84: Capítulo 84 84: Capítulo 84 #Capítulo 84 Irmã
Rachel POV
Casa do Alpha da Alcateia Moonglow
“O Alfa Campbell vai recebê-la agora. Ele pediu que você deixasse sua documentação comigo. Eu devo entregá-la ao chefe da nossa equipe jurídica e ao nosso investigador principal.”

Beta Carson olhou para mim com expectativa antes de lançar um olhar indagativo primeiro a Nathan e depois a Art, antes de voltar-se para mim. O sangue subia ao meu rosto cada vez mais rápido à medida que o deixávamos esperando – eu havia deixado a pasta que Jack preparou para mim no carro! Eu ia causar uma ótima primeira impressão depois de ter que explicar que nem estava organizada o suficiente para apresentar minhas provas na chegada.

Tocando Nathan no braço, inclinei-me para dizer baixinho: “Eu deixei a pasta de evidências que Jack preparou no carro. Coloquei no bolso atrás do banco do motorista para não danificar durante a viagem.”

“Irei buscar. Fique aqui com Art. Vá encontrar o Alfa Campbell enquanto eu corro. Assim não deixaremos o Alfa esperando.”

Nathan colocou a mão sobre a minha para dar uma apertada rápida antes de sorrir com seu melhor sorriso do tipo vizinho ao lado para Beta Carson, “Se importa se eu pular a primeira reunião com o Alfa para buscar a documentação dela? Se quiser me acompanhar, podemos conversar sobre o layout da propriedade?”

Beta Carson assentiu, “Por mim, tudo bem.”

Ele fez um gesto para um jovem que esperava ao pé da escada. Eu pude dizer que ele era um Alfa assim que ele se aproximou o suficiente, mas ele não era muito poderoso. Seu cheiro mal registrava o gene Alfa. Eu esperava, por ele, que sua fraqueza fosse devido à sua imaturidade em vez de baixa classificação de nascimento.

“Sou Todd, Alfa em Treinamento. Levarei você até o Alfa Campbell. Nossa! Não consigo acreditar como você se parece com Luna Elena!”

Fiquei surpresa com sua exclamação e perguntei, “Você conheceu minha mãe? Você parece muito – jovem.”

Jovem demais para ter conhecido minha mãe e me lembrar dela tão bem a ponto de comentar sobre minha semelhança com ela.

Ele corou mais forte do que eu, murmurando, “Oh, eu não a conheci. Alfa Campbell tem uma foto dela em seu escritório. É difícil não notar.”

Alguma parte de mim se suavizou em relação ao Alfa Campbell ao saber que ele ainda tinha uma foto de minha mãe exposta. Patrick havia guardado todos os lembretes de minha mãe assim que pôde. Eu sei agora que foi para poder trazer mulheres para nossa casa e evitar perguntas sobre outra mulher; quando eu era jovem, pensei que ele estivesse bravo com minha mãe por morrer e nos deixar.

Subimos uma grande escada até o primeiro andar antes de virar à esquerda para enfrentar um conjunto de portas duplas. Não tinha certeza de que tipo de homem esperar encontrar agora que sabia que ele potencialmente ainda tinha sentimentos pela minha mãe.

Todd abriu as portas juntas e Art segurou meu braço para me manter junto a ele enquanto entrávamos no escritório. Minha atenção estava no Alfa que estava para nos cumprimentar por apenas um momento – alto, mais velho, distinto com cabelos e barba grisalhos – antes de ser capturada por um enorme retrato de minha mãe acima de uma lareira de mármore.

“Ela é linda, não é? Você pode entender por que eu a mantenho aqui comigo.”

Sua voz era um rugido confiante que me fazia sentir como se ele já soubesse o que eu diria antes mesmo de abrir minha boca para falar.

Não importa o que eu pensava que sabia sobre o Alfa Richard Campbell, eu sabia, naquele momento, que eu tinha subestimado ele.

Este não era um homem que vivia no passado ou estava preso em um mundo arcaico do qual tinha medo de sair.

Se o Alfa Campbell vivia no passado? Era por escolha e somente por escolha.

“Sim. Me desculpe. Eu não via uma foto de minha mãe há muito tempo.”

“Você não tem uma foto de sua própria mãe?”

Balancendo a cabeça, desviei meus olhos do retrato para fixá-los em Alfa Campbell enquanto explicava, “Fui criada pelo marido dela. Patrick Flores. Patrick não guarda lembranças do passado. Ele não é do tipo sentimental. Eu tenho algumas fotos dela. Instantâneos. São apenas fotos do dia a dia. Lá ela parece uma rainha.”

Ela parecia uma luna em seu retrato.

Voltei minha atenção ao sorriso reservado de minha mãe, à postura ereta, e às joias deslumbrantes que apenas realçavam sua beleza em vez de eclipsá-la. Seu cabelo selvagem estava domado em um elegante coque; sua maquiagem era de bom gosto e quase sem graça.

Eu me lembrava de minha mãe com ondas de cabelo escuro que voavam ao redor de seu rosto enquanto ela dançava pelo dia e um batom ousado que eu estava desesperada para pegar emprestado antes mesmo de ter cinco anos.

Ela nunca me pareceu tão sofisticada; eu me perguntava se eu realmente a conhecia.

