- Home
- Senhora, Suas Identidades estão Sendo Expostas Uma a Uma!
- Capítulo 364 - Capítulo 364: Um encontro entre os dois
Capítulo 364: Um encontro entre os dois
Quando Jiang Yue entrou no quarto, a luz do fim da tarde inclinava-se pelas cortinas semi-abertas, lançando tons dourados e quentes sobre o velho piso de madeira. O ar cheirava levemente a remédio e lavanda.
A Velha Senhora Luo já estava acordada, apoiada por uma pequena fortaleza de travesseiros contra a cabeceira da cama. Apesar das finas linhas gravadas profundamente em seu rosto e do cobertor drapejado sobre sua estrutura frágil, não havia nada de fraco em sua presença. Seus olhos estavam tão afiados e claros como sempre, brilhando com a familiar astúcia e calor no momento em que pousaram em Jiang Yue.
“Aí está você,” ela disse, a voz rouca pela idade, mas inconfundivelmente divertida. “Demorou o suficiente.”
Jiang Yue entrou com uma graça medida, seu andar firme e despreocupado, como se carregasse todo o tempo do mundo. Sua expressão era composta, embora um leve traço de tensão persistisse nos cantos de sua boca.
“Madam Anciã,” ela cumprimentou, inclinando ligeiramente a cabeça.
A mulher mais velha ergueu uma sobrancelha. “Ainda me chama assim?” ela perguntou, não de maneira antipática—apenas curiosa, talvez um pouco desapontada.
Jiang Yue não respondeu. Seus olhos focaram no rosto dela e depois se desviaram, concentrando-se na borda da colcha. Ela puxou uma cadeira próxima, aproximando-se e sentou-se com uma postura tranquila, dobrando as mãos delicadamente no colo.
A Velha Senhora Luo deixou passar—por enquanto. Ela estendeu a mão, dedos finos, mas firmes, e deu um tapinha na mão de Jiang Yue com uma espécie de ternura ensaiada. “Você tem estudado?”
Jiang Yue acenou levemente com a cabeça. “As provas do meio do semestre estão chegando.”
A mulher mais velha bufou. “Hmph. E aquele neto inútil meu? Ajudando ou atrapalhando?”
Os lábios de Jiang Yue tremeram, quase imperceptivelmente. “Ele está… lá.”
Isso arrancou uma risada, rouca mas calorosa, da mulher na cama. “Parece certo.”
A conversa delas seguiu, vagando suavemente. A Velha Senhora Luo fez a maioria das perguntas—sobre a escola, sobre sua saúde, sobre o tratamento. Houve menções passageiras de Luo Zhelan, espalhadas como pedras pelo fluxo da conversa. Jiang Yue respondeu simplesmente, com verdade, embora seu tom raramente mudasse.
Mas então os olhos da Velha Senhora Luo estreitaram levemente, seu olhar se aguçando da maneira como sempre fazia quando via mais do que Jiang Yue pretendia mostrar.
“Sério agora,” ela disse, a voz firme. “Pare de me chamar de ‘Madam Anciã.’ Me faz sentir como um fantasma andando pela casa. Apenas diga ‘Avó.’ Já é hora.”
Jiang Yue ficou imóvel.
Por um momento, ela não disse nada. Então seus olhos se levantaram, encontraram o olhar da mulher mais velha brevemente—e caíram novamente.
“…Está bem,” ela murmurou, a palavra estranha em sua língua, suave como se a estivesse testando pela primeira vez.
A Velha Senhora Luo não pressionou mais. Mas ela apertou a mão dela, satisfeita.
Ela afundou um pouco mais nos travesseiros com um suspiro, observando Jiang Yue de perto. “Você parece mais magra do que da última vez,” ela disse, o tom agora mais suave. “Quando aquele menino chegar aqui, vou repreendê-lo. Ele não está te alimentando direito?”
Jiang Yue soltou um suave suspiro, não exatamente uma risada. “Não é ele. Não perdi peso. Estou igual.”
“Mm, não. Não é o corpo—é o espírito,” a velha mulher disse, acenando com a mão. “Você parece diferente. Algo na sua aura mudou.”
As palavras atingiram Jiang Yue como uma brisa cortando a seda.
Ela ficou quieta. Quieta demais.
Ela não esperava que ela percebesse—não tão rapidamente, não tão claramente. Achava que tinha mascarado bem o suficiente. O peso pressionando seu peito, a culpa se entrelaçando em cada respiração, havia se tornado uma companhia constante nos últimos dias.
Desde que aconteceu com Jiang Xiu.
A memória ressurgiu—crua e vívida. A voz de sua irmã. A impotência. As consequências.
Jiang Yue olhou para baixo, concentrando-se intensamente em uma dobra do cobertor.
A voz da Velha Senhora Luo suavizou. “Algo está pressionando você,” ela disse gentilmente. “Posso ver em seus olhos.”
Um aceno sutil. Mal visível.
“Não é nada sério,” Jiang Yue sussurrou.
A velha senhora não insistiu. Ela simplesmente segurou sua mão novamente, sua palma quente e firme. “Seja o que for, criança, apenas não carregue tudo sozinha. E não pule refeições por causa disso. Você não fará bem a ninguém se desaparecer em ossos e sombras.”
Jiang Yue não disse nada, mas algo não verbal se acomodou no silêncio entre elas. Não era frieza—não. Era um tipo de confiança frágil, do tipo que não precisa ser nomeada em voz alta para ser sentida.
“…Tudo bem,” ela disse finalmente, suavemente. Quase com gratidão.
A Velha Senhora Luo a estudou, sua mão ainda repousando levemente sobre a de Jiang Yue.
“Zhelan me falou mais sobre você,” ela disse, seu tom mudando para algo mais íntimo. “Ele diz que você é teimosa como poucos. Sempre tentando carregar o mundo sozinha. Não pede ajuda mesmo quando está se despedaçando por dentro.”
Jiang Yue não negou. Ela não levantou o olhar. Mas havia algo em sua quietude—um lampejo de reconhecimento, talvez até culpa.
“Ele se preocupa com você,” continuou a velha senhora. “Ele diz que você nunca o deixa entrar de verdade. Que você dificulta para as pessoas ficarem, não porque quer que elas saiam… mas porque tem medo de que elas não escolham ficar por conta própria.”
A boca de Jiang Yue se entreabriu levemente com isso. As palavras atingiram um pouco de perto. Mas ela não disse nada.
A Velha Senhora Luo deu um sorriso conhecedor. “Meu menino… ele está tentando, sabe. Ele está aprendendo. Mas ele já é devotado. Ele não vai a lugar nenhum.”
Houve uma pausa.
Então, lentamente, a expressão de Jiang Yue suavizou. Sua voz era calma quando ela falou. “Ele já está fazendo mais do que suficiente.”
Seus dedos se entrelaçaram levemente na mão da mulher mais velha.
“Ele aparece,” ela disse, como se isso por si só fosse um milagre. “Mesmo quando está atolado, ele sempre encontra tempo. Ele não faz cem perguntas. Ele simplesmente… sabe quando algo está errado. Traz coisas que eu esqueci que precisava. Senta comigo. Espera. Nunca me apressa.”
Sua voz vacilou, apenas um pouco.
“No hospital… eu não disse uma palavra sobre como me sentia. Mas ele olhou para mim uma vez, e ele sabia que eu estava me culpando. Ele não perguntou. Não precisava. Ele simplesmente… ficou.”