SEU PAR ESCOLHIDO - Capítulo 508

508: O CARMA DELA 508: O CARMA DELA PONTO DE VISTA DE RAVENNA
Arrastei-me de volta ao castelo sombrio, meu corpo doendo de exaustão e minha garganta áspera com o gosto de sangue seco. Ao entrar no meu quarto, desabei contra a parede fria de pedra, ofegante por ar. A magia que usei para selar a passagem que a deusa da escuridão usava para manter Arianne cativa, tinha cobrado seu preço de mim, mas era um sacrifício que eu estava disposta a fazer para manter Arianne segura.

O feitiço que performei era antigo e poderoso, repleto de magia negra e, como toda magia negra, também exigia um preço. Neste caso, exigia minha vida. Esse era o custo para proteger Arianne, aquela que parecia destinada a acabar com o caos que nos cercava.

Encostada na fria parede de pedra, senti uma onda de fraqueza me dominar, meu corpo tremia com o esforço da magia que havia utilizado. A cada ataque de tosse, podia sentir o gosto metálico de sangue na minha boca, um lembrete pungente do preço que eu estava pagando por minhas ações.

Mas, apesar da dor e do medo que me roía, eu sabia que valia a pena. Arianne era nossa única esperança, a única que poderia acabar com a escuridão que ameaçava nos consumir a todos. E se sacrificar minha própria vida era o preço para garantir sua segurança, então eu pagaria com prazer.

Ao retirar minha mão da boca, vi o sangue seco manchando minha pele, um lembrete cru do caminho sombrio que eu havia escolhido. Mas naquele momento, tudo o que importava era Arianne e a esperança que ela carregava consigo, e também a vida que eu carregava dentro de mim.

Olhei para meu ventre protuberante, que chegaria a qualquer momento, razão pela qual eu estava desesperada mais cedo hoje. Quando salvei Arianne de Azar e a ajudei a escapar, senti algo dentro de mim que pensei estar morto.

Esperança! Algo que eu não sentia há muito tempo. Mas isso foi esmagado hoje, quando fui rejeitada. Arianne teve que ficar lá enquanto seus amigos me expulsavam como se não estivessem desesperados há poucos momentos atrás.

Senti raiva, dor, mas não era como se eu pudesse culpá-los. Estranhamente, eu os entendia. Eu havia feito coisas indizíveis a eles, causado dor inúmeras vezes e também trazido muitas mortes para eles. Então, na verdade, não os culpo por se recusarem a me ajudar.

Talvez isso seja, meu karma! Pensei comigo mesma enquanto entrava em mais um ataque de tosse. Estava prestes a descansar quando ouvi uma batida forte na minha porta.

Oh não! Pensei comigo mesma enquanto instantaneamente agarrava alguns panos que havia colocado na minha penteadeira e comecei a enrolá-los em volta do meu ventre. O processo foi doloroso pois meu corpo ainda doía por causa da minha magia, mas consegui.

A batida soou novamente e a ignorei enquanto vestia meu roupão. Olhei-me no espelho e fiz alguns retoques. Escondendo minhas olheiras com pó e realçando minhas maçãs do rosto antes de arrumar meu cabelo. Caminhei em direção à porta, abrindo-a justo quando o guarda levantou a mão para bater novamente.

“O que é?” perguntei em tom entediado.

O guarda se curvou levemente quando me viu. “Desculpe, mas o senhor das trevas pediu por você.” Ele anunciou, “Ele está em um de seus humores.”

Claro que está, ele não pode simplesmente morrer de uma vez? “Já estou indo.” Anunciei.

“Claro, mas você tem que cor_”
Eu fechei a porta na cara do pobre guarda antes que ele pudesse terminar a frase. Apoiei-me na parede, fechando os olhos, sussurrei uma prece silenciosa pela minha segurança, pela força para continuar, pois não tinha ideia de quanto tempo mais aguentaria e algo me dizia que meu tempo estava se esgotando.

***
PONTO DE VISTA DE ARIANNE
“Você não pode estar falando sério!” Eu disse assim que Ravenna partiu.

Levantei-me do meu assento e virei para encarar meus amigos que todos pareciam entediados e cansados. Eles todos pareciam indiferentes como se não se importassem.

“O que foi agora?” Ivan suspirou cansado enquanto esfregava os olhos.

Ele estava realmente me perguntando isso? Eu respirei fundo com incredulidade. “Desde quando recusamos ajudar os necessitados?”

