SEU PAR ESCOLHIDO - Capítulo 144

144: MEMÓRIAS ARDENTES 144: MEMÓRIAS ARDENTES PONTO DE VISTA DE IVAN
Nunca vou esquecer a expressão e a dor no rosto da Arianne quando a ataquei. Contemplei o rosto adormecido da Arianne em meus braços. Ela vai me odiar quando acordar! Pensei comigo mesmo enquanto afastava mechas úmidas de cabelo do rosto dela. Entendi como ela estava se sentindo. Ela estava assustada pelos filhos, também se sentiu traída pelo pai de merda. Mas ela estar desse jeito não ia ajudar nem a ela nem aos nossos gêmeos.

 
Não posso acreditar que fui tão estúpido! Estúpido o suficiente para deixar meus filhos serem sequestrados debaixo do meu teto pelo pai da Arianne. Já que ele era o pai da rainha e estava presente na cerimônia de nomes, ninguém pensaria em questioná-lo ou impedi-lo quando vissem os gêmeos em seus braços. Provavelmente assumiram que ele estava brincando com os netos.

 
Eu carregava Arianne em meus braços. Usando o meu corpo para protegê-la da chuva tanto quanto possível, levei-a de volta para dentro do castelo, de volta ao nosso quarto. Meus amigos todos me lançaram olhares de simpatia enquanto eu deitava Arianne na cama. Um gemido suave escapou dos lábios dela quando a cabeça tocou o travesseiro.

Sentei ao lado dela enquanto acariciava suavemente suas bochechas com meus nós dos dedos.

 
“Sinceramente, não consigo imaginar pelo que ela deve estar passando.” Freya falou.

 
Um suspiro escapou dos lábios de Kiran antes que ele falasse. “O que fazemos agora?”

 
“Uma vez que a tempestade tenha passado, iremos para a cidade da Arianne e procuraremos por Massimo.” Ordenei, ainda olhando para o rosto adormecido de Arianne.

 
“E quando você o encontrar, o que vai fazer? O que acontecerá com ele?”

 
Esta pergunta veio de Irene, a mãe da Arianne. Virei-me para olhar para ela, “Morte!” Eu respondi e ela assentiu com a cabeça, mas não antes que eu pudesse perceber um calafrio percorrer seu corpo. Por medo ou alívio, eu não poderia dizer e também não me importava. Levantei-me da cama e saí do quarto enquanto Harald e Kiran me seguiam.

 
“Você estava mesmo falando sério sobre o que disse lá dentro?” Kiran perguntou.

 
Respondi sem olhar para ele. “Sério sobre o quê?”

 
“Você sabe, aquela coisa que você disse sobre morte?” Kiran me perguntou.

 
Parei antes de me virar para olhar meu irmão. “Sim Kiran, estou falando sério.”

 
Os olhos de Kiran se arregalaram em descrença e ele trocou um olhar com Harald, que levantou uma sobrancelha.

Revirei os olhos para os dois. “O que foi?”

 
“Bem, é só que, ele é o pai da Arianne.” Kiran apontou.

 
Voltei a retomar minha caminhada. “Acho que é seguro dizer que ele perdeu esse título no momento em que roubou o que era meu!”

 
“Bem, droga.” Ouvi Harald dizer, mas dessa vez não me dei ao trabalho de responder.

 
Era cerca de meia-noite quando a tempestade passou. Eu, Kiran e Harald saímos do castelo em nossos cavalos. A cavalgada nos levou duas horas até finalmente chegarmos à cidade. Assim que as pessoas nos viram, fecharam suas janelas, algumas delas correram para buscar abrigo para se protegerem.

 
Como se um bando de portas de madeira pudesse protegê-los de nós! Pensei comigo mesmo, balançando a cabeça diante de seus comportamentos. Eu não estava aqui por eles mesmo!

 
“Corram, corram, corram humanos, os grandes lobos maus estão aqui!” Harald zombou e soltou um assobio sinistro.

 
Mais portas e janelas se fecharam ao som da voz de Harald. Revirei os olhos para ele, juro que o homem secretamente se excita com o medo humano.

Harald jogou a cabeça para trás e soltou uma risada rouca. “Isso me pega todas as vezes.”

 
“Só não tente fugir desta vez quando as coisas ficarem difíceis.” Kiran provocou ele.

 
Um sorriso se formou em meus lábios quando ouvi Harald resmungar alto.

 
“Pelo amor dos deuses, foi só aquela vez.” Harald tentou se defender como de costume. “Além disso, eu era só um garoto naquele tempo e você também fugiu!”

 
“Ao menos fugi para buscar ajuda, você fez isso para salvar a própria pele.” Kiran acusou.

 
Harald bufou. “Pois bem, tanto faz! Eu era uma criança naquela época, mas agora, sou um homem e não vou hesitar em derrubar qualquer coisa que se ponha em meu caminho.” Ele rosnou com um olhar mortal no rosto e eu acreditei nele.

 
Harald era forte, eu não ia negar isso. Para ser honesto, eu estava feliz por ele estar conosco, porque a alcateia realmente poderia usar sua força. Mas eu morderia minha própria língua e me engasgaria com meu próprio sangue antes de admitir isso.

