Reclamada pelo Rei Alfa - Capítulo 205
Capítulo 205: Capítulo 205
A noite estava envolta em silêncio, mas o sono de Kimberly estava longe de ser tranquilo.
Suas respirações eram pesadas, seus punhos apertados contra a cama, e seu corpo se contorcia a cada movimento nos cantos escuros de seu sonho.
Ela se viu de pé em um lugar que nunca havia visto, mas que de alguma forma conhecia muito bem, um vale escuro, com céus cinzentos como cinzas e a terra que rachava sob seus pés.
O ar cheirava a fumaça, denso e frio, e cada árvore permanecia sem folhas, como sombras dos mortos.
De repente, uma risada alta rompeu o silêncio.
“Você veio,” a voz ecoou. Kimberly se virou bruscamente.
Lá, não muito distante, estava Katherina, pálida, com olhos ocos, seu vestido preto flutuando logo acima do chão, como se não o tocasse.
Seus dedos eram longos, esqueléticos, e sua presença era mais pesada do que nunca.
“Eu não vim aqui por escolha,” disse Kimberly, firmando sua posição.
“Você nunca teve escolha,” Katherina zombou. “Nenhum de vocês teve.”
Kimberly deu um passo à frente. “Você não é mais a mesma. Sua aura… está mais sombria.”
“Você finalmente percebeu?” Katherina riu, mas não foi de alegria. Foi ódio envolto em loucura.
“A escuridão me alimenta agora. Cada mentira, cada traição, cada gota de medo em seus corações, eu me torno mais forte.”
“Você está indo longe demais. Está distorcendo os dons dos espíritos. Isso… isso não é quem você deveria ser.”
“Eu me tornei quem eu precisava ser,” Katherina respondeu, sua voz agora mais profunda. “E você… Você vai se quebrar, assim como os outros.”
As mãos de Kimberly se iluminaram em defesa, a luz dourada de seu núcleo brilhando contra a escuridão.
“Inveniat lux em tenebris!” Kimberly recitou na língua antiga, na esperança de afastar a escuridão.
Katherina riu mais alto, esticando os braços.
“Tenebrae vence lucem!” Sua voz trovejou, e uma chama negra irrompeu de suas mãos, encontrando a luz de Kimberly.
As duas energias colidiram violentamente, jogando ambas para trás. Kimberly caiu no chão, sua pele queimada, sua alma tremendo.
Ela lutou para se levantar, mas Katherina já estava de pé, sua forma crescendo mais alta e seus olhos totalmente negros.
“Você não pode parar o que está vindo,” Katherina sibilou. “Nem mesmo Theo verá até que seja tarde demais.”
“Eu vou te parar,” Kimberly disse, levantando-se apesar da dor. “Mesmo que isso signifique dar tudo de mim.”
“Então esteja pronta,” Katherina sussurrou, e tudo se transformou em pó em uma rajada violenta.
Kimberly gritou.
Ela despertou de sobressalto em sua cama, encharcada de suor, suas mãos tremendo incontrolavelmente.
Seu peito arfava como se ela tivesse corrido por horas. Ela olhou ao redor.
Seu quarto estava calmo, a luz da lua espiando pelas cortinas, mas seu corpo contava outra história.
Arrepios cobriam sua pele, seu coração estava disparado, e sua cabeça girava com os ecos das palavras de Katherina.
Sem perder um segundo, ela correu para o banheiro. O piso de mármore frio encontrou seus pés descalços, mas ela não se importou.
Ela girou a torneira, e a água jorrou do chuveiro.
Ainda vestida em seu robe de noite, ela sentou-se sob o chuveiro, deixando a água fria encharcá-la da cabeça aos pés.
*O que está acontecendo ou prestes a acontecer? O que ela quis dizer com “nem mesmo Theo verá até que seja tarde”?*
*E por que seu poder parece vir de algum outro lugar?* Os pensamentos de Kimberly se descontrolaram enquanto a água tentava, sem sucesso, levar o medo embora.
Ela permaneceu ali por vários minutos antes de desligar a água e caminhar lentamente de volta para seu quarto.