“Os necessitados, espera aí, estou perdendo algo aqui?” Tag’arkh perguntou, olhando ao redor em descrença. “Essa é a mesma pessoa que não hesitaria em se livrar de você desde que a mantenha segura e você está sugerindo que a ajudemos? Você se esqueceu do que ela nos fez, do que ela fez com você?” Tag’arkh gritou para mim como se esperasse que eu entendesse.

Eu debochei dela. “Claro que não me esqueci, mas ela acabou de salvar minha vida.”

“Mas e se ela fez isso para tirá-la novamente?”

“O que foi isso?” Perguntei enquanto encarava meu marido, seus olhos cansados fixos em mim com uma mistura de tristeza e resignação. Suas palavras pesavam no ar, uma pergunta que se sentia como uma adaga no meu coração.

“E se ela salvou sua vida para acabar com ela novamente?” Ele perguntou cansado, sua voz mal acima de um sussurro.

Senti um nó se formar no meu estômago enquanto tentava entender suas palavras. Compreendo por que ele me perguntaria isso, por que ele pensaria dessa maneira. Na verdade, agora entendo como todos eles se sentiam, eles estavam assustados de me perder novamente.

Suspirei enquanto minha expressão se suavizava. “Eu entendo como vocês estão se sentindo.”

“Entende?” Ivan me perguntou.

Ok, agora estou um pouco magoada que ele me pergunte isso, mas mesmo assim acenei com a cabeça. “Sim, eu entendo!”

“Então, como você pode realmente me pedir para ajudá-la?”

“Porque ela me salvou, acredite ou não, Ravenna mudou e odeio admitir isso, mas ela realmente mudou.” Eu disse, meu tom ficando desesperado.

Ivan apenas riu sombriamente para mim. “Ela não entende. Ela ainda não entende.”

“Então me faça entender!” Eu gritei para ele, incapaz de aguentar mais. “Porque eu não entendo o que você está falando e por que você não gostaria de ajudar.”

“VOCÊ NÃO ESTAVA AQUI!” Ivan de repente gritou, me assustando. Ivan se levantou e soltou uma risada de escárnio. Pude sentir sua frustração através da nossa ligação enquanto passava a mão pelos cabelos. “Você sabe, Arianne, você sempre parece tomar decisões sem me consultar primeiro, sem perguntar se vou ficar bem com isso, você apenas vai em frente e faz o que quer desde que lhe convenha! Você espera que eu siga cada uma de suas demandas!”

Pisquei para segurar as lágrimas enquanto olhava para meu marido, sentindo uma mistura de raiva e tristeza dentro de mim. “Isso não é verdade!” Eu disse, minha voz tremendo de emoção. Mas ele apenas debochou de mim, sua expressão dura e implacável.

“Você está fazendo a mesma coisa,” ele retrucou, suas palavras como uma faca cortando-me. Senti uma onda de frustração com sua recusa em ver as coisas da minha perspectiva, sua relutância em reconhecer meus sentimentos.

“Ah, não ouse fazer disso sobre você!” Eu rosnei para ele.

Ivan se virou para me olhar. “Mas é sobre mim, não apenas sobre mim, é sobre todos nós!” Ele gritou para mim, “Você quer que eu salve a pessoa que te tirou de nós e que constantemente não trouxe nada além de dor e mortes! Você já se esqueceu? Quão machucada você ficou, pelo amor de Deus, Arianne! Freya morreu! Ela morreu em meus braços, Harald teve que assistir sua esposa morrer com sua filha ainda não nascida! Eu quase perdi um irmão para a loucura! Repetidamente e tudo por causa dessa mesma pessoa que você está pedindo para salvarmos?”

“Ela não tinha escolha!”

“Sim, mas essa é a questão, você sempre tem uma escolha!” Ivan afirmou.

Eu acenei com a cabeça para ele, “É o que você pensa? Que é tão simples assim? Porque não é! Você está dizendo que eu não estava aqui, mas você também não estava! Ravenna foi a única amiga que tive quando perdi minha memória, ela pode parecer dura, mas ela me protegia, eu não tinha ninguém lá! Todos me consideravam incompetente, mas Ravenna não, ela me ajudou. Houve momentos em que eu não conseguia respirar, onde as memórias que eu tinha enterrado lutavam para vir à minha mente e me levavam ao ponto de insanidade, Ravenna estava lá todas as vezes para me acalmar. Ela estava sempre lá para me proteger da brutalidade de Azar sabendo o custo.