Senhora, Suas Identidades estão Sendo Expostas Uma a Uma! - Capítulo 346
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346: Eu apenas tornei as coisas mais difíceis para você. 346: Eu apenas tornei as coisas mais difíceis para você. Jiang Yue já esperava por isso.
Os médicos haviam avisado que, dependendo do sedativo usado, Jiang Xiu poderia ter lapsos de memória. Ela não insistiu mais.
“Está tudo bem,” disse ela. “Apenas concentre-se em acordar por agora.”
Jiang Xiu fechou os olhos brevemente, como se estivesse reunindo forças. Quando os abriu novamente, havia mais lucidez ali, embora o cansaço fosse evidente.
“Irmã…” ela murmurou, a voz pouco mais alta que um sussurro. “O que aconteceu?”
Antes que Jiang Yue pudesse responder, a porta se abriu, e um médico entrou, seguido de perto por Guan Ying.
Jiang Yue deu um passo para trás, levemente, para dar espaço a eles, observando enquanto o médico imediatamente começava a checar os sinais vitais de Jiang Xiu.
Yan Meixiu aproximou-se e ficou ao lado dela, com as mãos apertadas ao longo do corpo. Ela parecia aliviada, mas havia ainda uma tensão em sua expressão.
O médico terminou as verificações iniciais e virou-se para elas. “Ela está estável, mas vai levar algum tempo para o sedativo sair completamente do sistema dela. Foi uma dose muito forte, e o corpo dela precisa de tempo para se ajustar.”
Jiang Yue assentiu, tentando manter sua expressão neutra.
“Precisaremos monitorá-la de perto para casos de sonolência persistente ou confusão. Podem ocorrer também dificuldades respiratórias. Estamos fazendo exames de sangue para verificar acidose e avaliar possíveis problemas de funcionamento dos órgãos, já que a privação de oxigênio foi severa.”
A testa de Jiang Yue franziu levemente enquanto ela absorvia essas informações.
Estava claro que Jiang Xiu ainda estava em estado crítico, mas a cuidadosa explicação do médico deixava evidente que eles haviam feito tudo o que podiam por enquanto.
O médico deu um breve aceno antes de se dirigir à porta. “Voltarei mais tarde para verificar, mas por agora, ela precisa descansar. Deixe o corpo dela se recuperar.”
Yan Meixiu olhou para Jiang Yue antes de falar suavemente. “Eu já avisei aos outros que Jiang Xiu está acordada. Eles estarão aqui em breve.”
Jiang Yue assentiu, seus olhos ainda fixos em Jiang Xiu.
Enquanto dava um passo mais próximo da cama, ela alcançou uma cadeira próxima e a puxou, sentando-se ao lado de sua irmã.
Ela não falou no início, seu olhar percorrendo Jiang Xiu com cuidado, procurando qualquer sinal de melhora.
As palavras do médico ecoavam em sua mente, mas ela não conseguia evitar observar Jiang Xiu—atentamente. Ela já tinha visto sua irmã passar por momentos difíceis antes, mas algo naquele momento fazia seu coração apertar.
O rosto de Jiang Xiu estava pálido, muito pálido. Mas o que mais atingiu Jiang Yue—o que lhe causou um calafrio na espinha—foi o olhar nos olhos de sua irmã.
Estavam vazios.
Não era apenas o estado de alguém acordando ou ainda grogue por causa do sedativo. Não era fraqueza também.
Jiang Yue conhecia Jiang Xiu bem demais. Não importava o quão complicadas as coisas ficassem, sua irmã sempre tinha aquela faísca, uma luz que brilhava, sempre esperançosa e positiva, mesmo nas situações mais sombrias.
Mas agora? Não havia nada.
Era como se ela estivesse olhando para uma estranha.
O peito de Jiang Yue apertou.
Ela olhou para Yan Meixiu e Guan Ying, ambas paradas perto da porta, observando a cena silenciosamente.