Envolvendo-se em uma toalha, ela ficou ao lado do espelho e encarou seu reflexo. Seus olhos estavam cansados, mas seu espírito não estava quebrado.
Assim que estendeu a mão para pegar um robe seco, uma batida suave soou na porta.
“Senhora?” uma voz jovem chamou. Era uma das empregadas.
“Sim?” Kimberly respondeu, a voz ainda fraca.
“Há alguém aqui para vê-la. Ela disse que é urgente.”
Kimberly suspirou. *Agora não… Quem poderia estar vindo tão cedo?*
“Estarei na sala de estar em breve,” ela respondeu, secando-se o mais rápido possível e vestindo um simples vestido.
Quando desceu as escadas e entrou na sala de estar, o que ela viu a fez parar no meio do caminho.
Theo estava perto da janela, de braços cruzados, parecendo incomumente sério. Mas ele não estava sozinho.
Sentada no sofá estava uma mulher idosa, seu rosto desconhecido, sua aura calma mas forte.
Sua presença preenchia a sala, não de forma opressora, mas com algo antigo… algo conhecido.
Theo se virou para Kimberly enquanto ela entrava.
“Ela disse que há algo que você precisa ouvir.”
As sobrancelhas de Kimberly se franziram, e ela olhou para a mulher, confusa.
“Desculpe, eu te conheço?”
A mulher se levantou lentamente, seus olhos fixos em Kimberly. “Você não me conhece,” ela disse suavemente. “Mas eu conheço você.”
Theo permaneceu em silêncio.
A mulher deu um pequeno passo à frente. “Esperei muitos anos para dizer isso. E não espero que você acredite imediatamente.”
Os olhos de Kimberly se estreitaram, incerta entre ser cautelosa ou curiosa.
“Do que você está falando?”
A mulher respirou fundo, sua voz calma mas tingida de emoção. “Eu sou sua mãe.”
A sala congelou.
Kimberly piscou. “O quê…?”
Os olhos de Theo se moveram para Kimberly, esperando por sua resposta. Ela olhou de um para o outro, entre ele e a mulher.
“Você está mentindo,” Kimberly disse imediatamente. “Minha mãe morreu quando eu era bebê. Foi o que me disseram. Foi o que…”
“Foi o que quiseram que você acreditasse,” a mulher interrompeu suavemente. “Mas não é a verdade.”
Kimberly deu um pequeno passo para trás, seu coração disparando novamente. “Isso não faz sentido. Por que agora? Por que vir agora?”
Theo se aproximou dela, colocando uma mão delicadamente sobre seu ombro. “Ela veio procurando por você na noite passada. Disse que finalmente era hora.”
Kimberly balançou a cabeça, o chão de repente sentindo-se instável. Seu pesadelo ainda agarrado ao seu espírito, e agora isso?
*Primeiro Katherina… agora uma mãe que eu nunca conheci?* ela pensou.
A mulher sentou-se novamente, suas mãos cruzadas no colo. “Eu sei que é muita coisa para absorver.
Mas eu tenho respostas, e eu tenho um aviso. Seus poderes, os sonhos que você tem tido… não são apenas visões.
Estão conectados a algo muito mais antigo, muito mais sombrio.”
Os lábios de Kimberly tremeram. Ela se afastou de ambos por um momento, lutando contra suas emoções.
Theo recuou, dando espaço.
“Por que eu acreditaria em você?” Kimberly sussurrou. “Por que agora?”
A mulher olhou para ela com olhos cheios de tristeza. “Porque o tempo está acabando para mim. E logo, tudo o que você conhece será testado.”
A respiração de Kimberly acelerou novamente.
A mulher se levantou lentamente e colocou um pequeno pingente sobre a mesa.
“Pergunte ao seu coração, Kimberly. Lá no fundo, você já conhece a verdade.”
Kimberly fixou o olhar no pingente, seus dedos se contorcendo.
A voz de Theo quebrou o silêncio. “Se o que ela está dizendo é verdade… então tudo está prestes a mudar.”
Kimberly o olhou, seu coração disparado.
Mas ela não disse nada.
Apenas se virou novamente para a mulher.
“Você disse… que tinha um aviso. Que tipo?”
