277: Acusações Falsas (Memória de Bai Ye) 277: Acusações Falsas (Memória de Bai Ye) Ele explicou a ela o que havia descoberto nos últimos dias. Cuidadoso para não exagerar e deixá-la preocupada demais, ele enfatizou que tudo era apenas sua especulação, e que a situação talvez não fosse realmente tão preocupante quanto ele pensava. Mas nada o preparou para a resposta que recebeu.

“O que você quer dizer com eu estar afetada?” Ela o encarou, claramente ofendida por suas palavras. “Isso foi apenas um acidente! Quem é capaz de controlar suas armas tão perfeitamente no meio de uma sessão de treinamento?”

“Um simples acidente não teria levado a uma lesão tão grave,” ele tentou explicar. “Se você tivesse controle total—”
“Claro que eu tinha controle total! Eu estava bem ciente do que estava fazendo! É apenas porque meu poder avançou demais nos últimos anos, então a lesão seria naturalmente pior em um parceiro de treino que não está à minha altura.” Ela cruzou os braços. “Eu não teria precisado encontrar outra pessoa para treinar se você não estivesse passando o dia todo na biblioteca esta semana. Então, era isso que você estava ocupado fazendo? Tentando encontrar provas de que estou corrompida por alguma influência demoníaca?”

Ela não quis ouvir mais explicações naquele momento. A conversa terminou com ela saindo tempestuosamente da sala, e eles passaram o resto do dia em silêncio.

Um silêncio como o de mais de cem anos atrás… Exceto que desta vez, Bai Ye não tinha certeza de que uma solução simples como antes existia para o novo problema deles. Se ela já estava em um ponto de ser tão alheia à influência das Estrelas Gêmeas sobre si, então a situação era ainda mais grave do que ele pressupunha.

Ele passou mais e mais tempo estudando espadas demoníacas a partir daquele dia. Sempre que tinha uma chance, ele também começou a visitar outras seitas com mais conhecimento nessas artes, esperando que houvesse uma alternativa escondida em outras abordagens de cultivo que complementassem a dela. A busca não foi fácil, e ele se sentiu um pouco perdido no início sobre qual direção investigar. Mas ele continuou tentando, e esperava que seria apenas uma questão de tempo até encontrar a resposta de que precisavam.

Desde que ele tivesse o tempo.

Ele desejava poder simplesmente trancar Estrelas Gêmeas e não deixá-la se aproximar novamente—isso deveria interromper a influência demoníaca de se fortalecer ainda mais, ganhando mais tempo para encontrar uma solução no processo—mas ele não podia. Espíritos da espada não podem viver sem suas espadas, e separá-los à força danificaria a alma dela. Então, ele só podia começar a se afastar cuidadosamente de muitas das rotinas que haviam estabelecido ao longo das décadas, para desencorajá-la de usar excessivamente Estrelas Gêmeas e agravar as coisas antes que ele encontrasse uma solução.

Essas precauções vieram com consequências, porém. Ela ficou cada vez mais insatisfeita com a falta de apoio dele aos seus interesses, cada vez mais irritada sempre que ele tentava sugerir que ela reconsiderasse sua abordagem de cultivo com suas espadas. Eles começaram a discutir, e os sons usuais de risadas ficaram cada vez mais raros em seu salão.

Mas Bai Ye ainda tinha esperança. Não importa o quanto as coisas continuassem mudando, ou quantas vezes ela o esfaqueasse com palavras frias e comentários mordazes, ele ainda se lembrava da garota com as estrelas mais brilhantes em seus olhos. Ele sabia que ela também se lembrava, e que, lá no fundo, ela não queria que nada disso acontecesse também. Ele estava determinado a trazê-la de volta.

Graças a Deus, sua busca ao longo dos anos não foi totalmente infrutífera. Ele encontrou ajustes e truques que funcionaram para enfraquecer o vínculo com a espada em certa medida, e com infinitas tentativas de persuasão e discussão, ele conseguiu que ela experimentasse alguns deles. Após muitas viagens a uma seita reclusa escondida nas montanhas distantes, ele também encontrou uma pista que sugeriu a possibilidade de cortar o laço permanentemente entre um espírito da espada e sua espada, essencialmente transformando um espírito da espada em um imortal que poderia viver independentemente de seu contraparte físico.

Foi a notícia mais empolgante que ele havia ouvido em muitos anos. No dia em que soube dela, ele acelerou sua espada voadora ao máximo na volta, ansioso para compartilhar a descoberta com ela.

Ele não esperava ver um grupo de discípulos no portão quando ele voltou, no entanto. Conforme ele se aproximava do salão de cima, notou a multidão de pelo menos vinte deles, reunindo-se em círculo e cercando o espírito da espada no centro.

“Eu estou dizendo, vão embora.” Ele ouviu o espírito da espada dizer com irritação na voz. “Ninguém toca em Estrelas Gêmeas sem a minha permissão.”

“Não seja tão arrogante, espírito da espada,” disse um dos discípulos. “O Guardião deveria ter confiscado suas espadas anos atrás! Espadas demoníacas não pertencem a uma seita de cultivo justa como o Monte Hua. Quanto tempo será até você machucar alguém com ela novamente?”

Bai Ye franziu a testa ao se aproximar. Ele estava ciente dos boatos que se espalhavam pelo Monte Hua nos últimos anos—desde o incidente com aquele discípulo no Salão de Chu Yang, havia sussurros de que o espírito da espada estava machucando pessoas intencionalmente. Bai Ye não sabia onde ou como esses boatos começaram, mas, por mais que tentasse explicar para Chu Yang e Teng Yuan, essas opiniões sobre o espírito da espada estavam se espalhando rapidamente. E parecia que esses discípulos agora haviam decidido confrontá-la diretamente sobre isso.

“Eu vou dizer pela última vez,” ela disse friamente. “Não quero ouvir mais uma palavra contra Estrelas Gêmeas ou contra mim. Vão embora, agora. Caso contrário—”
As mãos dela se moveram para suas espadas. Como se esperassem por essa reação, todos os discípulos se moveram no próximo momento também, assumindo sua posição e segurando os cabos de suas espadas.

Bai Ye não podia acreditar no que via. Esses discípulos eram muito audaciosos, pensando que vinte deles seriam suficientes para enfrentar o espírito da espada. Se ela desembainhasse suas espadas agora…

“Absurdo!” ele repreendeu, fazendo seu pouso e caminhando rapidamente em direção à cena. O grupo de discípulos claramente não esperava por sua presença, e eles se apressaram para fazer uma reverência, soltando suas armas. Bai Ye soltou um suspiro curto enquanto se voltava para o espírito da espada. “O que está acontecendo?” ele perguntou. “Nós desembainhamos nossas espadas para treinar, não para duelar. Não é um bom costume resolver conflitos com uma luta.”

O espírito da espada bufou. “Conflitos?” Ela acenou em direção ao grupo. “Eles me acusaram de ser uma ameaça à segurança do Monte Hua, e acham que têm o direito de confiscar minhas espadas por isso.” O olhar dela escureceu. “Eu não fiz nada para merecer ser desprezada assim, e isso parece injusto. Eu estava apenas tentando mostrar a eles… que tipo de ameaça eu realmente posso trazer ao Monte Hua se eu quisesse.”

Os discípulos cerraram os dentes, cravando olhares penetrantes nela. Mas Bai Ye só sentiu seu sangue esfriar. Os demais poderiam não saber, mas ele estava muito ciente do que o espírito da espada era capaz se realmente desejasse semear o caos neste topo de montanha. Ele só podia esperar… que ela não tivesse realmente dito o que acabou de dizer.