572: Meu Rei 572: Meu Rei O coração de Jonah parou no peito quando seus olhos pousaram em Cordélia. Ela estava esparramada em sua cama, suas longas pernas bronzeadas totalmente à mostra enquanto ela folheava distraidamente os relatórios. Sua saia havia subido, e por causa disso, deixava muito pouco para a imaginação. 
Embora Jonah tivesse lentamente se acostumado com as escolhas de moda extremas das mulheres de Nedour, esta era a primeira vez que ele via algo desse tipo. Imediatamente, suas bochechas queimaram enquanto ele desviava o olhar, mas essa ação apenas chamou a atenção de Cordélia, que sorriu.

“Você está atrasado,” ela simplesmente disse, deixando o monte de relatórios cair ordenadamente na superfície do criado-mudo com um baque surdo.

Lenta e sensualmente, ela esticou as pernas para fora da cama, certificando-se de fazer as saias finas subirem enquanto fazia isso. Jonah nem mesmo estava olhando em sua direção, mas o som de mexer dos lençóis enviou sangue correndo para a sua cabeça, fazendo sua imaginação disparar.

Deus. Isso era uma forma horrível de tortura. Havia apenas um tanto que Jonah podia fazer para suprimir seus desejos inatos, e agora que Atticus havia aberto seus olhos para o que ele verdadeiramente sentia pela princesa herdeira de Nedour, mesmo estar no mesmo quarto que ela parecia como se estivesse submetido a um afrodisíaco.

Jonah limpou a garganta. 
“Estávamos acertando os detalhes finais,” ele disse. “A família do Lorde Waylen era um punhado.”

“Nada que você não pudesse lidar, imagino,” Cordélia comentou. Ela caminhou até ele, parando um pouco próximo demais para o conforto.

Seus peitos estavam quase prensados um contra o outro, e com essa diferença de altura, se Jonah olhasse para baixo, ele teria uma visão completa de tudo que ele não tinha o direito de ver. Assim, ele não teve outra escolha a não ser erguer a cabeça para cima, sem vontade de encontrar os olhos de Cordélia.

O perfume doce dela se espalhou, misturado com um aroma que era puramente dela. Era refrescante ― como um gole de uma bebida gelada em meio ao calor do verão, cercado por flores raras.

O coração de Jonah até pulou uma batida quando Cordélia estendeu a mão. O dorso de sua mão roçou sua bochecha, e Jonah sentiu todos os seus cabelos se arrepiarem. Até o toque dela parecia como se estivesse deixando um rastro abrasador, queimando seu corpo devagar e ternamente. Finalmente, ela repousou sua palma em seu peito bem sobre o seu coração.

Um pequeno sorriso se estendeu em seu rosto.

“Ai, ai, Jonah,” ela repreendeu, seus lábios se curvando em um belo sorriso zombeteiro. “Por que seu coração está batendo tão rápido?”

Seu pomo de Adão subiu e desceu enquanto ele engolia, e ele arriscou um rápido olhar nos olhos dela. As íris de Cordélia eram azul-verde brilhantes, a cor das ondas do verão enquanto se chocavam na praia. E agora, elas o encaravam fixamente como se ele fosse o único que colocou as estrelas no céu ― o céu dela, pelo menos.

Jonah pressionou seus lábios firmemente um contra o outro, recusando-se a falar. Para ser justo, ele não conseguia reunir forças para responder. Se ele o fizesse, não tinha certeza do que diria, ou se sua voz o falharia. Nessa altura, essa era uma possibilidade incrivelmente alta.

Cordélia, que notou sua relutância em responder, simplesmente riu. Ela havia captado o rubor violento em suas bochechas há muito tempo, e seus olhos até se desviaram para baixo para examinar sua reação. Eles estavam um pouco próximos demais pelo que era apropriado, afinal, e pequenos movimentos como aquele poderiam facilmente ser percebidos.

Sem aviso, Cordélia de repente se afastou, sua saia esvoaçando atrás dela como um par de asas de borboleta. Jonah só respirou aliviado quando ela se foi, mas não foi de alívio, e sim como se sua alma estivesse sendo puxada para fora de seu corpo por um fio invisível, seguindo atrás dela.

“De qualquer forma, preciso de um rei,” ela de repente disse. “O concurso falhou em obter resultados.”

Inspirando profundamente para estabilizar sua voz, Jonah disse, “Encontraremos um que seja adequado para governar ao seu lado, Vossa Alteza.”

Suas palavras fizeram Cordélia virar a cabeça abruptamente para encará-lo. Sua expressão era indecifrável, e na luz fraca da lua e do candelabro oscilante, Cordélia murmurou.

“Eu já encontrei um candidato adequado.”

“Ah.” Antes que ele pudesse se conter, Jonah deixou escapar um som de decepção. 
Ele não conseguiu controlar a queda de seu coração, que cambaleou em sua caixa torácica enquanto despencava para as profundezas do desespero. As pequenas faíscas e brasas que haviam surgido mais cedo hoje foram rapidamente extintas, e ele sentiu como se um balde de água fria tivesse sido despejado sobre sua cabeça.

Era cruel ― se ele nunca tivesse percebido seus sentimentos, talvez não teria sido tão difícil lidar com isso.

“Você tem um encontro amanhã cedo para comparecer,” Cordélia de repente disse, e Jonah teve que varrer os pedaços de seu coração para longe para que ele pudesse lidar com suas tarefas apropriadamente e diligentemente.

Ele não poderia estar ao lado de Cordélia como seu amante, mas tudo bem. Ele superaria isso, eventualmente, seja através do desgaste do tempo ou com a partida de sua vida.

“Um encontro, Vossa Alteza?” Jonah perguntou.

“Sim,” Cordélia disse. “Para tirarem suas medidas. As costureiras reais precisarão saber seu tamanho para fazer suas roupas.” Um sorriso estendeu seus lábios. “Ou quando forjarem uma coroa para você.”

“Uma… coroa?” Jonah ecoou com um grasnido.

“Claro,” Cordélia disse. 
Ela balançou a cabeça enquanto seus pés batiam no chão, diminuindo a distância entre eles novamente. Seus dedos alcançaram as lapelas de seu casaco, e com facilidade, ela o puxou junto com ela para trás até que seus joelhos atingissem o lado da cama.

“Eu disse que já encontrei um candidato adequado, não disse?” Cordélia disse, estalando a língua. “Quem você achou que eu estava me referindo?”

“Nikun?” Jonah instintivamente disse, o que apenas lhe rendeu um revirar dos olhos de Cordélia.

“Um criminoso? Sério?” Cordélia perguntou com uma sobrancelha levantada. “Você é tão emocionalmente obtuso para alguém tão absolutamente brilhante.”

Num relance, ela trocou as posições deles e se inclinou para frente, empurrando Jonah para baixo. Ele caiu na cama, e Cordélia rapidamente subiu em cima, pairando sobre ele. O decote do vestido dela foi puxado para baixo pela força da gravidade, e com isso, Jonah teve uma visão totalmente clara do que ele vinha tentando evitar esse tempo todo por medo de perder o já precário controle.

Cordélia, no entanto, se recusou a permitir que ele olhasse para longe. Ela avançou e segurou seu rosto com uma mão, forçando-o a encontrar seu olho.

“E,” ela arrastou, “eu já não lhe disse para abandonar os honoríficos quando estamos sozinhos,” ela sorriu, “meu rei?”