Seja Gentil, Mestre Imortal - Capítulo 36

36: Erva Milagrosa 36: Erva Milagrosa Eu não consegui dormir naquela noite. Bai Ye me levou de volta para o meu quarto no final da noite — minhas pernas balançavam tanto que eu não conseguia andar sozinha — e eu fiquei encarando o dossel sobre minha cama por horas, tentando dar sentido ao que acabara de acontecer com minha mente e corpo.

Mesmo depois do absurdo da hora no banho, mesmo depois dele ter devastado todos os meus sentidos, eu ainda queria mais dele. O fogo dentro de mim tinha sido apenas temporariamente apagado, e quando ele me aconchegou na cama e me desejou uma boa noite de sono com um beijo, as chamas se acenderam mais uma vez. Foi preciso toda a minha determinação e controle para segurar-me e não me agarrar a ele, implorando para que ficasse.

Isso não era o que eu esperava. Desde quando meus sentimentos por ele se transformaram em… tais desejos indizíveis?

Virei-me inquieta. Os lençóis faziam barulho contra a minha camisola, e o tecido sedoso roçava sobre meus mamilos, ainda sensíveis e levemente inchados pelo toque dele. Eu tremia, metade pela sensação e metade pela vergonha. As canções calmantes dos insetos de fim de verão tocavam incessantemente fora da minha janela, tentando embalar-me no sono. Eles não conseguiram.

~ ~
O banho de ervas realmente fez milagres. Mesmo depois de uma noite inteira sem dormir, levantei da cama na manhã seguinte refrescada e energética, e meu corpo sentia-se mais leve do que nunca.

Mas meu timing ao passar pelo jardim não poderia ter sido pior. Quando encontrei Bai Ye após sua prática, as cenas lascivas da noite anterior ainda giravam em minha mente, e tive que baixar a cabeça para esconder minhas bochechas coradas em uma saudação educada.

“Qing-er,” ele acenou, “a caixa na mesa de chá é para você.”

Lancei um olhar perplexo para a mesa. Por que ele não me entregou pessoalmente? Quando levantei a cabeça novamente, ele tinha ido embora.

Senti-me secretamente aliviada por ter sido deixada sozinha para deixar minhas bochechas esfriarem. Caminhei até a mesa e peguei a pequena caixa em minhas mãos. Era feita de sândalo escuro, e a tampa era entalhada com intricados padrões florais. Assim como a decoração da sala de banho, isso não era o estilo típico de Bai Ye. Abri-a com crescente curiosidade. O que ele queria me dar desta forma?

Deitado no fundo forrado de veludo da caixa havia um lótus. Minhas bochechas queimaram mais uma vez, lembrando as pétalas de lótus do banho de ontem à noite e o que Bai Ye tinha feito com elas. Uma nota com a caligrafia familiar dele estava presa ao lado da caixa, com instruções de como usar a planta na medicina herbal.

Examinei a flor com a ponta dos dedos. Não era um lótus de água típico, com suas bordas finas e onduladas e cor branca leitosa. Mas eu vagamente lembrava de ter visto um esboço em um livro de medicina que correspondia a este …

Era um lótus de neve, eu me lembrei. Uma das ervas mais preciosas que só cresce nas Montanhas de Gelo durante o verão.

Fiquei atônita. Esse foi o propósito da viagem de Bai Ye? Ele viajou até essas perigosas faixas de montanha apenas para colher isso para mim?

Corri em direção ao quarto dele sem pensar. “Bai Ye!” Eu tropecei um pouco no limiar. “Você não precisava arriscar as Montanhas de Gelo apenas por isso…”

Surpresa cruzou seus olhos quando ele me viu. “Você já viu isso antes?” Ele obviamente não esperava que eu reconhecesse.

“Eu me lembro de um dos livros da sua biblioteca que eu procurei por outra coisa,” eu disse. Talvez ele estivesse certo, eu realmente tinha um dom para a medicina. “O lótus de neve é aclamado como a erva maravilha… Mas por quê? Eu não preciso de um ingrediente tão precioso para nada, especialmente se…”

Especialmente se ele teve que se colocar em perigo por isso. Embora eu não quisesse ferir seu orgulho ao dizer isso.

Ele apenas sorriu. “A poção que você tem preparado recentemente é dura para o seu corpo. Lótus de neve é mais conhecido por aliviar esses efeitos colaterais.”

“Recentemente?” Levei um pouco de tempo para entender o que ele quis dizer, e assim que fiz isso, minhas bochechas queimaram novamente. Desde que Bai Ye e eu cruzamos aquela linha proibida entre nós, eu vinha fazendo remédio para mim mesma para… evitar a gravidez. Ele deve ter notado pelo cheiro persistente no meu quarto.

“Mestre…” Eu cravei meus dedos nos entalhes da caixa, incerta sobre o que dizer. Por algum motivo que eu não conseguia explicar, pensei que ele poderia estar descontente com a poção que eu estava fazendo, então eu não havia contado a ele sobre isso. Mas esqueci o fato de que sua experiência em medicina era tão avançada que ele só precisava de uma inalação para saber.

“O lótus de neve não vai negar ou diminuir o efeito pretendido do seu remédio,” ele disse, “então não precisa se preocupar. E se você quiser ser mais discreta, você pode queimar um pouco de artemísia enquanto prepara para cobrir o cheiro, embora eu duvide que alguém no Monte Hua tenha um olfato tão apurado quanto o meu.”

Em algum lugar no fundo da minha mente, percebi que eu provavelmente era de fato a discípula mais mimada que já existiu. Como ele poderia ser tão atencioso e carinhoso? Como ele poderia estar disposto a fazer tanto esforço e correr um risco tão grande apenas por mim? E aqui estava eu, nem mesmo com vontade de contar a ele sobre a poção em primeiro lugar…

De repente me senti egoísta. “Eu deveria ter contado para você,” eu baixei minha cabeça murmurando. “Me desculpe.”

Ele diminuiu a distância entre nós. “Você realmente deveria ter contado, Qing-er,” ele se inclinou sobre mim e sussurrou em meus ouvidos. “Se eu soubesse mais cedo que você estava tão preparada… Eu poderia ter feito muito mais, e muito melhor.”

Seu hálito sibilava em meus ouvidos, e suas palavras provocantes fizeram o fogo dentro de mim que eu mal mantinha sob controle rugir mais uma vez. Se ele fosse me beijar… eu não sabia o que eu poderia fazer a seguir.

Mas ele não fez. Ele apenas riu do meu rubor e disse, “Volte logo se precisar colher ervas matinais. Está na hora de novas lições.”