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- Capítulo 883 - 883 Um Bom Homem 883 Um Bom Homem Abaddon e Valerie se
883: Um Bom Homem 883: Um Bom Homem Abaddon e Valerie se encaravam intensamente.
Era difícil dizer se os dois estavam bravos um com o outro ou apenas frustrados. Gabbrielle estava começando a pensar que talvez a abordagem abrupta não fosse favorável afinal.
“Você quer explicar?” Valerie perguntou a Abaddon abruptamente.
Em resposta, o dragão apenas desviou o olhar.
“…Eu não estava disposto a arriscar você ir. Achei que, se eu pudesse fazer com que não houvesse um problema, você não teria razão para partir.”
“E se fosse algo que eu quisesse?” Valerie retrucou.
“É..?”
“Esse não é o ponto, M’anari, você tirou uma escolha de mim..! E, além disso, você envolveu nossas crianças!”
Gabbrielle e Straga só agora estavam percebendo que seu plano poderia ter tido consequências mais voláteis do que o pretendido inicialmente.
‘Ela usou o nome oficial dele… e-eles não vão se divorciar, vão??’ Straga cutucou sua irmã.
‘N-Não seja estúpido. Eles nunca deixariam um ao outro ir embora.’
Straga assentiu lentamente, escolhendo acreditar nela apesar de seus próprios nervos.
“Crianças, podem dar um momento para o seu pai e eu..?” Valerie pediu com um pequeno sorriso.
‘Mas este é o meu quarto…’ Gabbrielle queria chorar.
Straga ergueu sua irmã mais velha nas costas e a carregou para fora do quarto.
Após alguns momentos de silêncio, foi Abaddon quem começou a expressar sua própria mágoa. “E você..? Você iria embora sem me contar..? Sem contar a ninguém?”
Valerie abaixou a cabeça, envergonhada.
“E-E seria difícil demais… Eu sabia que, se tentasse partir, você apenas me convenceria a ficar, então eu estava…” Valerie não terminou a frase, mas realmente não precisava.
Abaddon segurou sua mão. “Por que isso seria tão ruim..?”
Ela ergueu a mão dele até o rosto e aproveitou o calor contra sua bochecha.
“Porque a criação é muito maior do que apenas nossa pequena família.” Valerie disse tristemente. “Você e eu temos a responsabilidade de garantir que o que Yesh criou não caia no caos e traga sofrimento desnecessário.”
Abaddon apenas desviou o olhar. Involuntariamente fazendo sua esposa temerosa.
“O que? Você vai me dizer que não liga para nada além de Tehom?” Valerie perguntou, esperando que não fosse o caso.
Abaddon não se deu ao trabalho de negar.
“…Todo o resto parece pequeno em comparação com nossa família.”
Assim, sua pequena discussão sobre sigilo se transformou em algo muito maior.
“Mas não é! Existem seres lá fora que merecem suas próprias vidas, mesmo que não sejam perfeitos. E, mesmo que eles não saibam disso, temos uma grande responsabilidade em garantir que eles realmente percebam isso!” Valerie gritou.
De repente, uma ideia ocorreu a ela enquanto se ajoelhava sobre o marido. “Me mostre seu cabelo.”
Abaddon ficou confuso. “Não é exatamente difícil de ver, não é?”
“Não este. O outro.”
“….” A pele de Abaddon ficou completamente preta. Suas tatuagens se tornaram douradas brilhantes e seu cabelo se dividiu.
80% preto e 20% branco.
Valerie não disse nada a princípio, apenas juntou o máximo de cabelo branco que pôde e segurou em seu punho firmemente. Quase parecia que ela queria espremer a cor dele.
Ela fez questão de manter o punhado de cabelo na frente dos olhos dele para que ele pudesse ver seu punho trêmulo.
“Isto, meu amor.” Ela disse ofegante. “Eu preciso que você sempre segure isso, mesmo que nunca mais faça nada do que eu pedir. Você tem que se importar com as coisas, mesmo que não nos afetem diretamente. Mesmo que não tenham nada a ver conosco.”
O medo de Valerie era que Abaddon se tornasse muito apático para com os mortais. Que ele eventualmente chegasse ao ponto de só se importar com ela, suas esposas e seus filhos.
“…É difícil… para mim. Você sabe o que eu sou, meu amor.”
Valerie levantou a mão até o rosto de Abaddon. As pontas dos dedos mal tocaram a carne dos lábios dele.
“Você acha que eu me casei com você… Por isso..?” Ela deixou o toque cair significativamente mais para baixo. “Ou por isso?”
As pupilas de Abaddon vacilaram.
Valerie o abraçou apertadamente e enterrou a cabeça na curva do pescoço dele. Ele sentiu as palavras dela enviarem arrepios por sua pele.
“Eu me casei com você porque você era um ser que estava tentando ser gentil depois de genuinamente perder a sanidade. Você estava tentando se redimir e se importar com outros que você nem conhecia.
Porque você se importava com a segurança e o bem-estar dos outros, apesar de ser tão poderoso que não precisava. Você queria amar, em vez de destruir.
Foi isso que me comoveu. O que me fez dizer ‘Sim’. Tudo o mais que veio depois foi apenas um bônus.”
