Capítulo 464: Quinto Mundo: O Pet do Rei Demônio

Dizem que quando chove, atola. É só perguntar a Qie Xieling agora mesmo e ele te diria em detalhes. Enquanto ele lidava com um estômago embrulhado e com o rosto tão pálido quanto uma folha de papel, o chão de repente tremeu, fazendo-os perder o equilíbrio.

Ele havia acabado de ser salpicado no rosto com sangue podre e agora estava sendo sacudido como se estivesse em uma centrífuga. Melhor ainda, estava sendo agitado como um coquetel em uma coqueteleira.

Os tremores semelhantes a um terremoto pararam repentinamente, permitindo que Shao Lan finalizasse o resto dos mortos-vivos.

Se Qie Xieling estava com ânsia de vômito antes, agora ele estava vomitando de verdade. Dai Yu deu tapinhas em suas costas enquanto Machu trazia um pouco de remédio. Eles cuidaram do pobre coelho até que alguma cor retornou ao seu rosto. Só depois de terem certeza de que sua condição havia melhorado é que finalmente abordaram o elefante na sala.

Não havia nada de natural nos tremores de terra, mas ainda não conseguiam descobrir a fonte. Shao Lan agachou-se e colocou a palma da mão no chão. Com os olhos fechados, ele enviou seu Qi no chão conectando-se à complicada rede de veias espirituais da natureza.

Seu Qi agia como um endoscópio projetando imagens de onde quer que viajasse subterraneamente. Este método era muito diferente de empatia, mas era igualmente extenuante. Sua testa já estava coberta por uma camada de suor frio e sua força diminuindo, mas ele precisava descobrir o que estava vindo para se prepararem para isso.

Dai Yu começou a se preocupar com ele e não hesitou em aconselhá-lo a parar. Assim que ela o convenceu a parar, seu Qi finalmente encontrou algo.

A energia escura vinda desse lugar era sufocante, estrangulando seu Qi que ele queria recuar. É quando ele viu. A imagem estava embaçada, mas assustou-o tanto que ele retirou-se abruptamente caindo de costas.

“Lan-ge!” gritou Dai Yu em pânico enquanto corria para o lado dele. Ela era a própria definição da palavra aflita enquanto o ajudava a se levantar.

Shao Lan não poderia se importar menos com sua imagem agora, dizendo hesitante, “Temos que ir. É, é…” Até ele não podia ter certeza do que viu debaixo do Monte Lese a alguns quilômetros de distância deles. Esta montanha escura e sinistra era famosa por abrigar uma criatura formidável conhecida pelo povo comum como Qian heti (Quimera), a criatura mais feroz da história.

Dizia-se que era um híbrido de três cabeças que cuspia fogo, com a cabeça de um leão, uma cabra em suas costas e a cabeça de uma serpente se estendendo de sua cauda. Pelo que Shao Lan viu, não era apenas um boato. Aquela besta parecia exatamente como descrito, só que mais horrível pessoalmente.

“O que, o que é?” perguntou Machu, sentindo-se bastante ansioso. Se fosse algo que eles não pudessem manejar sozinhos, então teriam que reunir tropas, e julgando pela reação de Shao Lan, deveria ser Godzilla ou King Kong para ele estar tão abalado.

“É Qian heti e acabou de romper suas amarras debaixo do Monte Lese,” ele explicou com um leve tremor na mão. Este tipo de criatura era difícil de matar e alguém acabou de libertá-la, resignando o mundo inteiro a um fim fatal.

“Hahaha…. não, isso haha, isso não pode ser,” disse Machu rindo em descrença, mas o olhar vazio no rosto de Shao Lan falava muito. “Ha ha….. espere, você está falando sério pra caralho?” perguntou Machu enquanto sua risada diminuía.

“Temos duas opções. Quer ouvi-las?” disse Dai Yu com a mão nas costas de Shao Lan.

“Vá em frente, vamos ouvir,” disse Machu apoiando Qie Xieling que parecia meio morto.

Dai Yu tirou um pedaço de papel e disse seriamente, “Opção um, escrevemos nossos testamentos e nos resignamos ao nosso destino ou… ou vamos à seita Zhao e convencemos aquelas seitas justas a reunir mão de obra para lutarmos juntos. Talvez tenhamos uma chance, mas isso significa que teremos que sacrificar nosso orgulho,” com um olhar sombrio.

Machu estava prestes a dizer, “Alguém tem um pincel de tinta?” para que pudesse começar a escrever quando outro tremor de terra sacudiu o chão seguido por um rugido alto permeando o ar.

“Dane-se o orgulho. Vamos sair dessa porra,” respondeu Machu enquanto Qie Xieling sacava um talismã de teleportação.

“Eu sei para onde ir,” disse Qie Xieling enquanto abria um portal. As quatro figuras desapareceram da floresta de bambu a tempo para o chão desabar onde estavam de pé.

Os quatro reapareceram em uma casa estranha, fazendo os outros três olharem para Qie Xieling estranhamente. Qie Xieling olhou de volta para eles, perguntando, “O quê?” enquanto dava de ombros.

“De quem é esta casa?” perguntou Machu enquanto tocava em coisas que não deveria tocar.

Qie Xieling se espalhou na cama e disse, “É o lugar do Shixiong…. Vou me deitar por um minuto e vocês três podem ir convencer os velhos chantagistas de que o mundo que conhecem está prestes a acabar,” encontrando um lugar aconchegante.

Dai Yu colocou a mão na cintura e perguntou, “Como você está se sentindo agora?” em um tom gentil.

“Eu estou, ah…. me-melhor,” ele respondeu hesitante com um pouco de desconfiança.

Sua desconfiança era justificada porque Dai Yu sorriu no instante seguinte e o arrastou para fora da cama pela orelha. “Bom, então você vem conosco. Precisamos do seu carisma agressivo para apelar a esses lunáticos de longas barbas.”

Dito isso, Qie Xieling foi arrastado para ver os líderes das seitas que ainda estavam reunidos no salão principal.

Em um reino distante, King Yama estava tomando seu chá da tarde após uma manhã ocupada ordenando almas aflitas. Quando estava prestes a esticar as pernas para dar um gole longo e agradável, houve uma perturbação na atmosfera que o fez pausar. Os arredores estavam tão silenciosos que se podia ouvir o som de um alfinete caindo.

King Yama franziu a testa com uma expressão pensativa. Pensando que estava exagerando, voltou a beber seu chá. Quando estava prestes a tomar um gole, um rugido alto sacudiu todo o reino, fazendo-o derramar seu chá, manchando seu manto favorito.

Ele sacudiu a manga enquanto colocava a xícara de chá de volta. Quem mais teria a ousadia de causar problemas através de três reinos, exceto, “MIYU REN!!!!!!!!”

Enquanto King Yama procurava em seus contatos o melhor caçador de recompensas para trazer aquele demônio de volta ao submundo, o culpado estava eufórico com seu novo mascote que acabara de libertar. Estava tão radiante que ignorava as pessoas ao seu redor.

“Oh Deus, por que eu sempre tenho que lidar com os malucos?” sussurrou Wen Qinxi pensando que se Qie Ranzhe estivesse realmente rodeado por pessoas tão loucas no mundo real, o CEO poderia muito bem esquecer seu número e fingir que não se conhecem.