Reclamada pelo Rei Alfa - Capítulo 77
77: Capítulo 77 77: Capítulo 77 “””
Ele lentamente se levantou, ainda coberto por sua capa com capuz escuro. Um cajado, mais alto que ele, descansava firmemente em suas mãos enquanto começava a se mover pela sala em passos deliberados.
Sua presença enchia o espaço com uma tensão estranha, e só podíamos observar em silêncio, esperando ouvir suas primeiras palavras.
Enquanto circulava a sala, ele murmurava palavras estranhas e ininteligíveis em voz baixa. O som enviou um arrepio pela minha espinha, e eu podia dizer pelas expressões inquietas ao meu redor que eu não estava sozinha em me sentir perturbada.
O que ele estava fazendo? Qual era o propósito desse movimento semelhante a um ritual? Eu me peguei agarrando a borda do meu assento, nervosa, porém curiosa.
Após o que pareceu uma eternidade, Elihandiak parou abruptamente e virou-se para nos enfrentar. Com um movimento deliberado, ele abaixou o capuz, revelando seu rosto.
Seus olhos estavam cobertos por pigmentos escuros e enegrecidos, e sua negrura parecia atrair toda a luz do ambiente. A visão me revirou o estômago, e arrepios percorreram minha pele.
A sala caiu em um silêncio mortal enquanto ele caminhava em nossa direção, sua presença exigindo atenção. Ele finalmente falou, sua voz baixa, mas cortante.
“Algum de vocês aqui pode capturar o ar? Alguém consegue segurar o vento nas mãos?” ele perguntou, suas palavras carregadas de um tom ominoso. Seu olhar se fixou no Alfa, seus olhos escuros inabaláveis.
Alfa Derrick, pego de surpresa, hesitou por um momento. “Não, Feiticeiro,” ele respondeu. “Não podemos capturar o ar, embora o sintamos ao nosso redor. É impossível.”
Elihandiak sorriu sombriamente, virando-se em minha direção. “Você, jovem senhora,” ele disse, seus olhos se estreitando enquanto fixavam nos meus. “Você pensa diferente? Consegue capturar o vento?”
Eu senti um choque de medo por ser destacada. Seu olhar era como nada que eu já tivesse experimentado antes—penetrante e frio. Tentei permanecer calma, mas minha voz me traiu, tremendo levemente enquanto eu respondia. “Não, Feiticeiro… Não tenho nada a acrescentar. Que poderia uma empregada como eu saber sobre tais coisas?”
O feiticeiro soltou uma risada baixa e zombeteira. “Sim… que poderia uma empregada saber? Mas deixem-me todos dizer-lhes algo importante,” ele disse, fazendo uma pausa para permitir que a tensão se acumulasse. “Não estamos enfrentando algo tão simples quanto capturar o vento. Estamos enfrentando um poder que escapa pelos dedos, um que consome e destrói a partir das sombras. Se não agirmos rapidamente, tudo o que respira aqui perecerá.”
Sua risada ecoou pela sala, enviando calafrios pela minha espinha.
Um dos anciãos, seu rosto marcado pela preocupação, falou. “Feiticeiro, o que fizemos para trazer isso sobre nós? Que erro cometemos que enfureceu tal força?”
Elihandiak caminhou lentamente em direção ao ancião, agachando-se para encontrá-lo no nível dos olhos. “Diga-me,” ele começou, “o que acontece quando você deixa um convidado não convidado entrar em sua casa, um que é mais forte que você?”
A sala caiu no silêncio mais uma vez. O ancião piscou, incerto de como responder, e o feiticeiro se levantou, continuando a nos cercar como um predador.
Finalmente, reuni a coragem para falar. “O convidado pode ser mais forte,” eu disse, minha voz trêmula, mas determinada, “mas o dono da casa o conhece melhor. Com a estratégia certa, até o convidado mais forte pode estar à mercê do mestre da casa.”
Elihandiak virou em minha direção, seus lábios se curvando num sorriso esperto. “Interessante… E como você faria com que um convidado tão poderoso caísse em sua armadilha?”
Engoli em seco, sabendo que todos os olhos estavam em mim. “Conduzindo-os a um lugar onde eu tenho a vantagem, onde a força deles se torna inútil.”
O feiticeiro riu baixinho. “Bem dito, jovem,” ele respondeu. “Mas o espírito que enfrentamos não é apenas um convidado—é uma besta, um cachorro vira-lata que só pode ser atraído pelo que deseja mais. Se formos pegá-lo, devemos dar-lhe o que ele anseia.”
O Alfa se inclinou para a frente, preocupação gravada em seu rosto. “E o que ele deseja, Feiticeiro?”
Os olhos escuros de Elihandiak vasculharam a sala. “O que tem se alimentado essa besta? O que vocês encontraram após cada ataque?”
Dona Elena falou, sua voz carregada de tristeza. “Os corpos de jovens empregadas, encontradas mortas em seu próprio sangue. Os ataques acontecem à meia-noite, sempre visando as garotas no quintal da alcateia.”
O feiticeiro assentiu lentamente. “Então está claro. A besta está se alimentando do sangue de mulheres jovens, provavelmente para restaurar sua própria força. Deve ter sido gravemente enfraquecida em uma batalha antes de vir para cá. Mas a questão é… o que a convocou?”
Ninguém tinha uma resposta, e o peso das palavras do feiticeiro estava pesado no ar. O mais velho entre o conselho falou, sua voz desesperada. “Não sabemos, Feiticeiro. Só queremos uma solução. Rogamos a você—ajude-nos a livrar a alcateia deste mal!”
Elihandiak endireitou-se, sua expressão ilegível. “Há um jeito. Mas ele requer sacrifício.”
Todos na sala se tensionaram com a palavra “sacrifício.”
“Que tipo de sacrifício?” o Alfa perguntou, sua voz baixa, preenchida de medo.
A voz do feiticeiro permaneceu fria e distante. “Uma jovem mulher deve ser escolhida. Ela será colocada fora à noite, sozinha, para atrair a besta. Eu lançarei um feitiço sobre ela, e se funcionar, a besta ficará presa até o amanhecer, quando o sol nascer. Se o feitiço falhar…” Ele fez uma pausa para efeito. “Ela será encontrada morta em seu próprio sangue, como as outras.”
Uma onda de raiva e incredulidade varreu a sala. Dona Elena foi a primeira a falar. “Isso é loucura! Como você pode chamar isso de uma solução?”
Elihandiak deu de ombros, completamente imperturbável. “Eu não sou quem faz as regras. É assim que o universo funciona. Sacrifício, sangue e esperança. Se vocês querem derrotar a besta, esse é o preço.”
O Alfa parecia preocupado, seu rosto pálido. “Não há outro jeito?”
O sorriso do feiticeiro desapareceu, substituído por uma expressão grave. “Não. Sem o sacrifício, a alcateia será aniquilada.”
A sala caiu num silêncio atônito. Ninguém sabia o que dizer. Finalmente, eu me levantei, meu coração batendo forte no peito.
“Eu farei isso,” eu disse, minha voz clara, mas firme. “Serei eu.”
Todos se viraram para me olhar em choque, mas eu mantive meu olhar no feiticeiro, sabendo que essa poderia ser a única maneira de salvar a todos nós.
“””