Jiang Yue virou-se para elas. “Vocês poderiam me dar alguns minutos a sós com Jiang Xiu?”
Yan Meixiu e Guan Ying trocaram olhares. Houve um momento de hesitação, mas então Yan Meixiu assentiu. “Claro. Nós esperamos lá fora.”
As duas saíram do quarto, fechando a porta atrás delas.
Ela precisava fazer algo. Tinha que alcançar Jiang Xiu, de alguma forma.
O olhar de Jiang Yue suavizou enquanto observava Jiang Xiu, o rosto de sua irmã ainda voltado para o teto, sua expressão distante.
“Nada disso é sua culpa,” disse Jiang Yue, sua voz baixa, mas firme.
Jiang Xiu não respondeu. Ela nem sequer olhou para ela.
O silêncio no quarto parecia pesado, denso com pensamentos não ditos.
Jiang Yue conhecia sua irmã o bastante para entender—ela estava se culpando, como sempre. Era da sua natureza carregar o peso de tudo que dava errado.
Eram muito parecidas nesse aspecto.
E então Jiang Yue viu.
Uma única lágrima escorreu do canto do olho de Jiang Xiu—uma gota lenta e dolorosa que traçou seu caminho pelo rosto pálido antes de cair no travesseiro ao lado dela.
O peito de Jiang Yue doeu, uma pontada aguda florescendo profundamente dentro de suas costelas.
“Xiao Xiu…”
Os lábios de Jiang Xiu tremeram. Sua voz era pouco mais que um sussurro, frágil e quebrada. “Desculpa…”
Jiang Yue engoliu em seco. As palavras ficaram presas em sua garganta, mas ela não hesitou. Estendeu a mão e segurou a de Jiang Xiu, seus dedos se curvando suavemente ao redor, como se temesse que ela escapasse.
“Desculpa pelo quê?” ela perguntou, sua voz firme, mas carregada de algo cru—algo próximo ao desespero.
Os olhos de Jiang Xiu se fecharam, como se até mesmo falar fosse demais.
Por um momento, Jiang Yue pensou que ela não diria nada.
Então—quase em um murmúrio—
“Eu só… sempre estrago tudo.”
Seus dedos se apertaram fracamente contra os lençóis. “Eu queria fazer algo por mim mesma. Por você. Mas eu estraguei tudo.”
Jiang Yue ficou imóvel.
Ela esperava que Jiang Xiu se culpasse—mas não daquele jeito.
Não assim.
Não com o peso opressor da autodepreciação que parecia impregnado em cada palavra.
“Eu não consigo fazer nada certo,” continuou Jiang Xiu, sua voz quebrando. “Eu entrei no concurso para provar que podia ser melhor. Que eu não era apenas alguém que você precisava cuidar. Mas no final…”
Um riso amargo, vazio.
“Eu só tornei as coisas mais difíceis para você. De novo.”
Jiang Yue respirou fundo.
Algo dentro dela se contorceu, agudo e implacável. Ela estava pronta para enfrentar quem quer que tivesse machucado Jiang Xiu. Mas não estava pronta para isso—para que sua irmã fosse aquela se machucando.
Jiang Xiu virou o rosto para o lado. “Eu pensei… se eu pudesse ser mais forte, se eu pudesse parar de ser tão—” Sua voz se quebrou. “Tão fraca, talvez você não precisasse sempre limpar minhas bagunças.”
O peito de Jiang Yue apertou, a dor se instalando profundamente.
Jiang Xiu engoliu em seco, tentando segurar as lágrimas em seus olhos. “Você sempre foi a forte. Sempre a que as pessoas respeitavam, a que podia lidar com tudo.”
Sua respiração tremeu. “E eu era só… isso. Um problema para você lidar. Um peso que você não conseguia se livrar.”
Jiang Yue sentiu como se algo estivesse apertando sua garganta.
“Xiao Xiu.” A voz de Jiang Yue estava mais baixa agora, mais firme, mesmo enquanto algo dentro dela ameaçava se romper. “Isso não é verdade.”