115: #Capítulo 115 115: #Capítulo 115 #Capítulo 115 Ela Não Vai a Lugar Algum
Narrado por Rachel
Casa Wright
Eu conseguia imaginar os pais de Nathan com perfeita clareza em minha mente. Certa vez, passei mais tempo com a família Lewis do que com a minha própria. As únicas vezes que ia para casa era para garantir que Ethan estivesse sendo cuidado e estivesse bem.

Se eu tivesse conseguido levar Ethan comigo para a Mansão Lewis, teria nos mantido lá para sempre. Minha vida teria sido diferente se Ethan não sentisse essa forte conexão com nosso pai? Ele queria estar lá para tentar convencer Patrick a evitar o jogo, a bebida e o mau comportamento geral em que o homem se envolvia.

Nenhum de nós teve esperança alguma de salvar Patrick.

Alguns homens não estavam destinados a ser salvos.

Conjurando a imagem de Luna Lewis e seu companheiro, o atual Alfa Lewis, em seu jardim, fechei os olhos e disse a eles o que sabia que Nathan não diria.

“Nathan encontrou sua companheira predestinada. O nome dela é Linda Campbell e ela é a minha irmã de coração. Ela é chamada de Lindy. Vocês a aceitarão em sua casa para protegê-la enquanto Nathan me ajuda? Meu irmão Ethan foi atacado por um Licano e está em cirurgia. Preciso que ele me leve até lá, mas também preciso que Lindy esteja segura.”

Choro baixo ecoava pelo viva-voz. Eu conseguia imaginar a expressão mista que estaria no doce rosto de Luna Lewis: lágrimas de felicidade pela bênção de seu filho combinadas com todos os arrependimentos que ela tinha por sua própria falta de sorte. Seu marido estaria do mesmo jeito.

Eles haviam sido sortudos no amor, mas azarados em seu acasalamento.

A Mansão Lewis deveria estar cheia de crianças traquinas. Todos eles seriam amados. Eu sabia que o alto-astral típico dos jovens lobos em alcateias saudáveis teria sido encorajado pelo Alfa Lewis e pela Luna—mas tal não foi a vida ou a sorte deles.

Meus pensamentos foram interrompidos quando o Alfa Lewis falou, sua voz sonora e tingida de tristeza apesar de seu óbvio orgulho, “Eu, Alfa Lewis da Matilha da Lua Cheia, juro que eu e minha Luna daremos abrigo seguro à irmã do seu coração, Rachel. Ela será amada como nossa filha, assim como você teria sido. Obrigado. Muito obrigado por encontrar a companheira de nosso filho.”

Ambos os chefes da Casa Lewis choravam enquanto eu dizia a verdade como tinha que ser dita para Nathan Lewis e para o futuro de sua Casa:
“Venha até mim, Nathan, mas saiba que a Lindy? Ela não vai a lugar algum. Ela é sua agora. Para sempre.”

Eu não precisava ser capaz de ver o patriarca e a matriarca da Casa Lewis para saber que seus rostos ecoavam meu anúncio.

Para melhor ou pior, Nathan Lewis encontrou sua companheira predestinada em Lindy Campbell.

~*~
Nathan conseguiu chegar até mim em menos de meia hora. Seu rosto estava sombrio quando o encontrei na porta – eu estava esperando por sua chegada – mas ele parecia completamente no controle de si mesmo, o que era uma grande melhoria em comparação com o estado dele na terra da Alcateia Luminescência Lunar.

“Você sabe onde Art levou Ethan? Qual hospital?”

Eu não tinha conseguido falar com Art ao telefone; Tyler estava cada vez mais teimoso em aceitar ou não que me permitiria falar com o Inspetor Alfa.

Tivemos uma pequena briga por causa do meu telefone. Ganhei a batalha segurando a barriga com minha mão livre, fazendo Tyler largar o telefone para tentar ver se eu estava fisicamente machucada.

Usar nosso bebê como um método para conseguir o que eu queria era desonesto, mas Ethan era o único pedaço constante de família que eu tinha na minha vida.

Meu irmão havia sobrevivido àquela paternidade particular de Patrick comigo; ninguém mais entenderia o teste de fogo pelo qual passamos crescendo.

Nossa infância deu um tom honesto à expressão ‘criados por lobos’ e eu não queria explicar a experiência para mais ninguém.

Eu já era grata o suficiente por ter sobrevivido uma vez. Não precisava reviver isso nem em minhas próprias memórias.

Ethan merecia minha lealdade. Mesmo que eu descobrisse que ele não era meu irmão por inteiro, o que era quase certo já que agora sabia que o Alfa Richard Campbell era meu pai, Ethan ainda era filho de Elena Campbell Flores.

Nós éramos os únicos que podíamos reivindicar nossa mãe como nossa. Lindy pode ter sido criada na Casa Campbell, na terra da Alcateia Luminescência Lunar, mas ela nunca conheceu o som do canto de nossa mãe ou o toque de suas mãos macias ou o brilho mais intenso do que o sol em seu sorriso.

“Não consegui nenhuma resposta.”

