Roubada pelo Rei Rebelde - Capítulo 431

431: Lembrete Grosseiro 431: Lembrete Grosseiro “Devemos voltar para dentro,” Nereu disse. “A noite está fria para o seu corpo. Você pode ficar doente assim.”

“Só mais um pouquinho,” Daphne murmurou, com a cabeça inclinada para cima enquanto olhava para o céu.

A lua estava cheia esta noite, brilhante e lindamente luminosa. Seus raios prateados iluminavam os jardins ao redor dela, e com o perfume das flores, parecia que ela estava em casa. Xahan era surpreendentemente frio em algumas noites, mesmo que os dias fossem escaldantes. Com as baixas temperaturas, sentia como se ainda estivesse em Vramid, cercada pelo inverno eterno.

“Seu marido não voltaria tão cedo,” Zephyr disse, bufando enquanto se encostava em uma árvore. Ele brincava com uma folha caída, soprando nela e observando-a balançar no ar.

“Eu sei,” Daphne disse. “Eu só queria ficar um pouco mais lá fora.”

Ela não estava esperando por Atticus ― ou pelo menos, estava tentando convencer a si mesma e aos outros de que não estava. Ela sabia que ele não voltaria tão cedo naquela noite. Na maioria das vezes, o sol já estaria espiando o horizonte antes que ela sentisse ele se aconchegar na cama com ela, recém-lavado.

Agora, era apenas algumas horas depois da meia-noite.

Daphne bocejou, levantando a mão para cobrir a boca enquanto fazia isso. Continuou a olhar fixamente para a prateada lua no céu. Era hipnotizantemente brilhante, capturando a atenção de Daphne enquanto ela se banhava em sua beleza silenciosa.

Uma forte rajada de vento frio soprou em seus rostos, fazendo Daphne levantar o braço para proteger o rosto. Alguma areia tinha sido levantada junto com o vento, fazendo com que ela apertasse os olhos.

“Oh, que bom. Uma festa de boas-vindas só para mim.”

Uma voz foi tudo o que foi necessário para que os olhos de Daphne se abrissem imediatamente. Ela reuniu sua magia em uma mão, as águas-marinhas em seu anel vibrando com magia. Sem dizer uma palavra, ela lançou um jato de água na direção do som sem perder tempo. Sua magia, porém, não atingiu seu alvo.

Ela sugou uma lufada de ar frio enquanto o jato de água imediatamente cristalizava em gelo bem antes de poder atingir o homem diretamente no rosto. Por trás dessa recém-formada esfera de gelo havia um rosto sorridente, familiar, mas indesejado.

Zephyr e Nereu reagiram rapidamente. Avançaram, posicionando-se de forma a proteger Daphne entre eles para que ela ficasse bloqueada da visão direta de Jean Nott.

“Eu pensei que você teria inteligência suficiente para não voltar,” Daphne disse através dos dentes cerrados.

Ao seu lado, suas mãos rapidamente brilhavam em fios de azul, magia se acumulando nas pontas dos dedos. Ela podia sentir o toque frio da água escorrendo em suas palmas, as gotas de orvalho se acumulando enquanto observava todos os movimentos de Jean Nott.

“O que posso dizer?” Jean Nott disse com um encolher de ombros. “Há alguém que eu sinto falta aqui no palácio. Alguém pelo qual eu estou disposto a cruzar em território inimigo.”

Seu olhar então caiu sobre o estômago de Daphne; o tempo pareceu parar. Sua testa enrugou-se gradualmente, as linhas se aprofundando como sulcos em terra fresca, enquanto uma sombra se espalhava sobre seu rosto. Os cantos de sua boca, anteriormente curvados em um sorriso despreocupado, apertaram imperceptivelmente, e a facilidade em sua expressão se rendeu ao peso sutil da contemplação.

As mãos de Daphne imediatamente se livraram da magia antes de se enrolarem em volta de seu estômago protegendo-o. Ainda não estava muito evidente, apenas um pequeno inchaço que poderia ser facilmente coberto por vestidos mais soltos. Além disso, isso era algo do qual Jean Nott já estava bem ciente ― ele deixou isso bem claro na última vez que visitou.

Ela não tinha certeza do que exatamente ele estava franzindo o cenho, mas não gostava do jeito que seu olhar demorou nela como um predador esperando sua presa cometer um erro.

“Você vai manter a criança?” Jean Nott perguntou, seu olhar ainda fixo na barriga de Daphne.

“Isso não é da sua conta,” ela retrucou.

Zephyr e Nereu se moveram para ficar um pouco mais próximos um do outro, mantendo Daphne firmemente fora de vista. Só então Jean Nott levantou o olhar para encontrar seus olhos mais uma vez.

“Ah, certo,” Jean Nott disse com um suspiro. “Esqueci que estávamos na companhia dos guarda-costas esta noite. Como vão vocês dois cavalheiros?” Seus lábios se estendiam em um sorriso matreiro. “Minha guilda está sempre aberta a novos membros. Interessados em se juntar?”

Nereu ficou em silêncio, com os lábios apertados e olhando com raiva para o homem. Se ele tivesse os dois olhos, Daphne não tinha dúvidas de que ele teria imediatamente expulsado Jean Nott dos terrenos do palácio com água, se não o tivesse afogado ali mesmo.

Zephyr, por outro lado, saltou. “Você tem muita ousadia!” ele gritou, apontando seu dedo bem no nariz de Jean Nott. “Depois do que você fez, como ousa mostrar seu rosto na frente de Daphne novamente?”

“Ela te contou tudo?” Jean Nott perguntou. Ele colocou uma mão sobre o coração, sorrindo com carinho. “Que fofo.”

“Você é nojento, perturbador, um vira-lata!” Zephyr exclamou. “Espere até esse rei irritante voltar. Ele vai te destroçar de membro a membro!”

“Tut tut,” Jean Nott balançou a cabeça enquanto clicava a língua, “Vocês ainda estão dependendo do Rei Atticus para vir salvar todos vocês? Vamos lá, homens, onde está a sua espinha?”

Um sorriso sádico e zombador se curvou nos lábios de Jean Nott, como uma serpente venenosa. Os cantos de sua boca se levantaram com uma satisfação inquietante, revelando uma crueldade calculada no brilho de seus olhos. Era uma expressão perversa, uma mistura de malevolência e divertimento provocante que parecia se deleitar com o desconforto expresso nos rostos de Daphne e Zephyr, à medida que eles chegavam a uma realização.

Atticus tinha sido tão gentil nas últimas semanas que Daphne quase esqueceu ― ele verdadeiramente não podia ser confiado.

Enquanto as novas descobertas do Príncipe Nathaniel trouxeram uma teoria interessante, Daphne ainda tinha que confirmá-la. E mesmo se Atticus estivesse fazendo tudo isso por ela, ela não poderia perdoá-lo por arrancar o olho de Nereu como se ele fosse um animal de fazenda.

O olho restante de Nereu se arregalou de realização assim como o sorriso de Jean Nott crescia. Ele apontou para o bom olho do kelpie.

“Falando nisso,” Jean Nott disse, “se importa se eu pegar o seu outro olho?”