227: Outra Espada Demoníaca? 227: Outra Espada Demoníaca? Dei um passo à frente instintivamente, tentando dar uma olhada melhor. Mas um puxão na minha mão me impediu. “Cuidado”, Bai Ye avisou. “O selo em torno dessas espadas… parece um pouco estranho.”

Parei. Ele estava certo—percebi tardiamente que esse selo era diferente do que passamos da última vez. Em oposição aos portais que emanavam uma aura que levava ao desconhecido, o monte de pedras à nossa frente emanava uma presença restritiva, como se ameaçasse aprisionar qualquer um que ousasse chegar muito perto. “Este não é um selo de manipulação espacial como os anteriores”, eu ofeguei. “Isso é… um selo de aprisionamento?”

E não era apenas o propósito do selo que parecia diferente. Até seu poder espiritual não parecia o mesmo que me levou a esta câmara. Isso significava que a existência que me chamava antes não era o próprio selo, mas realmente o que o selo havia aprisionado lá dentro?

A expressão no rosto de Bai Ye não poderia ser mais séria. “Não chegue mais perto,” ele avisou novamente e acenou com a mão. Com um movimento de mangas, uma faísca de luz branca disparou de sua palma, envolvendo a plataforma com um brilho deslumbrante. Eu franzi os olhos contra o brilho que formava uma esfera ao redor das espadas. Enquanto a esfera começava a girar lentamente, um símbolo escuro em forma de serpente enrolada apareceu sobre a plataforma, com as lâminas cravadas na cabeça da serpente.

“Selos restritivos como este geralmente dependem de talismãs,” Bai Ye explicou. “Eu apenas usei um feitiço para revelar o desenho do talismã subjacente. Este símbolo—” seus olhos se estreitaram, “—é provavelmente usado para aprisionar almas.”

Aprisionar almas? Minha primeira reação foi olhar para essas espadas. Será que elas não apenas pareciam com as Estrelas Gêmeas, mas também funcionavam da mesma forma com a capacidade de deter suas vítimas dentro delas? Eu rapidamente descartei essa possibilidade, no entanto. O poder espiritual das espadas parecia diferente do selo. Se fosse o selo que aprisionava as almas, então isso não deveria estar relacionado ao poder das espadas.

“Qing-er.” A voz de Bai Ye interrompeu meus pensamentos. “O poder espiritual nessas espadas parece familiar para você?”

Eu assenti. “Eles são os mesmos que eu senti através dos portais da última vez. Eles me chamam.” Eu olhei para ele curiosamente. “Você está suspeitando de algo?”

Seu aperto em minha mão apertou. “Eu tenho um palpite,” ele disse com alguma hesitação. “Este selo—” ele gesticulou para a plataforma, “—carrega o poder espiritual característico do Santuário Vermilion, uma seita no leste famosa pela sua arte em talismãs. Pelo que sei deles, os cultivadores dessa seita raramente deixam seus salões, a menos que sejam chamados por outras seitas para ajudar a selar demônios poderosos que não podem ser mortos.”

“Demônios poderosos?” Meus olhos se voltaram para as espadas. “Você está dizendo que essas são espadas demoníacas também?”

“Não. Mas eu acho…” Ele hesitou novamente, como se não tivesse certeza de como explicar o resto para mim. “Eu acho que há uma presença dentro dessas espadas. Não consigo dizer se é um espírito da espada, uma pessoa morta pelas lâminas ou algo mais. Também não consigo dizer se está residindo nas espadas por escolha ou forçado a isso. Mas eu posso perceber sua existência, e eu acho que essa presença é o que esse símbolo foi usado para selar.”

Ponderei sobre essa teoria. Deve ser então uma presença bastante perigosa, se foi importante o bastante para envolver uma seita normalmente reclusa. Eu revisitei tudo que tínhamos visto nesta caverna desde a primeira vez que pisamos nela, tentando determinar se tínhamos encontrado vestígios deixados por essa criatura, e de repente lembrei do ossário que tínhamos encontrado no ano passado. “Um demônio poderoso…” eu repeti as palavras anteriores de Bai Ye. “Poderia ser que essa presença dentro das espadas seja o que matou aqueles cultivadores que desapareceram nas Montanhas Nebulosas? É por isso que o Santuário Vermilion foi alertado, para que pudessem ajudar a acabar com esse desastre e impedir mais vítimas?”

Bai Ye apenas me deu um olhar estranho, e ele não ofereceu uma resposta. “Nós provavelmente deveríamos ir embora,” ele disse simplesmente. “Este selo ainda está ativo e bastante poderoso. Pode não ser seguro para nós ficarmos aqui por muito mais tempo.”

“Espere!” Eu resisti ao seu puxão. “Eu acho que também tenho uma suspeita,” eu disse. Um amontoado de pensamentos parecia estar se juntando lentamente em minha cabeça, e eu cuidadosamente me guiei por eles enquanto falava. “O poder espiritual nessas espadas me parece familiar. Ele me guiou até aqui, me ajudou a encontrar nosso caminho através do labirinto. Se, como você disse, há uma presença dentro dessas espadas, então isso significa que essa presença está relacionada a mim de alguma forma…”

“Qing-er—”
“Isso corresponde ao nosso palpite anterior então,” continuei, ignorando sua interrupção. “A única diferença é que, não são as Montanhas Nebulosas às quais eu estou conectada, mas sim essa presença dentro das espadas. Provavelmente está aqui há centenas ou talvez milhares de anos, então não é surpreendente que tenha chegado aos bixies. Isso também explicaria por que eu consegui manipular aqueles portais da última vez, porque—”
Parei no próximo pensamento que me ocorreu. Voltando-me para Bai Ye, olhei para ele incrédula. “Você mencionou que a forma como eu manipulei esses portais fazia parecer que eu os havia criado,” eu disse, de repente entendendo sua hesitação anterior e relutância em continuar a conversa. “Isso significa que essa presença selada dentro dessas espadas… não está apenas relacionada a mim, mas na verdade… faz parte de mim?”

Embora a pergunta mais chocante que eu sentia medo de perguntar era: isso significava que eu havia contribuído para as mortes de todos esses cultivadores no passado? E quanto disso tinha a ver com as Estrelas Gêmeas?