As lágrimas começaram a se formar em meus olhos novamente, ardentes e amargas, eu fiz uma careta, esfregando os olhos.

“Você pode tentar ligar para Art? Ele pode responder para você. Tenho certeza que ele está evitando minhas ligações.”

Uma parte da minha mente estava racional o suficiente para entender que Art estava certo em me manter afastada do perigo potencial que Ethan estava enfrentando. Quem sabia que tipos estavam por trás dessa luta em que ele havia se envolvido? Quem organiza uma luta com um Licano?

Lutas sobrenaturais em jaulas eram algo que eu tinha aprendido muito cedo. Patrick apostava nos lutadores e apostava alto, porque havia muito dinheiro a ser feito nas lutas ilegais. Ele não se importava que sua filha e filho pequeno estivessem em perigo no meio do submundo do crime.

O dinheiro era a única deusa à qual Patrick havia rezado e ela havia sido a única a possuir seu coração após a morte de nossa mãe.

“Eu vou tentar,” Nathan disse, seu ceticismo pintando suas palavras como improváveis de terem sucesso, tanto quanto meu irmão ômega ganhando uma luta com um Licano, mas eu acenei para encorajá-lo porque eu precisava que ele tentasse.

Mesmo que Art não contasse para Nathan exatamente onde estava, era possível que eu aprendesse a localização pelo barulho de fundo, conversas ouvidas, o alvoroço do hospital, até mesmo o irritante sistema de chamadas pode ser uma possível fonte de conhecimento para mim. Eu tinha que tentar. Pelo Ethan. Eu tinha que tentar.

“Ele não vai responder para você.”

Tyler disse isso com um ar de superioridade que me fez querer esbofeteá-lo. Eu sabia que meus hormônios estavam me tornando mais emotiva do que eu seria em circunstâncias normais, mas eu também sabia que Tyler não, não podia, não entenderia minha devoção ao meu irmão.

A infância dele tinha sido um Inferno diferente do meu.

“Ele pode tentar. É melhor do que você está disposto a fazer por mim,” eu acrescentei com uma amargura que sabia que me arrependeria depois, mas que sentia intensamente no momento.

“Art!” Nathan gritou no receptor de seu telefone, afastando-o do ouvido para colocar o aparelho no viva-voz para que todos pudéssemos ouvir o Inspetor Alfa resmungando com ele.

“O que você quer, Lewis? Você está à beira de outro surto psicótico? Não vou te buscar para te controlar, se for o caso. Tenho as mãos cheias agora.”

“Onde você está?” Nathan perguntou, colocando um dedo nos lábios para me silenciar antes que eu mesmo exigisse a resposta, “Eu preciso de você.”

Nathan acrescentou o apelo por ajuda com sinceridade suficiente na voz para me fazer imaginar se ele realmente não precisava do Art Windsor para alguma coisa. O que ele achava que Art poderia ajudá-lo a fazer? Mandar Lindy de volta para a Alcateia Luminescência Lunar? Romper seu laço com a companheira predestinada? Apagar seus sentimentos por mim?

Meu coração se apertou no peito ao pensamento. Minha angústia deve ter sido mais evidente do que eu esperava, pois Tyler cruzou o hall para passar um braço ao redor da minha cintura, sua palma larga segurando a saliência do nosso bebê possessivamente.

Os olhos de Nathan estavam focados na mão de Tyler, em vez de em mim ou no telefone, então dei um chute em sua canela.

Gritando, Nathan disparou, “Bati o dedo do pé. Numa prateleira. Mesa. Preciso que você me diga onde está para eu poder ir até lá. Não posso discutir isso pelo telefone.”

“Alguém da Moonglow entrou em contato com você? Campbell enviou outro bando de capangas para pegar a garota? Eu posso chegar até você mais rápido do que você até mim.”

Nathan me olhou pedindo ajuda, levantando a mão para indicar que estava sem ideias. Eu não consegui falar. Eu sabia que se Art ouvisse minha voz, ele nunca diria a Nathan onde estava com Ethan.

Ambos lançamos nossos olhares para Tyler, que os revirou em resposta.

Tyler gesticulou para Nathan, ‘Pergunte se vocês podem se encontrar para conversar sobre Lindy. Você está preocupado que ela possa se machucar. Ela está louca. Não para de chorar?’
“Lindy não para de chorar. Estou com medo de que ela possa se machucar. Não posso levá-la até lá, mas tenho que devolvê-la ao pai dela. Minha alcateia não pode começar uma guerra, Windsor. Deixe-me ir até você para que possamos planejar? Ou eu trago a garota e você pode levá-la de volta para Moonglow do jeito que você faz, entende?”

Art suspirou, sua frustração evidente mesmo pelo telefone enquanto ele finalmente permitia, “Nosso Centro Médico da Deusa Abençoada. Estou no terceiro andar. Sala de espera cirúrgica 3.”

“Estarei lá.”

“Não traga a garota,” Art advertiu.

Nathan prometeu, “Não vou.”

Nós íamos para o Nosso Centro Médico da Deusa Abençoada. Eu veria meu irmão. Nada e ninguém iria me impedir.