 
Finalmente chegamos à Mansão Fernandez, mas eu duvidava que alguém estivesse lá dentro. Porque todas as luzes estavam apagadas e o lugar parecia vazio.

 
“Eu não ouço nenhum batimento cardíaco, Ivan.” Kiran observou.

 
“É, eu também não.” Harald concordou. “Eu não acho que haja alguém aqui.”

 
Eu vasculhei toda a área com uma expressão tensa no rosto. Eles estavam certos, não havia ninguém aqui. O bastardo já havia decolado, o que foi uma jogada inteligente, porque se eu o encontrasse, seu sangue estaria escorrendo das pontas dos meus dedos.

 
Desmontei do meu cavalo. “Vamos vasculhar a casa em busca de pistas.”

 
Eu caminhei até lá, chutando o portão da cerca para abrir. Então subi as escadas e chutei a porta que imediatamente voou de suas dobradiças. Pisei para dentro examinando todo o lugar. Os móveis estavam fora de lugar e alguns estavam virados, o que me dizia que eles haviam deixado o local às pressas.

 
Meu olhar subiu as escadas para onde ficava o quarto deles. Trocando olhares entre Harald e Kiran, nós acenamos com a cabeça em concordância mútua. Subimos as escadas e o primeiro quarto que comecei foi o quarto de casal.

 
Tudo estava exatamente como estava embaixo. Eles fizeram as malas com pressa. As gavetas estavam fora do lugar, o guarda-roupa estava aberto com vestidos saindo dele. Respirei fundo e com certeza pude perceber o cheiro de Massimo e, embora fosse fraco, era a prova de que ele esteve aqui. Pude perceber o cheiro dos meus filhos. Parecia tão deslocado no mundo mundano.

 
Caminhei pelo quarto, procurando pistas faltantes que poderiam dizer onde eles estavam, mas nada. Odeio admitir, mas Massimo foi muito cuidadoso! Pensei comigo mesmo enquanto arrastava minha adaga pela cômoda. Eu estava prestes a sair quando algo chamou minha atenção.

 
Era um pedaço de madeira com desenhos dourados ao redor. Era a única coisa que não foi tocada na cômoda. Com curiosidade, alcancei e peguei, apenas para descobrir que era uma moldura. Virei-a e vi que se tratava de uma pintura antiga da família.

 
Massimo estava sentado em uma cadeira olhando diretamente para o artista. Christine sentou-se ao lado dele, olhando para o artista com uma expressão régia no rosto, como se ela sorrisse, seu rosto se dividiria ao meio. O que eu definitivamente acreditava que aconteceria devido à quantidade de maquiagem em seu rosto.

 
Revirando os olhos para ela, meu olhar passou para a filha dela, Rissa. Ela era muito bonita. Ela sorria amplamente para o artista, seus cabelos dourados brilhando como uma auréola ao redor dela e seus olhos azuis brilhando enquanto seus lábios vermelhos e carnudos formavam um sorriso, mostrando um conjunto branco de dentes perfeitos. Se eu não tivesse visto do que ela era capaz com meus próprios olhos, eu teria pensado que ela tinha uma alma bela, mas ela era tão podre quanto sua mãe.

 
A pintura era de uma família perfeita. Mas entre a família perfeita, uma delas se destacava completamente. Uma menina com olhos de cores diferentes. Embora ela parecesse mais nova aqui, provavelmente com uns dezesseis anos, eu ainda podia reconhecê-la. Seu cabelo vermelho estava escondido sob um grosso lenço escuro. Ela usava um vestido escuro que era a coisa mais feia que eu já vi e também anulava sua figura.

 
A maneira como ela estava vestida era quase como se ela devesse se misturar nas sombras. Um pequeno sorriso adornava seus lábios enquanto ela ficava atrás de seu pai com as mãos entrelaçadas à sua frente. Embora ela estivesse dando um sorriso para o artista, não havia como esconder a tristeza em seus olhos.

 
Eu gentilmente tracei a pintura com meus dedos, desejando poder apagar a tristeza em seus olhos de cores diferentes. Desejando poder voltar no tempo e colocar um sorriso de volta em seu rosto. Tracei o sorriso em seus lábios ainda olhando para a pintura quando a porta se abriu e Kiran e Harald entraram.

 
“Encontramos algo!” Harald anunciou.

 
Eu joguei a moldura de volta na cômoda enquanto atravessava o quarto. “O que vocês encontraram?”

 
“Passagens de barco!” Kiran segurou um pedaço de papel.

 
Estiquei a mão para pegar o papel enquanto o olhava. O bilhete tinha o nome de outro reino. Eu soltei uma risada quando descobri que eles estavam tentando se mudar para longe. O barco também estava programado para partir amanhã de manhã.

 
“Onde você encontrou isso?” Eu perguntei.

 
“Dentro da calça do Thomas.” Kiran respondeu.

 
Harald riu incredulamente. “Dá para acreditar no idiota?”

 
Eu acenei com a cabeça para Kiran. “Bom trabalho.” Elogiei, “Certo, vamos embora!”

 
Eu ordenei e todos nós saímos da mansão mas antes de cavalgarmos para o porto, eu fiz questão de incendiar toda a mansão! Eu sei que fazer isso não seria suficiente para apagar as memórias dolorosas de Arianne mas era satisfatório assistir a casa explodir em chamas!