Seja Gentil, Mestre Imortal - Capítulo 97

97: O Caminho à Frente 97: O Caminho à Frente A sorte finalmente estava ao nosso lado, já que seus ferimentos pararam de sangrar até o dia seguinte, quando eu troquei suas bandagens, e não havia sinal de infecção. Duas manhãs depois, nos deparamos com uma tuber fleece flower de quinhentos anos ao lado de um penhasco rochoso, não muito longe do riacho. Embora não fosse tão perfeita quanto as milenares que ele esperava encontrar, era mais do que suficiente para o que eu precisava, e fiquei feliz de poder voltar ao Monte Hua mais cedo do que planejado para poder trabalhar em uma mistura de cura mais efetiva para ele.

Assim que desembarcamos, já comecei a preparar, grata por saber exatamente quais ingredientes seriam melhores para suas condições. Todos os meus anos de treinamento em medicina foram muito úteis, pensei enquanto arregaçava as mangas e começava a triturar as ervas.

Se essa viagem me ensinou algo, foi o quanto eu sentia falta e valorizava aqueles dias em que tudo o que eu tinha eram livros e plantas. O santuário tranquilo das Montanhas Nebulosas despertou a memória da serenidade daqueles tempos que eu passei na biblioteca e nas colinas, da alegria simples dessas incursões na natureza onde eu poderia ficar longe das preocupações diárias do Monte Hua, tendo apenas Bai Ye ao meu lado. E o poder da medicina era muito mais do que isso—sem ela, eu não seria capaz de aliviar sua dor fazendo novas pomadas de cura agora.

Eu tinha esperança, antes desta viagem, de que ela me ajudasse a decidir com uma mente clara qual caminho escolher para o meu futuro, e pensei que tinha encontrado a resposta. Até encontrarmos os yazis, é claro.

Esse incidente deixou a decisão bem mais complicada. Se eu desistisse do caminho da espada, nunca seria forte o suficiente para me defender. Eu teria que ficar no meu pequeno refúgio para sempre ou depender de Bai Ye para me proteger, e não havia garantia de que algo assim não acontecesse novamente, que ele pudesse se ferir por causa da facilidade com que eu me colocava em perigo.

Um suspiro escapou de mim enquanto eu vertia as ervas moídas num pilão e as apilava. Era um dilema, e o mistério das Estrelas Gêmeas só tornava as coisas mais difíceis. O que me esperaria se eu escolhesse continuar usando a espada demoníaca? Isso me daria a força que eu queria, mas a que preço? Que outros segredos de seu passado sombrio me levaria a descobrir?

Não demorei muito para terminar a pomada. Quando a transferi para um pote e fiz meu caminho até o quarto de Bai Ye, o ar frio do outono me atingiu atrasadamente—eu tinha estado ocupada demais para notar a mudança no clima. Eu tremi levemente, envolvendo meu braço livre ao redor do meu corpo, e caminhei tão rápido que quase esbarrei nele na sua porta.

“Bai Ye! Aonde você vai?” Minha breve surpresa se transformou em preocupação. Ele nunca parecia saber como descansar.

“Procurar você.” Ele sorriu. “Tem um—” Ele fez uma pausa quando seus olhos pousaram no pote em minha mão. “Você não fez uma nova pomada de cura para mim, fez?”

Sorri. “Claro que fiz.” Eu o empurrei de volta para o quarto dele. “Só porque o sangramento parou não significa que seus ferimentos estão curados. Isso vai funcionar muito melhor do que o remédio velho que você está usando agora.”

Sua expressão ficou quase desamparada. “Qing-er—”
“Não quero ver mais cicatrizes em você,” eu o convenci enquanto o pressionava em sua cadeira e pegava um novo pedaço de bandagem. “Faça isso por mim, vai?”

Isso funcionou. Ele me deu um olhar renitente, embora não protestasse mais e começasse cooperativamente a soltar seu robe.

Eu não pude evitar sorrir triunfante. “O que você estava dizendo antes?” Eu peguei uma pequena porção da mistura e perguntei. “Por que estava me procurando?”

“Chegou uma mensagem para nós enquanto estávamos fora. Sobre a viagem ao Templo de Jade.”

Ele desfez as bandagens antigas, e eu vi com enorme alívio que seus cortes finalmente começaram a fechar na superfície. Eu apliquei rapidamente um feitiço de limpeza sobre eles para limpar a pomada residual de antes. “O que sobre a viagem?” eu perguntei, um tanto distraída. “O Guardião riscou meu nome da lista?”

Ele deu uma risada. “Foi exatamente o que pensei também, embora … parece que alguém intercedeu por você … e você acabará indo, afinal.”

Agora ele tinha minha atenção. Alguém intercedeu com o Guardião por mim? “Quem?” Eu esfreguei a nova pasta gentilmente sobre o topo de sua ferida, dando leves batidinhas para que assentasse. “E … por quê?”

Eu me perguntei se era coisa da minha imaginação, porque ele de repente parecia um pouco desconfortável com a pergunta. “A mensagem não disse,” ele falou, “mas … Eu acho que pode ser … porque os discípulos devem ser acompanhados por seus mestres nessa viagem. Eu acho … alguém queria que eu fosse junto, e é mais fácil para eles argumentarem para que você seja listada.”

Sua reação me intrigou. Quem quer que fosse esse “alguém”, ele não disse, mas eu podia dizer pelo tom dele que ele sabia exatamente quem era e só estava relutante em me contar. Eu senti um mau presságio. “Você acha … alguém quer te causar problemas?” Eu me arrisquei. “Tem a ver com as Estrelas Gêmeas?”

“N-Não,” ele gaguejou um pouco, e isso me confundiu mais. “É … Eu tive minha cota de rancores pessoais no passado. Não é grande coisa e não … não deve te afetar. Apenas prepare-se para a viagem. O grupo deve partir por volta de meados do outono.”

Eu murmurei um reconhecimento, embora não pudesse parar as perguntas de borbulharem na minha cabeça. Que tipo de rancores pessoais poderiam fazê-lo se sentir tão incomodado e quase constrangido para falar? Quem era esse misterioso “alguém”?