Roubada pelo Rei Rebelde - Capítulo 461

461: Quando a Poeira Baixar I 461: Quando a Poeira Baixar I Eles encontraram o Rei Calarian enterrado nos escombros.

Ele estava longe de estar morto. Muito pelo contrário, havia tentado procurar por sobreviventes. Havia apenas até onde a magia podia ajudar e, quando se tratava dos feridos e dos fracos — não havia metal que ele pudesse usar contra a pele deles para ajudar na sua condição. Sendo assim, não tinha outra escolha senão ajudá-los manualmente sempre que não podia mais usar sua magia.

Depois que as construções foram erguidas, ele e seus homens transportavam os feridos um a um para o abrigo mais próximo, para que suas feridas pudessem ser tratadas. Infelizmente, os mortos tinham que ser deixados para trás. Eles estavam numa corrida contra o tempo e não havia como eles cuidarem dos falecidos também. Uma vez que os sobreviventes estivessem seguros, eles ajudariam a reunir essas famílias com seus entes queridos caídos.

Ele não deixou de notar, no entanto, que as tempestades de areia eventualmente cessaram e os céus lentamente se iluminaram com a luz do sol.

O culpado por isso apareceu logo depois.

— Rei Calarian — Atticus cumprimentou, assentindo uma vez quando seus olhos encontraram os do homem mais velho.

Os olhos do Rei Calarian seguiram até Daphne nos braços de Atticus, uma carranca lentamente surgindo em seu rosto. Ele saiu das ruínas, limpando suas mãos antes de caminhar em direção a onde Atticus, Sirona e Jonah estavam.

Então, quando se aproximou, ele percebeu que havia — incluindo a Rainha inconsciente — uma quinta pessoa presente. Jonah arrastava o corpo de Jean Nott pela perna com uma mão e pela cabeça com a outra, enquanto permanecia impávido diante do cadáver desmembrado.

— Rei Atticus — Calarian respondeu, seus olhos ainda fixos no sorriso selvagem e despreocupado que estava no rosto de Jean Nott. — Vejo que você conseguiu subjugá-lo.

— Ele não será mais um incômodo para a sociedade — Atticus declarou. — Quanto à sua cidade…
Algo brilhou nos olhos do Rei Calarian. Era um olhar que era frio, calculista e repleto de um número infinito de pensamentos que Atticus não conseguiu captar todos. Eventualmente, ele assentiu, gesticulando para a cabeça.

— Você teve que fazer o que fez para capturar Jean Nott — disse o Rei Calarian. — Eu vi a batalha. Ele é realmente um adversário formidável. Alguma ideia do porquê?

— Na verdade, sim — disse Atticus.

Ele olhou em volta para a devastação, franzindo a testa enquanto absorvia tudo. Enquanto a expressão do Rei Calarian era calma na maior parte, Atticus sabia que sem dúvida havia um poço infinito de raiva que atualmente fervia dentro dele. Ele devia ao Rei Calarian tanto um pedido de desculpas quanto uma explicação. Por enquanto, ele ainda não via a necessidade de queimar essa ponte.

Atticus ainda podia desempenhar o papel de um hóspede arrependido.

— Mas se estiver tudo bem para você, talvez possamos esperar até o retorno ao palácio — disse Atticus. — Minha esposa não está se sentindo bem e eu gostaria de pelo menos colocá-la para descansar antes de oferecer uma explicação.

— Muito bem — Rei Calarian assentiu.

— Obrigado pela sua gentileza — disse Atticus.

Em retorno, ele olhou para a área que o Rei Calarian tinha estado cuidando antes de sua chegada. Ele não precisava de suas mãos — bastava um olhar e os pedaços restantes de muros quebrados e tetos tombados começavam a flutuar pelo ar, ficando de pé mais uma vez. Corpos começaram a sair dos escombros e suavemente, Atticus os colocou em uma área segura onde os homens de Calarian pudessem acessar facilmente.

Os feridos foram rapidamente levados embora. Quanto aos mortos — que foram deixados para trás pelos cavaleiros anteriormente devido à priorização daqueles que ainda estavam vivos — eles foram rapidamente tratados também.

— Após você, então, Rei Calarian — disse Atticus, afastando-se para o lado para que Calarian pudesse passar primeiro.