Valerie pressionou sua testa contra a de Abaddon. As lágrimas que escorriam por seu rosto manchavam o peito dele como gotas de chuva.
“Eu preciso que você não perca esse amor pelos mundos acima de você. Mesmo que, deus me livre, eu ou qualquer um que amamos não esteja mais em sua frente todos os dias. Eu preciso que você coloque esse amor por nós em tudo o que você faz. Trate cada vida como uma luz preciosa. Deixe a indiferença ser sua última opção, se for o caso.”
Abaddon mordeu o lábio com tanta força que realmente sangrou. “Como você pode me pedir algo assim…? Se eu perdesse qualquer um de vocês, eu…”
“Você tem que permanecer o mesmo. É o fardo da responsabilidade que vem com o seu poder. Você tem que continuar fazendo piadas. Você tem que continuar tentando ajudar as pessoas, mesmo que elas não queiram. Mesmo que não saibam que você está fazendo isso.”
Abaddon balançou a cabeça. “Eu não posso..”
“Você tem que sorrir. Você faz com que todos se sintam melhor quando sorri.”
“Valerie, eu-”
“E você tem que ser responsável. Porque há muitos em nossa família que provavelmente nem pensarão nisso, e você precisará mantê-los juntos.”
“Valerie!” Abaddon segurou sua esposa com força. “Você tem ideia do que está me pedindo?!”
Enquanto Valerie chorava, ela sorriu lindamente para Abaddon. Sua radiância era uma visão deslumbrante.
Aquilo despedaçou o coração dele.
“Eu sei que é difícil… e sei que é egoísta de minha parte pedir isso a você quando nem eu acho que conseguiria fazer o mesmo…”
“Então por que você-”
“Porque eu sei que é importante… E porque, mais do que qualquer outra coisa, sei que você é um bom marido que vai me ouvir mesmo quando eu fizer pedidos irracionais… Acho que isso não me torna uma esposa muito boa, né?”
Uma lágrima vermelha caiu do olho esquerdo de Abaddon. Ele afrouxou seu aperto nos braços dela e a abraçou tão apertado que nenhum dos dois conseguia respirar.
Valerie segurou a cabeça de Abaddon entre seus seios como se estivesse tentando nutri-lo como fazia com seus filhos.
Ela beijou o topo da cabeça dele e sussurrou palavras suaves e amorosas que traziam seus próprios pedidos de desculpas.
Não importava, no entanto. Abaddon não ouviu nenhum deles.
*Sniff. Sniff.*
A cabeça de Valerie girou na sala.
Seu olhar se fixou em um espelho de corpo inteiro encostado na parede de Gabbrielle. E o familiar espírito da natureza de cabelos louros parado dentro dele.
“Me desculpem…” Daphne soluçou. “E-Eu estava voltando do trabalho e não quis interromper, mas… POR QUE VOCÊS ESTÃO BRIGANDO!?!”
A antiga parceira de longa data de Gabbrielle caiu de joelhos, chorando. A aura digna de uma professora havia praticamente desaparecido por completo.
Daphne era uma das poucas da família completamente sensível e frágil. Ela não conseguia lutar. Não podia ser repreendida. Era tão delicada quanto um dente-de-leão.
Satanás nem sequer era autorizado a chegar perto dela de forma alguma.
Valerie se levantou do marido e foi ajudar Daphne a se levantar do chão.
Ela envolveu seus braços em torno dela e falou com uma voz suave e acolhedora.
“Daphne querida, nós não estamos brigando. Só… estamos tendo uma pequena conversa sobre algumas coisas.” Valerie desviou o olhar.
Os olhos de Daphne ainda estavam cheios de lágrimas e ela “V-Você não vai embora, vai?! Gabby disse que talvez você não precisasse mais!”
“Eu… O quê? Por que ela diria isso?” Valerie virou a cabeça.
Daphne limpou o rosto para enxergar a sala um pouco melhor.
Ela foi até a escrivaninha de Gabbrielle, onde um fichário com anéis azuis estava cuidadosamente colocado ao lado do computador.
“Ela tem trabalhado nisso sem parar nas últimas noites…”
Daphne se ajoelhou no chão ao lado de Valerie e colocou o fichário entre elas.
Assim que o fichário foi aberto, Valerie imediatamente ficou intrigada.
Sua filha vinha projetando plantas.
“Ela o chamou de algo como o Agrónomo, acho..?” Daphne fungou. “Mas acho que ela ainda não tem tudo resolvido, para ser honesta…”
Valerie estava folheando as páginas a uma velocidade impressionante.
Seus lábios se mexiam, mas nenhum som saía. Continuamente, ela fazia cálculos mentais enquanto virava as páginas do livro.
Havia mais de seiscentas páginas de anotações, diagramas, perguntas e teorias, todos cuidadosamente rotulados.
Valerie terminou de ler tudo em um minuto e trinta segundos cravados.
“E-Então..?” Daphne perguntou com um fio de esperança. “Eu sei que não está terminado, mas você acha que poderia funcionar..?”
As pupilas de Valerie tremiam.
Ela levantou o caderno com mãos trêmulas e um pequeno sorriso ameaçando se formar.
“A-Amo, isso…”
Valerie se virou para mostrar a Abaddon, mas era tarde demais.
Ele já tinha saído havia algum tempo.