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Capítulo 366: Uma confissão
Quando Jiang Yue entrou na sala, a porta rangeu suavemente, mal perturbando o silêncio que pairava no ar como poeira ao sol. O cheiro de velho jacarandá pairava levemente—móveis polidos por décadas—e o calor do fim da tarde filtrava-se através das cortinas meio fechadas, lançando longos e sonolentos raios pelo chão de madeira. Tudo parecia pausado. Preso em âmbar.
Na extremidade da sala, apoiada em uma pilha de almofadas bordadas e gastas, sentava-se a Velha Senhora Luo. Sua postura, como sempre, era de realeza sem esforço—coluna reta, mãos cruzadas sobre uma manta de veludo, seus olhos penetrantes brilhando como pederneira sob o cabelo prateado enrolado em um coque elegante. Ela estava parada. Mas ela não estava se apagando. Ainda não.
No momento em que Jiang Yue cruzou o limiar, aqueles olhos se fixaram nela.
“Aí está você,” a velha mulher disse secamente, sua voz baixa e com uma ponta de calor. “Demorou bastante. Comecei a achar que você tinha esquecido que esse velho relicário existia.”
Os passos de Jiang Yue eram leves, sua presença silenciosa—como o vento deslizando sob uma porta fechada. Ela baixou a cabeça educadamente. “Madam Anciã,” ela disse, a voz uniforme, com uma nitidez contida.
Uma única sobrancelha se ergueu. “Ainda me chamando assim?”
Jiang Yue não respondeu, não mordeu a isca. Seu olhar desviou de lado, para os livros empilhados ordenadamente ao lado da cama, para a borda de chá deixada esfriando em uma bandeja laqueada. Ela moveu uma cadeira mais para perto e sentou-se, cuidadosa e composta. A distância entre elas—criada por anos e coisas não ditas—permaneceu, mas já não era um abismo. Apenas um espaço.
A Velha Senhora Luo não pressionou. Em vez disso, estendeu a mão, colocando uma mão fina e veada sobre a de Jiang Yue com surpreendente calor. Sua pele, desgastada e fina, pulsava levemente com vida. Uma confirmação silenciosa: Eu ainda estou aqui. Você ainda é minha.
“Você esteve estudando?” ela perguntou, a voz casual.
Jiang Yue assentiu. “Os exames intermediários são em breve.”
“E meu neto inútil?” Seu tom inclinava-se para uma travessura carinhosa. “Ainda rondando como um mosquito confuso? Ou realmente está sendo útil pela primeira vez?”
Isso arrancou o mais leve sorriso dos lábios de Jiang Yue. “Ele está… por aí.”
A Velha Senhora Luo soltou uma risada breve, baixa e arfante, mas genuína. “Parece certo.”
Depois disso, elas entraram em um ritmo. O tipo que não requer esforço, apenas presença. A Velha Senhora Luo perguntou pequenas coisas—como as aulas estavam estruturadas neste semestre, se o departamento de psicologia ainda tinha aquele professor com meias desencontradas, se Jiang Yue ainda esquecia de comer quando escrevia demais. Jiang Yue respondeu calmamente, honestamente. Ela não embelezou, não desviou. Ela ofereceu apenas o suficiente. E quando Luo Zhelan foi mencionado, ela não se deteve em seu nome, mas também não mudou de assunto.
Ainda assim, a Velha Senhora Luo a observava atentamente.
Depois de um tempo, ela falou novamente, a voz mais enfática agora. “Sério agora. Pare de me chamar de ‘Madam Anciã’. Você me faz parecer uma tabuleta ancestral envernizada. Apenas diga ‘Avó’.”
Jiang Yue se enrijeceu, mal, mas foi suficiente. Seus dedos se contorceram em seu colo. Seu olhar caiu, depois se ergueu—encontrando brevemente aqueles olhos envelhecidos antes de desviar novamente.
“…Tudo bem,” ela disse finalmente, e a palavra era pequena, um pouco trêmula, como se retirada de algum lugar não usado e empoeirado.
A Velha Senhora Luo recostou-se com um grunhido satisfeito, ajustando o travesseiro atrás de si.
“Quando aquele menino meu chegar aqui, vou lhe dar uma boa bronca,” ela murmurou. “Olhe para você—mais magra que um junco. Ele não está te alimentando direito? Vocês estão vivendo de ramen e café preto como estudantes em tempos de guerra?”
“Eu não perdi peso,” Jiang Yue respondeu, rápido demais. “É só… o mesmo.”
A Velha Senhora Luo a observou, os lábios se comprimindo ligeiramente. “Não estou falando do seu corpo, criança. Estou falando da sua aura.” Ela acenou com uma das mãos vagamente, como se estivesse espantando fumaça do ar. “Você parece estar carregando fantasmas.”
Jiang Yue congelou.
Um silêncio desceu — não constrangedor, mas tenso. Preencheu a sala de uma maneira diferente de antes. Pesado. Familiar. Inevitável.
Ela pensava que tinha mascarado bem. As sombras sob seus olhos, o piscar lento de seus pensamentos quando ninguém estava olhando. Ela mantinha seu luto bem dobrado, escondido atrás dos livros e listas de afazeres e a inclinação zelosa de sua boca.
Ela não achava que alguém notaria.
Especialmente não tão cedo.
“Estou bem,” murmurou, e as palavras saíram suaves demais, rápidas demais.
Velha Senhora Luo não acreditou nela. Mas não discutiu.
Apenas deu outro aperto gentil em sua mão. “Sério ou não,” ela disse, “não se prive de comer por causa disso. E não carregue tudo sozinha. É assim que as rachaduras começam. As silenciosas. O tipo que se espalha sob a superfície antes mesmo de você perceber que está quebrando.”
Jiang Yue não respondeu imediatamente.
Mas a pausa que se seguiu não foi fria. Foi silenciosa e cuidadosa — como alguém rearranjando pedras no peito, tentando encontrar qual dói menos tocar.
“Certo,” disse ela eventualmente. Não era uma promessa. Mas era uma porta.
Velha Senhora Luo deu um murmúrio suave de aprovação.
Depois de um momento, ela acrescentou, “Zhelan me contou mais sobre você, sabe.”
Jiang Yue olhou para cima, cautelosa.
“Ele diz que você é teimosa. Forte de vontade. Do tipo que nunca se inclina, mesmo quando o vento está uivando. Que você carrega tudo sozinha, mesmo quando isso lhe custa o sono.”
Jiang Yue não protestou. Seu silêncio já era confirmação suficiente.
“Ele se preocupa com você,” continuou a velha mulher. “Diz que você não deixa as pessoas ajudarem você. Que você aprendeu a sobreviver nas tempestades se tornando o telhado, as paredes, a casa inteira. Mas, criança—quem te abriga?”
A pergunta se alojou no peito de Jiang Yue.
Sua voz estava baixa quando veio. “Ele sim,” ela disse. “Ele… tenta. Mesmo quando eu me fecho. Mesmo quando não consigo encontrar as palavras. Ele ainda fica.”
Ela hesitou. “Depois do hospital, ele não perguntou. Não insistiu. Apenas sentou-se comigo, como—como se aquele silêncio não estivesse vazio. Como se soubesse que significava algo. E isso era suficiente.”
Sua garganta apertou. Ela desviou o olhar.
A Velha Senhora Luo deu um sorriso doce, conhecedor. “Esse menino… ele vê você. Não apenas o que você mostra. O resto também. As partes que você acha que enterrou.”