga — respondeu ela, seu tom gotejante de sarcasmo. — É uma pena te ver assim, sozinha e quebrada. Parece que esta é a sua queda da graça.
Uma onda de raiva cresceu dentro de mim. Como ela se atreve a vir aqui e me provocar no meu momento de fraqueza? Mas eu sabia melhor do que mostrar qualquer sinal de fraqueza na frente dela. Endireitei as costas e encarei seu olhar com uma resolução de aço.
— Eu posso estar caída agora, mas me erguerei novamente — declarei, minha voz firme e inabalável, — Então se eu fosse você, eu me preocuparia com a maneira como você fala comigo!
— Ah por favor, o que você pode fazer? Tudo que está fazendo é apenas fazer ameaças vazias, e aliás como diabos você conseguiu engravidar? — Thea perguntou com desdém, — Quero dizer, eu sabia que você era uma vadia, mas pensei que pelo menos seria cuidadosa!
Eu estava ali, fervendo de raiva enquanto Thea sorria ironicamente para mim com seu sorriso falso.
Desejei naquele momento que ainda tivesse meus poderes mágicos, a habilidade de derrubá-la com um único pensamento.
Thea sempre fora falsa, fingindo ser agradável e doce. E agora, aqui estava ela, se deleitando com minha humilhação. Cerrei os punhos, sentindo a familiar onda de poder que costumava fluir através de mim quando lançava feitiços.
Mas eu estava fraca por não comer e por usar o último de minha força para invocar Arianne. Senti uma pontada de arrependimento por baixar a guarda, por permitir que Azar me visse assim e descobrisse meu segredo.
— Oh, como os poderosos caíram! — Thea afirmou e levantei meu olhar para encará-la.
Sorri devagar, — Oh querida Thea, você realmente não deveria falar assim. Posso estar em um calabouço, mas parece que você esqueceu que ainda tenho minha magia comigo. Fraca ou não, ainda posso conseguir lançar uma maldição em você, uma que garanta sua queda mais rápida do que espera.
Thea deve ter visto algo no meu rosto, pois seu sorriso vacilou por um momento, um lampejo de incerteza cruzando suas feições. Mas tão rapidamente quanto veio, foi substituído por um olhar de desprezo.
— Boa sorte com isso — ela zombou, girando sobre os calcanhares e se afastando, sua risada ecoando pela masmorra.
Eu a observei ir embora, um fogo ardendo dentro de mim. Posso estar caída agora, mas me recuso a ficar assim. Com uma determinação recém-descoberta, decidi praticar minha magia e usá-la para convocar Arianne, mesmo que isso possa me matar!
***
PONTO DE VISTA DE ARIANNE
Eu caminhava pelo longo corredor pouco iluminado do castelo, as altas paredes de pedra fria se erguendo acima de mim. As tochas fixadas nas paredes cintilavam, lançando sombras sinistras que dançavam ao meu redor. Parei nos meus passos, um arrepio me percorrendo enquanto me virava para olhar as chamas oscilantes. Mas assim que me virei, as tochas cessaram sua dança, deixando-me novamente em silêncio.
Balancei a cabeça, tentando dissipar a inquietação que se assentara em meu peito. Continuei pelo caminho, meus passos ecoando no corredor vazio. Mas então, as luzes cintilaram novamente, desta vez mais agressivamente. Franzi a testa, sentindo um pressentimento de infortúnio sobre mim. O que estava causando este fenômeno estranho?
Antes que eu pudesse investigar mais, ouvi passos se aproximando por trás.
Virei-me para ver Ivan, sua expressão preocupada refletindo a minha. — O que houve, meu amor? — ele perguntou, sua voz preenchida de preocupação.
Apontei para as tochas na parede que estranhamente pararam de cintilar. — Eu pensei… elas estavam… — Não tinha palavras enquanto esperava na esperança de que continuassem com sua oscilação, mas nada disso aconteceu.
Ivan se aproximou de mim com uma nota de preocupação em sua voz. — Arianne, o que está errado? Você está agindo estranhamente desde a manhã.
Tenho, não é? Pensei comigo mesma. Não conseguia afastar a sensação de que agia estranhamente ultimamente. Uma sensação de inquietação se assentou em minha mente, fazendo-me questionar meus próprios pensamentos e ações. Encarei Ivan, percebendo ainda a espera de uma resposta minha.
— Não é nada — disse com um sorriso forçado quando ele me olhou, preocupação marcada em seu rosto. Mas Ivan não estava convencido.
— Tem certeza, meu amor? — ele perguntou, seus olhos buscam a verdade nos meus.
Hesitei por um momento, ponderando se deveria confiar nele sobre as dúvidas persistentes que me atormentavam. Não porque não confiava nele, mas porque ainda achava tudo muito estranho e poderia estar apenas na minha cabeça.
Balancei a cabeça com um sorriso no rosto. — Claro, estou provavelmente ainda preocupada com os gêmeos.
Ivan então sorriu para mim quando se aproximou, depositando um beijo em minha têmpora.
— Tenho algo para tirar sua mente das preocupações — disse ele, com um toque de excitação em sua voz. Antes que eu pudesse responder, ele estendeu a mão e segurou a minha, seu toque quente e reconfortante.
— Ah é, o que é? — perguntei olhando para ele.
— Não se preocupe, você verá — disse Ivan enquanto apertava minhas mãos com firmeza.
Mas assim que sua mão tocou a minha, uma estranha sensação me envolveu. Era como se alguém estivesse chamando meu nome de longe, uma voz ao mesmo tempo familiar e desconhecida.
— Arianne!
Minha visão embaçou, o mundo girando ao meu redor, e antes que percebesse, a escuridão me consumiu enquanto eu desmaiava nos braços de Ivan, inconsciente.