537: O Primeiro Teste 537: O Primeiro Teste Daphne e Atticus estavam de volta ao palácio logo cedo; Daphne estava animada para testemunhar o começo do florescer do romance de Cordélia, enquanto Atticus estava lá porque queria rir dos muitos pretendentes patéticos que não faziam ideia do que os esperava, e para arquitetar maneiras de sequestrar Jonah de volta desta princesa ardilosa.

É claro, sua prioridade era garantir que Nikun vencesse. Assim, ele teria seu melhor amigo de volta enquanto Cordélia conseguia seu novo marido.

O palácio estava um burburinho de atividade, com criados correndo de um lado para outro, carregando rolos de pergaminho e mesinhas para o hall. No entanto, Daphne só tinha olhos para Cordélia, que olhava para seus concorrentes lá de seu lugar na varanda com um olhar entediado no rosto, tamborilando os dedos na balaustrada. Havia um prato de comida à sua frente, quase intocado.

Atrás dela estava Jonah, que avaliava cuidadosamente todos os homens. O assassino ainda estava solto. Daphne seguiu sua linha de visão e observou os concorrentes de Cordélia.

Os homens estavam agrupados em seus próprios cantos.

Era muito claro para Daphne quem eram os plebeus que queriam tentar a sorte e quem eram os nobres que achavam que tinham direito a um tratamento melhor de sua princesa. Eles formavam dois dos maiores grupos, e havia um punhado de outras pequenas coalizões. Daphne supôs que eles poderiam ser estrangeiros agrupando-se, já que todos estavam em desvantagem de sua própria maneira.

E neste grupo estava Nikun. Ele pulava no lugar como um cachorrinho animado, enquanto o homem ao seu lado lhe lançava um olhar de desprezo. Julgando pela sua roupa, ele devia ser um príncipe de algum tipo. Ele tentou se afastar, mas Nikun o seguia alegremente, tornando-se impossível de se livrar.

“Bom dia.” Cordélia virou-se para sorrir para Daphne, e houve um leve tumulto lá embaixo enquanto os homens avistavam seu sorriso. Cordélia os ignorou em favor de abraçar Daphne para cumprimentá-la. “Vejo que você está aqui para conferir seu concorrente favorito?”

“Bem sim, mas eu também estou aqui para ver você. Você não tomou café da manhã?” Daphne perguntou, já que não viu Cordélia no café da manhã. Enquanto isso, Atticus se serviu alegremente de uma fatia de pão com manteiga apesar de já ter tomado um café da manhã reforçado.

“Terei bastante tempo para isso mais tarde,” Cordélia disse, o que significava ‘sim’. “Estava fazendo ajustes de última hora.”

Daphne franziu a testa e olhou de volta para os concorrentes. “O que está suposto a acontecer agora? Com certeza você não está pensando em sair em encontros com todos eles?”

Com a quantidade de homens presentes, levaria uma quinzena para Cordélia mesmo que só passasse uma hora ou mais com cada homem!

“Claro que não, metade deles será eliminada antes que este dia termine,” Cordélia disse simplesmente. Ela se virou de volta para a varanda para se dirigir a eles.

“Bom dia a todos vocês. Estou feliz em ver todos vocês de alto astral, mesmo após os acontecimentos sóbrios de ontem.”

Houve um murmúrio leve, já que todos se lembraram da morte de Yael, mas logo foi superado enquanto Cordélia continuava a falar.

“Este é o primeiro desafio da competição. Façam espaço para si mesmos. Senhoras, entrem.”

Daphne observou enquanto hordas de empregadas vinham, cada uma carregando uma mesa e um folha de pergaminho, e os homens começaram a se dispersar para encontrar um lugar para si. Logo, cada homem tinha uma mesa baixa e uma folha de pergaminho à sua frente, junto com uma pena.

“Meu marido deve ser um homem culto, para ajudar a liderar Nedour em uma era de prosperidade,” Cordélia começou.

