Seja Gentil, Mestre Imortal - Capítulo 63

63: Dormir Comigo 63: Dormir Comigo Eu deveria tê-lo beijado. Porque no dia seguinte… minha menstruação chegou, e a última coisa que eu queria era ficar muito perto dele e ser tentada pelo que eu não poderia ter.

Eu me escondi no meu quarto após uma breve prática matinal, metade para ficar fora de sua vista e metade porque eu não estava me sentindo bem o suficiente para continuar em movimento. Eu raramente sentia dor durante esses dias do mês, mas desta vez foi muito pior do que o habitual. Eu me perguntei, um pouco envergonhada, se era por causa de todo o tempo que passamos na cama.

A estação finalmente estava mudando, e eu escancarei as janelas, deixando o ar fresco do outono encher o quarto. O clima frio era perfeito para preparar ervas — mesmo com o fogo crepitando na minha pequena cozinha e a panela fervendo acima dele, eu não sentia calor. Na verdade, o calor era inesperadamente acolhedor, e eu estendi as mãos sobre o vapor, esfregando os dedos para aquecê-los.

Meu antigo estoque de ervas estava acabando, pensei enquanto olhava distraidamente para a panela borbulhante. Eu não podia visitar as montanhas do fundo enquanto estivesse confinada, e o torneio ainda estava a mais de uma semana de distância. Se os meus suprimentos acabassem antes disso…

“Qing-er,” a voz familiar de Bai Ye soou da porta. Ele levantou as cortinas e entrou com uma cesta. “Pensei que você poderia precisar de mais algumas dessas.”

Ele largou a cesta na minha frente. Uma variedade de ervas estava dentro, frescas e ainda brilhando com o orvalho da manhã. Eu olhei para ele. “Você colheu estas para mim?”

“Veja se é tudo o que você precisa… Eu adivinhei seus ingredientes pelo cheiro da sua preparação. Pode não ter sido completamente correto.”

Eu mexi nas ervas cuidadosamente empilhadas. As folhas jovens e raízes eram macias sob meus dedos, seu aroma terroso enchendo minhas narinas com uma frescura persistente. “É tudo isso,” eu disse, e senti algo me fazendo cócegas e flutuando dentro de mim. Bai Ye sempre foi tão atencioso. “Obrigada. Eu não esperava…”

Ele sorriu. “Eu ordenei que você ficasse dentro de casa. Ajudar você a conseguir o que precisa é o mínimo que eu posso fazer para compensar.”

Eu abaixei a cabeça, resistindo à vontade de olhar em seus olhos carinhosos. Ainda debatia comigo mesma se queria que ele fosse embora ou ficasse quando ele perguntou, “Você praticou a técnica de meditação hoje? Você parece pálida novamente.” Uma mão quente pousou na minha testa. “Embora seu poder espiritual esteja estável,” ele acrescentou com alívio.

Eu me assustei um pouco, e não estava certa se era pelo toque ou pela observação dele. “Não, eu… não estou me sentindo muito bem… Mas não se preocupe, não estou doente. É só que…” Talvez eu tivesse corado enquanto procurava uma explicação.

Ele ficou em silêncio por um momento, e eu me perguntei se ele havia entendido o que eu quis dizer. Então sua mão caiu no meu ombro. “Isso ajuda?” ele perguntou, e eu senti seu poder espiritual lentamente se infiltrando em mim.

O calor aliviou meu frio, e a dor surda no meu corpo diminuiu conforme a energia fluía através de mim. Eu olhei para cima, espantada. “Eu não sabia que você poderia remover dor dessa maneira.”

“Eu gostaria de poder remover a dor tão facilmente.” Ele fez um gesto para que eu me sentasse. “Quanto do lótus de neve ainda resta?”

“Cerca da metade,” eu disse. “Eu estive seguindo as instruções que você escreveu na nota.” Ele tinha me dito antes que o lótus de neve era para aliviar os efeitos colaterais da minha poção. Será que também estava relacionado ao que eu estava sentindo agora?

“Dobre a dosagem de agora em diante.” Ele sentou ao meu lado. “Você se lembra que eu lhe disse na Aldeia Leste que Estrelas Gêmeas é forte em poder yin?”

Eu assenti. Era difícil esquecer as hordas de demônios que haviam sido atraídas para mim naquela época. Sabendo da história por trás dessas espadas agora, tudo fazia sentido—o yin se agregava ao redor do sangue e da morte, e era natural que lâminas assassinas como Estrelas Gêmeas fossem fortes em yin.

“Por causa da crescente ligação entre você e as lâminas, esse poder começou a afetar você, tornando você mais sensível ao frio. Durante momentos como esses quando… seu corpo está mais vulnerável, isso a faz mais fraca e seu desconforto pior. Mas isso deve ser temporário, e o lótus de neve é mais conhecido por expulsar o excesso de yin. Com uma dose dupla, as coisas devem voltar ao normal muito em breve.”

Eu não tinha pensado que minha súbita crise de dor fosse por causa disso. Mais uma consequência que eu havia trazido para mim mesma então. “Eu deveria ter lhe contado antes de tentar acelerar a meditação,” eu murmurei.

“Não é porque você acelerou.” Ele pegou minhas mãos e as segurou nas dele, aquecendo-as com suas palmas. Eu me tensionei um pouco ao toque, e tentei o meu melhor para me concentrar em suas palavras em vez do calor pulsando de sua pele. “O objetivo dessa técnica… é justamente fortalecer a ligação entre você e Estrelas Gêmeas, para que as espadas possam ajudar a compensar sua raiz espiritual. O que você está sentindo agora é um efeito adverso que eu sabia que viria.”

Ele finalmente me contou o propósito dessa técnica então. Não soava tão surpreendente quanto eu pensava. Ele já havia mencionado antes que as espadas poderiam compensar minha falta de afinidade com o metal, então por que manter em segredo que o ponto da meditação era ajudar justamente com isso?

“Mas o que eu não sabia era o quão bem seu corpo suporta o poder das Estrelas Gêmeas,” ele continuou. “Seu progresso é… muito mais rápido do que eu esperava, e eu não a preparei o suficiente. Me desculpe.”

Eu me contorci com a auto-reprovação em seu tom. “Por favor, não se desculpe,” eu disse. “Não sou tão frágil assim, e já me sinto muito melhor do que quando acordei.”

Eu tinha dito isso como uma garantia, mas ele considerou minhas palavras com seriedade. “É pior à noite?” ele perguntou.

“…”

Eu sabia que eu tinha corado. Por mais bobo que possa parecer, eu sentia vergonha de falar com ele sobre esse assunto. E embora eu esperasse que a dor dificultasse meu sono esta noite, eu não queria soar como uma covarde ao admitir isso.

Ele riu baixinho pela minha falta de resposta. “Não quero intrometer… mas eu gostaria de poder ajudar.” Ele pensou por um breve momento. “Você viria dormir comigo esta noite?”

Meu constrangimento foi substituído por espanto, e eu quase caí da cadeira. “Eu—”
“Só para dormir, Qing-er.” Ele apertou minhas mãos para me manter quieta. “Eu prometo que não farei mais nada. Meu poder espiritual pode ajudá-la a se sentir melhor, e há mais de uma maneira de eu te dar isso.”

Sua voz era calma e fria, como se estivéssemos apenas discutindo o clima. Só para dormir? Ele esperava que eu ficasse deitada ao lado dele a noite toda, encarando seus olhos fascinantes, envolta pelo seu cheiro e seu calor, sem fazer nada além de… dormir? Ele estava louco?

Bem, se ele estava louco, então éramos dois. Porque eu assenti.