Seja Gentil, Mestre Imortal - Capítulo 115

115: Melhor Mestre 115: Melhor Mestre Eu observava as lâminas sob a luz baixa, muitas perguntas borbulhando em minha cabeça. Como essa visão chegou até mim? O que significava para minha conexão com Estrelas Gêmeas? E… quem era essa garota?

Todos no Monte Hua sabiam que Bai Ye nunca tinha aceitado um discípulo antes de mim. Quando ouvi a garota chamá-lo de “mestre” na visão, por um momento pensei que ela poderia ser Su Nian, mas então percebi que isso não deveria ser possível. Sem uma cerimônia formal de mestre, mesmo Su Nian não teria o direito de se dirigir a ele assim.

Claro que, Bai Ye nunca foi apegado a formalidades. Ele poderia simplesmente ter feito uma exceção para ela quando não havia mais ninguém por perto. Ou essa poderia ser uma visão de antes dele chegar ao Monte Hua…

Sacudi a cabeça. Não importava. Quem quer que essa garota fosse, enquanto ela não estivesse mais ao redor dele, então não era da minha conta. Se alguma coisa, eu me sentia sortudo por ter conhecido Bai Ye em um momento melhor do que ela ou Su Nian. Ele sempre foi nada além de gentil e indulgente comigo, e admitirei sem vergonha que eu gostava desse jeito.

Limpei esses pensamentos da minha mente e retomei a meditação, sem dar mais atenção à luz carmesim pulsante nas Estrelas Gêmeas.

~ ~
Quando me certifiquei de que tinha memorizado cada passo da técnica perfeitamente, voltei para o meu quarto, apenas para encontrar Bai Ye esperando por mim na porta.

Ele sorriu ao me ver. “Você acabou de voltar da meditação?” ele perguntou. “Alguma visão recentemente?”

Eu não queria incomodá-lo com detalhes sobre a garota—após a distração relacionada a Su Nian pelos últimos dias, eu não precisava trazer mais tópicos para ele explicar e me tranquilizar—então sorri também e disse simplesmente, “Nenhuma até hoje, na verdade. Mas nada tão impressionante quanto na última vez. Você estava apenas polindo sua espada.”

Ele me deu um olhar meio duvidoso. “Estrelas Gêmeas se incomodou em te mostrar algo tão tedioso?”

Eu ri. “Eu assistira feliz você polir sua espada o dia todo. O que você estava esperando por mim?”

Entrei no meu quarto, e ele me seguiu. “Estava pensando em te mostrar como fazer pílulas medicinais ao invés de poções. Pode ser… conveniente para a viagem.”

Meus passos pararam. Eu nem mesmo tinha pensado nisso. Preparar poções seria complicado, para dizer o mínimo, enquanto estivéssemos fora, e se eu não pudesse fazê-las…

Um calor subiu em minhas bochechas. “Você deveria ter me ensinado isso há muito tempo,” murmurei. “Fazer pílulas é uma habilidade básica para os curandeiros entre os comuns, não é?”

Ele riu. “Se eu te ensinasse tudo já, Qing-er, você não precisaria mais de mim em breve.” Ele caminhou até a cozinha e fez sinal para que eu seguisse. “Eu anotarei a receita para você mais tarde—poções e pílulas exigem proporções diferentes de ingredientes, e teremos que substituir algumas ervas que não funcionam tão bem secas. Mas por agora, podemos começar com qualquer erva moída só para te mostrar o processo.”

Eu assenti e peguei um frasco de alcaçuz seco já picado. Ele esfregou uma pitada entre os dedos para verificar sua textura. “Um pouco mais fino vai ser mais fácil para o seu estômago,” ele disse. Eu estava prestes a sentar à mesa com o pilão quando ele acrescentou, “Eu farei isso. Ferva um pouco de mel, essa etapa é mais importante para você aprender.”

Nenhum outro mestre moeria ervas sozinho para seus discípulos, pensei enquanto lhe entregava o frasco. Bai Ye sempre foi demasiado indulgente comigo.

“Use uma proporção de duas para três entre ervas moídas e mel,” ele continuou enquanto sentava e começava a trabalhar no pó. “Leve a ferver em fogo alto primeiro, depois cozinhe em fogo baixo até a espuma ficar laranja. Você pode testar se está pronto com um palito. A calda deve ser pegajosa, mas não o suficiente para puxar. Se você deixar cair uma colherada em água fria, ela deve formar uma massa lisa em vez de se quebrar.”

Eu repeti cada palavra para mim mesma e me certifiquei de lembrá-las. Por mais fácil que soasse, alcançar a temperatura e consistência certas era essencial em medicina, e sempre exigia muita prática para fazer as coisas perfeitamente.

Preparei um fogo e deixei uma panela pronta. O som de suas mãos habilidosas triturando as ervas me acompanhava enquanto eu preparava o mel, e enquanto trabalhávamos juntos em silêncio pacífico, a memória dos primeiros anos quando ele me ensinou a preparar poções passava pela minha mente. Eu lembrava do modo como ele segurava minha mão e me mostrava tudo passo a passo: como moer ervas na finura certa, como cozinhá-las com o calor correto, como usar meu poder espiritual para fortalecer sua potência…

Lancei um olhar furtivo para ele. Anos haviam se passado desde então, mas ele ainda me ensinava com a mesma paciência de sempre. Eu realmente tinha muita sorte de ele não ser mais o homem frio e facilmente irritável que era na visão.

“Sinta esta textura,” ele de repente se virou, capturando meu olhar. Desviei o olhar rapidamente, um pouco envergonhada por ele ter me visto distraída novamente, mas ele apenas sorriu e não fez comentários. Ele deixou eu sentir a consistência do novo pó e me mostrou como usar meu poder espiritual para realçar seu efeito. Quando a calda estava pronta, nós a vertemos na tigela de ervas, pouco a pouco, enquanto mexíamos e amassávamos a mistura para formar a pasta para as pílulas.

Nossos dedos se tocaram enquanto ele me ajudava a trabalhar a massa, o calor de sua pele enviando ondas de calor para o meu coração. Por um momento, senti-me agradecida por aquela visão por me lembrar do que eu quase tinha dado por garantido esses dias—eu realmente tinha o melhor mestre deste mundo.