273: Aprimorando a Arte (Memória de Bai Ye) 273: Aprimorando a Arte (Memória de Bai Ye) Bai Ye não sabia o que dizer ou pensar. Sua mente ficou em branco, ainda à deriva naquela terra impossível de euforia. Os dois permaneceram abraçados em silêncio por um tempo, e a única coisa de que ele tinha consciência eram as batidas violentas do coração dela contra o seu peito, acompanhando os pulsos erráticos dos dele próprio.

Ele desfrutou do silêncio feliz daquela maneira e não se importaria de ficar ali a noite inteira com ela, apenas assim. Mas, no final, foi ela quem quebrou o silêncio.

“Um …” Ela se mexeu um pouco em seu abraço. “É agora que devemos … começar os encantamentos para aquela técnica? Você … lembra quais são?”

Encantamentos? Bai Ye levou um tempo para voltar à realidade e perceber o que ela estava dizendo. Certo, aquela técnica … foi assim que tudo isso começou … Mas …

“Os encantamentos …” ele repetiu em um murmúrio, enquanto a clareza finalmente voltava à sua mente. “Eu … um … ainda não tive a chance de olhar para eles …”

No entanto, não era realmente culpa dele … Ele não tinha pensado propriamente em dual cultivation naquela semana, e seu único objetivo tinha sido convencer o espírito da espada a desistir disso. Até que tudo mudou nesta noite, é claro. Mas como alguém poderia esperar que ele se familiarizasse com esses encantamentos imediatamente após aquela reviravolta? Não era o tipo de técnica que ele simplesmente conheceria como a palma da sua mão.

O espírito da espada o encarou. Ele retribuiu o olhar. Então, ambos caíram na risada. Ele rolou para o lado dela e afastou uma mecha de cabelo úmido do rosto dela.

“Eu suponho que isso significa … que tem de haver uma próxima vez,” ele disse respirando.

Ela enganchou as mãos atrás do seu pescoço antes que ele tivesse a chance de se afastar. “Ah sim.” Brilhos dançavam em seus olhos. “Não vou deixar você escapar disso tão facilmente.”

Então ela selou seus lábios juntos mais uma vez.

~ ~
Nos quase cem anos de vida de Bai Ye, ele nunca havia imaginado que sua rotina diária sofresse mudanças dramáticas. Ele estava acostumado a acordar antes do nascer do sol, revisitar suas técnicas de esgrima, meditar, passar algum tempo em sua biblioteca lendo literatura antiga, meditar e repetir. Às vezes, tentar uma nova técnica podia alongar ou encurtar certas partes dessa programação temporariamente, mas não demoraria muito para que as coisas voltassem ao normal. Nada jamais teve um efeito duradouro em sua vida desde que começou no caminho da cultivation, e ele esperava que continuasse assim.

Bem, talvez não mais. Talvez fosse finalmente hora de uma mudança agora. Acontece que essa nova técnica que eles acabaram de começar era completamente diferente de tudo o que ele conhecia. Era … muito demorada, pois eles se encontrariam gastando horas apenas para chegar ao ponto onde poderiam começar a invocar os encantamentos. Em algumas ocasiões, as coisas ficaram tão fora de controle que eles passaram a noite em claro, e acabou sendo a primeira vez em quase cem anos que ele dormiu até mais tarde na manhã seguinte, incapaz de se arrastar para fora da cama até o meio-dia.

Ele achou que ficaria melhor com a experiência. Com todas as outras miríades de técnicas que ele havia tentado antes, ele sempre se tornava proficiente rapidamente com prática suficiente, e ele pensou que essa não seria diferente. Mas a verdade o provou errado. Simplesmente parecia haver muito para aprender desta vez. Os dois experimentariam novas abordagens quase todos os dias, e curiosamente, as coisas nunca se sentiam repetitivas. Sempre parecia haver mais para explorar, mais tempo a gastar.

Bai Ye gostava de aprender coisas novas, e não foi exceção com essa. Ou talvez fosse particularmente verdade com essa. Ele se deleitava em cada novo reino que alcançavam juntos, cada nova sensação que ele não sabia que existia antes, e cada novo som que ele provocava nela com todas as diferentes maneiras que descobria. Às vezes, ele ficava tão envolvido com tudo isso que nem mesmo sentia vontade de finalizar com os encantamentos no final. Ele simplesmente queria saborear a jornada para chegar lá. Mas ele tinha que se lembrar que, apesar de todas as surpresas que encontraram pelo caminho, o objetivo final de suas práticas compartilhadas ainda era o objetivo final, e ele seguiria diligente pelo processo restante, embora um pouco relutante.

O processo, no entanto, fez maravilhas. Em meses, o culminar do poder espiritual dentro dele impulsionou seu progresso de cultivation para outro breakthrough, tornando seus avanços ainda mais rápidos do que nos anos em que ele usava Estrelas Gêmeas. Sua arte da espada deu grandes saltos ao mesmo tempo, e não demorou muito para que suas práticas matinais com o espírito da espada se transformassem em uma partida perfeitamente igual, onde nenhum deles conseguia manter a vantagem por mais do que um par de dias.

“Acho que preciso dormir no meu próprio quarto esta noite,” o espírito da espada reclamaria sempre que perdesse por alguns dias seguidos, embora não sem um sorriso a dançar em seu rosto. “Só posso culpar a mim mesma por continuar deixando você vencer. Se você roubar mais poder de mim—”
Bai Ye a puxaria para seus braços então, interrompendo suas reclamações com um beijo demorado. “Você disse que seu poder é meu,” ele argumentaria contra seus doces lábios. “Assim como o resto de você.”

Suas mãos começariam a deslizar pelo corpo dela, traçando suas curvas enquanto ele falava — um novo hábito que ele não conseguia parar de desenvolver com o tempo. Ela riria, repreendendo-o por sua incrível falta de autocontrole. Ele a ignoraria, e essas conversas quase sempre terminavam com outra rodada de cultivation onde ele roubaria ainda mais poder dela.

E ele desejaria todos os dias que o tempo deles juntos pudesse congelar assim para sempre.