O rosto da mulher escureceu. “Katherina é apenas o começo, ainda virão batalhas mais sombrias.”
E assim, o ar ficou frio novamente.
Os pensamentos de Kimberly já estavam correndo.
*A escuridão… Katherina… Meus poderes… Meu passado…* Sua mente girava.
Ela ainda olhava para a mulher, muitas perguntas surgindo de uma vez.
Mas uma coisa era certa, nada seria o mesmo.
Não depois disso… Não agora.
★★★
Mona estava sentada na beirada de sua cama, os dedos batendo suavemente em seus joelhos, seus olhos fixos no chão.
Seus pensamentos circulavam sem parar, a Nota de Derrick, a constante resistência de Elena, o silêncio de Theo, o aumento de poder de Kimberly.
*Qual será meu próximo passo?* ela se perguntava repetidamente.
*Como posso me manter à frente se nem sei o que vem a seguir?* Mona pensou.
Sua cabeça latejava, e ela massageou suas têmporas. O quarto estava quieto… quieto demais.
Então ela ouviu.
“Mona…”
Um sussurro. Suave. Quase imperceptível.
Ela levantou o olhar. Seu coração acelerou.
“Mona…” veio de novo.
Ela congelou, incerta se vinha de sua cabeça ou do próprio quarto.
*Estou cansada. É apenas estresse,* tentou se convencer, descartando o pensamento.
Mas a voz retornou, desta vez um pouco mais afiada.
“Mona…”
Ela fixou o olhar na porta do banheiro. Estava ligeiramente entreaberta, e a escuridão pairava lá dentro.
*Não… Eu não vou. É apenas minha mente.*
“Mona…”
Agora era persistente. Próxima. Como um sopro contra seu ouvido.
Com passos hesitantes, ela se levantou e caminhou na ponta dos pés pelo quarto. Seu coração batia mais forte a cada passo, o chão frio sob seus pés.
Ela alcançou o banheiro e empurrou lentamente a porta mais largo.
Nada.
Ela exalou, tentando controlar seus nervos.
“Acho que preciso ver o velho médico para pedir medicação. Minha mente está pregando peças em mim,” ela sussurrou para si mesma.
Mas quando ela se virou para sair, algo chamou sua atenção.
Seu próprio reflexo… não era o dela.
Era Katherina.
De pé dentro do espelho, sorrindo, fria e calma.
Mona engasgou e cambaleou para trás.
“Desculpe pelo susto, criança,” Katherina disse. Sua voz era suave, quase divertida. “Mas eu precisava falar com você.”
O pulso de Mona acelerou, mas ela não desviou o olhar. “Por que agora? Por que desaparecer quando eu mais precisei de você?”
“Você precisava aprender. Crescer. Eu não ia segurar sua mão em todas as tempestades,” Katherina disse com naturalidade, sem desculpas em seu tom.
“Você me deixou enfrentar tudo sozinha,” Mona disse, sua voz aumentando. “Derrick. O bando. Elena.”
“E você sobreviveu,” Katherina respondeu, ainda sorrindo. “Você é mais forte do que pensa.”
Mona apertou os punhos. “Então o que agora? Por que voltou?”
“Eu estou aqui para te alertar. Observe Theo. E Kimberly. Não os confie,” Katherina disse.
Sua voz agora tinha uma sombra, baixa, deliberada. “E não se preocupe com Derrick. Eu tenho planos.”
Mona inclinou a cabeça. “Que tipo de planos?”
Mas Katherina ignorou a pergunta. “Uma última coisa… prepare-se para a guerra que está por vir. Não deixe que ela te pegue desprevenida.”
“Que guerra? Katherina, espere!”
Mas antes que ela pudesse terminar, Katherina desapareceu, desaparecendo no vidro como fumaça.
O espelho refletia apenas Mona agora, seu rosto pálido, olhos arregalados e lábios trêmulos.
O silêncio voltou a preencher o banheiro.
Mona ficou imóvel, confusão nublando seus pensamentos.
*Guerra? Não confie em Theo? Não confie em Kimberly?*
Seus pulmões aceleraram enquanto ela segurava a borda da pia, tentando se ancorar.
Mas nada parecia sólido mais.