“Espero que você tenha trazido seus ‘instantâneos’ para nossa equipe examinar.”

“A conexão dela com Elena Campbell está estabelecida no que diz respeito ao Conselho Alpha,” Art interveio, “Ela não precisa provar para você quem era sua mãe quando ela já provou isso para nossa satisfação. Confirmamos que Elena Flores era Elena Campbell com DNA depois que a análise de tipagem sanguínea deu positivo. Preciso coletar seu DNA para fazer o cruzamento com o dela.”

“Claro.”

Alfa Campbell tirou seu paletó antes de desabotoar seus punhos e arregaçar as mangas. Ele se sentou na beira de sua mesa com seu antebraço nu estendido enquanto Art soltava meu braço para alcançar em seu bolso interno do paletó para produzir um pacote médico estéril.

“Eu preciso de um cotonete bucal. Você só precisa dizer ‘Ahh’ para mim. Não é necessário sangrar.”

Eu assisti Alfa Campbell retrair seus lábios dos seus dentes em uma demonstração silenciosa de agressão antes que seus traços se suavizassem em aceitação novamente.

“Naturalmente. Você poderia ter me poupado o trabalho com meus punhos.”

Art abriu a embalagem e segurou o cotonete com uma levantada de sobrancelha, “Pensei que você gostaria de estar um pouco mais confortável. Considerando que você está conhecendo sua filha pela primeira vez.”

Alfa Campbell não protestou enquanto Art coletava a amostra de sua bochecha interna. Ele observava Art rotular e lacrar a amostra com o foco de um falcão caçando. Quase nada escaparia da observação desse homem. Não tenho dúvidas de que minha mãe teria que recorrer a medidas desesperadas para se afastar dele.

“Filha alegada,” Alfa Campbell murmurou, “Minha filha verdadeira já está aqui. Lindy querida, venha conhecer Rachel Flores e o Inspetor Alfa Windsor.”

Virei minha cabeça rápido o suficiente para dar a mim mesma um torcicolo ao perceber uma garota de cabelos escuros sentada ao lado da lareira pela primeira vez. Ela estava em uma cadeira alta que a tinha escondido da vista da porta, mas eu acho que não teria notado ela de qualquer forma. Seu rosto estava livre de maquiagem, seu cabelo solto ao redor dos ombros caía pelas costas, e seu simples vestido não fazia nada por sua figura.

“É um prazer conhecê-la, Lindy,” murmurei, tentando não encarar essa garota que parecia muito mais jovem do que eu e se parecia tanto com minha mãe quanto eu mesma.

“Posso te chamar de ‘Rachel’ ou você prefere Luna Flores?”

Balancei a cabeça, “Não sou uma luna. Fui criada em uma casa de ômega. Também não sou casada. Flores era o nome do marido de minha mãe, não o meu.”

Todos pareciam estar segurando a respiração até que percebi que não tinha respondido a ela.

“Rachel está bom. Desculpe por assumir. Você prefere algo além de ‘Lindy’ ou posso te chamar pelo seu nome de batismo?”

“Linda é meu nome de batismo, mas todos me chamam de Lindy. Todos.”

Ela deu um movimento com os ombros que poderia ter sido um encolher de ombros ou um tic nervoso que ela não conseguia controlar. Tive a sensação de que ela raramente tinha a oportunidade de ser apresentada a pessoas fora de sua alcateia. Algo nela me fazia pensar naquelas frágeis bonecas de porcelana que geralmente ficavam em prateleiras altas para serem admiradas sem correr o risco de serem quebradas.

“Obrigada, Lindy. Sinto muito por todo esse alvoroço. Não estou tentando te substituir ou nada. Só quero poder dar um nome, uma alcateia, um lugar para pertencer à minha filha quando ela nascer.”

Minha mão moveu-se para meu abdômen para segurar o volume firme do meu bebê; senti como se precisasse protegê-la mesmo que ela ainda estivesse segura dentro da minha barriga.

“CertaMENTE a receberEMOS na Alcateia Moonglow se você for comprovada como parente,” Alfa Campbell ofereceu, atraindo minha atenção de volta para ele, “Agora que você coletou sua amostra, entendo que você precisará encontrar um mensageiro nos portões para enviá-la para teste. Quanto tempo levará?”

“Por que preciso ir até o portão? Podemos convocar um mensageiro aqui.”

“Não. Não, você não pode,” Alfa Campbell riu, divertido consigo mesmo, parece, “Protegemos nosso território com uma fronteira de ferro. Uma segunda fronteira de ferro cerca a Casa Alpha e também a Casa da Matilha. Ninguém convocará para o nosso território.”

Art olhou para o Alfa com consternação antes de dar-lhe um aceno de cabeça rígido para reconhecer que ele entendeu.

“Você quer mostrar a Rachel sua casa ou devo levá-la até o portão comigo?”

“Você deve levá-la com você até que ela seja comprovada como pertencente aqui. Agradeço que me informe dos seus resultados assim que os receber, Inspetor.”

Art lançou um olhar feroz para Alfa Campbell antes de pegar meu cotovelo novamente.

“Obrigado pela sua hospitalidade.”

Ele praticamente cuspiu as palavras para Alfa Campbell antes de me guiar para fora da sala novamente e eu percebi que essa foi nossa primeira batalha — e nós havíamos perdido.