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- Capítulo 215 - 215 Prazeres Mundanos 215 Prazeres Mundanos Começou a cair
215: Prazeres Mundanos 215: Prazeres Mundanos Começou a cair uma leve neve novamente quando saímos da cabana. Flocos finos e pequenos flutuavam sem peso no ar, capturando reflexos dourados enquanto desciam lentamente do céu da noite. Bai Ye segurava minha mão enquanto caminhávamos pelo chão branco da floresta, imaculado, sem um único rastro de pegadas. A neve estalava suavemente sob nossos pés, e a barra de nossos longos robes se arrastava atrás de nós, agitando um pequeno redemoinho de alvura em pó.
Não falávamos, permitindo que o silêncio pacífico da natureza nos envolvesse. Eu sempre amei momentos como este com ele—quieto, sereno. Era como se o mundo todo tivesse desaparecido, e éramos apenas nós dois, lado a lado, de mãos dadas.
Lancei um olhar para ele. Alguns flocos de neve haviam pousado em seus cabelos negros como tinta, esvoaçando na leve brisa de nossa caminhada. A visão dele era de alguma forma mais hipnotizante assim do que o normal, e eu sorri um tanto idioticamente, sem querer desviar o olhar.
“Qing-er”, ele se virou para mim, acenando em direção aos meus pés. “Cuidado por onde anda.”
Relutantemente desviei o olhar, percebendo que já estávamos a poucos passos da borda do precipício. Ele parou, ficando atrás de mim para não obstruir minha visão. “Olha”, ele se inclinou e sussurrou em meu ouvido.
Olhei, e respirei fundo.
Era uma vista completamente diferente do que eu lembrava do ano passado. O mundo inteiro abaixo de nós estava coberto por uma pureza branca, estendendo-se ao longe até onde podíamos ver. As árvores despidas e os pinheiros escuros estavam todos carregados com casacos fofos, o topo de sua altura capturando a luz inclinada do sol poente, tingidos com uma cor tímida de rubor. O céu era uma mistura diáfana de azul e rosa, as nuvens se transformando em formas oníricas enquanto o sol se punha, cada vez mais baixo, lançando um último brilho colorido através do véu tênue da neve.
“Gosta?”, ele perguntou, me envolvendo em seus braços por trás. “O nascer do sol é ainda melhor. Se quiser acordar cedo amanhã de manhã, podemos vir aqui novamente.”
Enlacei minhas mãos sobre as dele que estavam entrelaçadas na minha frente, e virei a cabeça para trás, olhando para ele. “Adorei.” Eu sorri. “Quantas mais paisagens secretas como esta você está escondendo de mim?”
Ele deu uma risada. “Espere até ver na primavera. As flores silvestres vão colorir este vale com mais cores do que você pode sequer nomear, e a fragrância vai te seguir por onde for. Pode fazer quantas coroas quiser com elas, eu não vou julgar.”
Ri, relembrando de meus hábitos tolos de infância. “E o verão? Com os rios cheios e as árvores luxuriantes, os campos densos e movimentados com as colheitas?” Eu o olhei de soslaio. “Você realmente soube escolher um lar para si. Achei que os cultivadores devem se concentrar no seu dao, sem prestar atenção a todos esses prazeres mundanos!”
Seu sorriso cresceu ainda mais terno com minha repreensão. “Esses prazeres mundanos não são nada sem alguém para compartilhar”, ele disse suavemente. “Eu nunca soube o que havia perdido na vida, Qing-er, até que te conheci. Eu nunca soube que havia todas essas pequenas coisas no mundo merecendo nossa atenção, que nos trariam tamanha alegria simples, mas genuína. Você me mostrou como viver esta vida… E não posso ser mais grato por ainda ter a chance de compartilhar o resto dela com você, do jeito que você queria.”
O último raio de luz do sol da tarde dançava sobre suas bochechas, tingindo-as com um sedutor tom rosado. Meu coração se derretia com o olhar em seus olhos. “Bai Ye…” eu sussurrei, mas outras palavras me faltaram. Me erguendo na ponta dos pés, virei-me em seus braços e busquei seus lábios.
O sol já havia se posto, e o vento assobiando passando pelo precipício começava a ficar gelado, mas eu não sentia frio. O calor em suas palavras, seu sorriso, seu abraço, fervilhava em mim feito uma fonte termal, e eu devolvia tudo aquilo a ele naquele beijo. Era diferente ouvi-lo declarar seu amor por mim assim, sem mais preocupações para contê-lo. Era diferente beijá-lo assim, sem mais barreiras mágicas para se esconder. E este era apenas o começo da nossa nova vida, real e livre.
Deixei-me perder naquela sensação de êxtase, perdida na suavidade de seus lábios e no gosto na ponta de sua língua. Aquele beijo tinha começado apenas como um selinho inocente… mas ele se aprofundou rapidamente, e antes que eu percebesse, minhas mãos haviam escorregado para trás dele, puxando-o para mais perto. “Bai Ye,” sussurrei em sua boca, “você se lembra do que me disse na última vez, depois que voltei ao Monte Hua deste lugar? O que você disse que queria fazer comigo neste penhasco, quando o primeiro raio de sol se libertasse do horizonte?”
Senti seus lábios se curvarem. “Claro que me lembro.” Ele mordeu meus lábios brincalhão. “Mas seu acordo ainda dura mais um dia… Estou tentando ser bom e mostrar minha determinação de manter minha promessa.”
Eu gargalhei. “Então você será recompensado pelo seu esforço. Declaro o pôr do sol o fim de mais um dia. Nosso acordo acabou.” Beijei-o novamente. “Você disse que iria compartilhar sua vida comigo do jeito que eu queria… Então faça. Você sabe o que quero neste exato momento.”
Ele riu, um timbre alegre de felicidade que ecoava no vale silencioso. No momento seguinte, ele me ergueu no colo. “Muito feliz em obedecer”, ele disse, “embora eu tema que teremos de deixar o penhasco para a próxima vez… Por mais que eu ame um rolamento na neve, nossa nova cama precisa ser aquecida. Você não concorda?”
Carregando-me em seus braços, ele marchou em direção à cabana.