270: Como Isso Se Sente? (Memória de Bai Ye) 270: Como Isso Se Sente? (Memória de Bai Ye) Ele a encarava com olhos arregalados. Ela acabou de dizer que ele era… alguém especial para ela? Ela sabia o que aquilo significava?

“Você disse que eu preciso escolher alguém que eu conheço e confio,” ela continuou. “Em quem mais posso confiar se não em você? Desde que acordei das Estrelas Gêmeas, você foi o único que cuidou de mim e me ajudou de todas as maneiras possíveis. Eu sempre me sinto segura quando estou com você. E quando não estou…” ela abaixou o olhar um pouco, “eu fico inquieta. Mal consegui dormir na última semana, sem saber por que você de repente não queria mais me ver…”

Foi a primeira vez que Bai Ye ouviu ela falar assim, a confiança usual e a leveza substituídas por tanta incerteza e medo. Ele não conseguia parar de se amaldiçoar por fazê-la sentir-se desse jeito. “Me desculpe…” foi a única coisa que ele conseguiu pensar em dizer, e ele esperava que ela acreditasse o quanto ele estava sendo sincero.

A moça, contudo, balançou a cabeça levemente. “Dizem que as pessoas sempre pensam demais quando se trata de alguém que se importam. Então isso significa que eu me importo com você, não é? Porque nunca pensei tanto em o que qualquer outra pessoa faz ou diz para mim. Mas com você, é diferente. Apesar de eu não saber exatamente como deve ser essa conexão profunda que você mencionou, eu sei que eu sinto um vínculo especial com você. Eu quero estar perto de você, e eu quero estar próxima a você. Eu—”
“E-Espera.” Bai Ye teve que interrompê-la. Ele nunca imaginou ouvir palavras assim, nem o efeito que teriam sobre ele. Esta garota… Ela sabia o que estava dizendo? Ela sabia o que ela poderia fazer com um homem com palavras assim?

Ele respirou fundo, forçando o sangue a parar de ferver e trazendo um pouco de clareza de volta à sua mente. Não, ele tinha que se controlar. Ela era muito inexperiente nos caminhos do mundo, e ele não poderia se aproveitar disso. Por mais que o que ela disse acelerasse seu coração, ele não poderia abusar da confiança dela nele, e ele não poderia deixar ela confundir uma simples afeição por algo mais.

“É natural que você se sinta assim porque eu sou seu mestre,” ele se forçou a dizer. “É minha responsabilidade cuidar de você e mantê-la segura. Eu faria nada menos se qualquer uma das minhas outras espadas tivesse um espírito dentro dela.”

Isso não era inteiramente verdade. Apenas verdade o suficiente para transmitir sua mensagem.

O espírito da espada ponderou a resposta dele. Então ela inclinou a cabeça novamente. “Mas já que você é meu mestre, não seria também natural que você me usasse pelo poder das Estrelas Gêmeas? Eu também tenho minha responsabilidade, que é ajudar você avançar no seu progresso de cultivação. Então por que você está tentando tanto me dissuadir disso?”

“…”

Porque a verdade era, ela era muito mais do que apenas uma espada para ele. Ela não era apenas uma posse dele, ou um meio para um fim. Não mais, e era exatamente por isso que ele não queria que nada mudasse entre eles pelos motivos errados. Mas o que ela era exatamente para ele? Como ele poderia explicar para ela uma ideia tão complicada que ele mesmo mal conseguia compreender?

A moça deu uma risada suave pela falta de resposta dele. “É porque você também se importa comigo,” ela declarou. “Você está hesitando porque quer me proteger, e ainda está preocupado que eu me arrependa da minha decisão. Mas eu te asseguro que não vou. Não é como se eu não tivesse o meu próprio entendimento deste mundo, ou que eu nunca tivesse conhecido outras pessoas para perceber o que existe lá fora. Eu sei o que estou fazendo.”

Ela deu um passo à frente. A distância entre eles se tornou tão pequena que Bai Ye quase podia sentir o calor da respiração dela. “A menos que—” ela adicionou, baixando o olhar e passando-o sobre si mesma. “A menos que eu não atenda o padrão para ser sua parceira de cultivação? A menos que você seja realmente contra isso?”

“…”

Ainda sem palavras, Bai Ye só pôde engolir em seco. Ele podia não ser tão fácilmente atraído pelo olhar de uma mulher como alguns homens, mas ele sabia o que via. Ninguém podia negar a beleza dessa moça, os traços perfeitos de seu rosto e os contornos suaves de seu corpo. Como ele deveria responder a uma pergunta assim? Como ele sequer deveria pensar?

Ele estava tentando se controlar porque não queria parecer que estava seduzindo uma garota inocente. Mas agora, sentia como se fosse ele quem estava sendo seduzido, em vez disso.

Sua sedutora piscou, o bater de seus cílios espessos enviando um arrepio direto ao seu núcleo. “Você não precisa me responder diretamente.” Ela continuou falando, totalmente alheia à confusão que estava causando nele. “Você pode apenas me dizer o quanto você desgosta se eu fizer isso—”
Sem mais aviso, ela estendeu-se na ponta dos pés. Passando os braços por trás do pescoço dele, ela encostou seus lábios nos dele.

Foi um mero beijinho. Uma mera raspagem de pele que não durou mais do que uma fração de segundo, mas foi o suficiente. Suficiente para Bai Ye sentir o suave abraço de seus braços, a maciez de seus lábios, o calor de seu corpo. Suficiente para derrubar sua última defesa. Suficiente para ele perceber que, apesar de quanto tentou suprimir aqueles pensamentos persistentes em sua mente, eles ainda estavam lá, e finalmente estavam vindo à tona.

Se ela realmente quis dizer o que disse… então não havia mais necessidade de ele se conter.

Seu corpo todo estava em chamas quando ela se afastou, trancando olhares com ele novamente com um leve traço de incerteza em seu olhar. “Como isso se sen—”
Bai Ye não deixou ela terminar o resto daquela frase. Ele puxou-a para seus braços, e esmagou seus lábios nos dela.