“E isso significa que meu marido deve ter algum conhecimento básico sobre como resolver questões complicadas. Para sua primeira tarefa, terão três horas para escrever um ensaio sobre como abordar a questão de outros países invadindo as águas de Nedour, bem como debater sobre os direitos de Nedour no território altamente contestado da Ilha Lomi.”

Daphne engasgou; mentalmente rezando pelos homens. Se ela estivesse participando da prova, estaria suando baldes. Mesmo como rainha, levaria um tempo para formular uma solução apropriada, que dirá escrevê-la. Como estava, ela já podia ver os rostos desanimados de plebeus e nobres igualmente.

Nikun parecia confiante, contudo. Daphne esperava que seu estudo compensasse.

Atticus ergueu uma sobrancelha para as perguntas apresentadas — caramba, a Princesa Cordélia nem deu tempo para eles se acomodarem antes de jogá-los na profundidade para nadar ou afundar. Ela estava usando esse evento para buscar soluções desde já!

Enquanto isso, Jonah continuava a observar o grupo impassível, apenas para o caso de uma briga começar.

“Claro, se vocês quiserem desistir da competição agora, sintam-se à vontade para fazê-lo,” Cordélia acrescentou. “Não há vergonha em conhecer seus limites.”

Ninguém saiu, mesmo Daphne duvidando muito que os plebeus soubessem ler.

“Se precisarem de mais pergaminho, simplesmente levantem as mãos e meus criados trarão até vocês,” Cordélia disse, “Seu tempo começa… agora.”

Imediatamente, os homens se curvaram sobre suas mesas, escrevendo freneticamente. Daphne se divertiu ao ver como alguns decidiram pela oração como solução, enquanto outros batiam suas cabeças silenciosamente contra as mesas.

“Deus, isso é hilário,” Atticus disse com alegria mal contida enquanto trincava um scone. “Olha só esses nobres, parecem que esqueceram como usar uma pena! Princesa Cordélia, você é diabólica.”

“Devo fazer o que for preciso para encontrar o homem certo,” Cordélia disse, e então se dirigiu a Jonah. “Então Sir Jonah, como responderia as perguntas que fiz mais cedo?”

Jonah pigarreou, e Daphne o encarou, imaginando o que ele diria. Atticus também estava curioso, mas por dentro torcia. Jonah nunca foi de política; Cordélia veria isso e perceberia que ela não poderia encaixá-lo em sua visão de vida perfeita e Atticus poderia levá-lo de volta para Vramid, onde ele pertencia.

Jonah suspirou.

“Princesa Cordélia, você sabe muito bem o que estou prestes a responder, já que fui eu que te ajudei a pensar nesta pergunta inicialmente,” Jonah repreendeu. Atticus e Daphne trocaram olhares surpresos com suas palavras.

“Me dê o prazer então,” Cordélia disse, apoiando a cabeça sobre as mãos entrelaçadas enquanto olhava fixamente para Jonah, batendo deliberadamente os cílios para desestabilizá-lo mais. Felizmente, todos os concorrentes estavam ocupados demais com seus ensaios para ver sua princesa piscar os olhos para Jonah.

Jonah suspirou novamente e começou a explicar. “A questão da soberania das águas de Nedour atormenta o reino há gerações e não há solução boa, devido à falta de um ponto de referência fixo e ao fato de outros reinos recusarem-se a chegar a um acordo sobre o que constitui um marco adequado para águas territoriais. Como tal, eu faria―”
Atticus empalideceu enquanto Jonah continuava a falar, detalhando sugestões que ela poderia considerar. Ele rapidamente começou a se desligar de tudo o que Jonah dizia, e em vez disso, focou no modo como Cordélia estava praticamente disparando flechas do Cupido através do olhar em seus olhos para Jonah.

Sua pele começou a formigar enquanto gotas de suor frio começavam a se acumular em suas costas por baixo da camisa.

Isso não era para acontecer!