O homem mais velho assentiu, virando-se para seus soldados para dar suas últimas ordens antes de seguir diretamente para o palácio. O trio seguiu atrás, com Daphne ainda nos braços de Atticus e o corpo de Jean Nott sendo arrastado pelo chão, deixando um rastro vermelho onde passavam.

***
— Pai! — O grito de Nesrin cortou o palácio antes dela se atirar sobre o Rei Calarian, seus braços envolvendo o torso do homem e sua cabeça enterrada em seu peito. Ele, em troca, colocou uma mão em sua cabeça, gentilmente acariciando.

Um a um, rostos familiares lentamente apareceram, alívio se espalhando em seus rostos quando perceberam que seu rei havia retornado são e salvo. Ele mal tinha um arranhão em seu corpo, apenas um pouco de poeira e sujeira que se agarravam ao seu cabelo, nada que a Rainha Lavinia não pudesse afagar carinhosamente quando ela chegou ao seu lado.

No momento em que Nesrin se afastou, o Rei Calarian puxou a Rainha Lavinia para perto. Ela reagiu fervorosamente, suas mãos nas lapelas da camisa dele enquanto o puxava para um beijo terno. Lágrimas brotaram em seus olhos quando eles se separaram, sua mão gentilmente deslizando por sua bochecha enquanto ela olhava em seus olhos.

— Por que as lágrimas, meu amor? — o Rei Calarian perguntou suavemente, usando seu polegar para limpar as lágrimas caídas.

A Rainha Lavinia balançou a cabeça. — Eu estou apenas feliz por seu retorno.

Houve um pequeno e agudo suspiro do lado da Rainha Lavinia, e quando ela se virou, percebeu que o olhar de sua filha mais velha estava fixo na mulher nos braços do Rei Atticus. Com um olhar mais atento, a Rainha Lavinia rapidamente percebeu porquê. Seus olhos se arregalaram em choque ao ver o tufo familiar de longos cabelos loiros prateados, aconchegados no abraço do Rei Atticus.

Cordélia também havia aparecido e, embora ela — como o resto de sua família — estivesse encantada em ver seu tio são e salvo, rapidamente percebeu que Daphne não estava de pé. Seu coração deu um pulo e ela sentiu como se tivesse acabado de ser mergulhada nas águas geladas do seu lar.

Ela respirou tremulamente. — Isso é…?

— Ela está perfeitamente bem, Sua Alteza — disse Atticus com um sorriso. — Apenas um pouco cansada do que aconteceu.

Lentamente, ele passou Daphne para Sirona, permitindo que a curandeira a carregasse em vez disso. Havia uma névoa fraca de roxo que ainda cercava Daphne — Atticus usou sua magia para aliviar seu peso para que Sirona não tivesse tanta dificuldade em carregá-la, mesmo que Daphne não pesasse muito para começar. Ele não queria correr nenhum risco de Sirona acidentalmente deixar Daphne cair.

— Sirona, se puder — disse ele.

— Claro — disse ela. Com isso, ela rapidamente partiu para a enfermaria com Daphne, deixando Atticus e Jonah com a família real de Xahan.

Não escapou de seu aviso, claro, que a Princesa Nesrin parecia ter um interesse um tanto exagerado em sua esposa. O jeito como ela olhava para ele o lembrava de si mesmo — estava cheio de culpa e arrependimento. Ele fez uma nota mental para perguntar mais tarde, mas por agora, ele tinha outras questões mais urgentes em mãos.

— Eu trouxe um presente — disse o Rei Atticus, acenando com a mão. Instantaneamente, a cabeça e o corpo foram arrancados do aperto de Jonah, cobertos por uma camada de roxo iridescente enquanto voavam para frente.

Cordélia instintivamente agarrou os gêmeos, pressionando seus rostos em sua saia para que eles não vissem nada. Da mesma forma, a Rainha Lavinia segurou Bianca firmemente contra seu peito. O bebê estava dormindo, mas ela não queria arriscar ela abrir os olhos de repente apenas para ver essa bagunça sangrenta.

— Eu tenho boas notícias, como podem ver — disse o Rei Atticus. — Jean Nott está morto.