847: Desfile de Sapatos 847: Desfile de Sapatos Todo mundo na sala teve um único pensamento quando Seras finalmente articulou a razão para tê-los chamado até ali.

‘Cristo..’
Cabeças viraram na direção de Kanami.

A dragonesa vermelha marchava ao som do seu próprio tambor. Ela não costumava lidar bem quando se tratava de ficar parada.

E ordens projetadas para forçá-la a ficar parada eram geralmente recebidas com uma cadeia de resistência que ia desde linguagem rude até o arremesso de objetos.

Talvez essa fosse a razão pela qual ela e Abaddon brigavam tanto quanto se amavam.

Eles eram apenas muito parecidos para o próprio bem.

“…Quanto tempo ele espera que a gente fique aqui?”

“Este é o seu lar, Kanami. Não precisa agir como se fosse uma prisão estrangeira.” Imani pareceu magoada.

“N-Não foi isso que eu quis dizer, mãe, eu só…” Kanami hesitou.

‘Não quero ser protegida..’ Ela pensou.

O estilo de vida protegido nunca serviu para Kanami. A ideia de ficar em casa enquanto seu irmão se arriscava constantemente por ela era uma dor de cabeça por si só.

Além do mais, ela conhecia sua própria força. O número de pessoas que poderiam superá-la no multiverso era tão poucos que ela poderia contá-los em uma mão.

Ela era uma guerreira. Um ativo. Não um passivo.

“Eu conheço seus sentimentos sobre este assunto, Kanami, mas por favor, apenas atenda às palavras do seu irmão por agora. Você já ficou longe de casa tempo suficiente, então por favor, deixe outra pessoa sujar a lâmina por uma vez, tá?”

Kanami sempre teve uma queda por Bekka. Ela era como a irmã mais velha e descolada que não tinha. (Malenia era uma ratinha de biblioteca.)
Então, mesmo que essa pílula fosse ainda difícil de engolir, parecia um pouquinho mais fácil porque Bekka era quem a estava dando a ela.

“Eu.. Eu posso fazer isso.” Kanami aquiesceu. “Eu estava planejando ficar em casa por alguns meses depois da nossa última expedição mesmo.”

“Alguns anos.” Hakon interveio do lado dela.

Ele colocou a mão possessivamente em volta da cintura dela e colocou sua mão sobre seu umbigo.

Diferente do resto de sua família que não tinha problema com demonstrações públicas de afeto, Kanami ficava facilmente envergonhada quando Hakon escolhia iniciá-las. Seu marido era geralmente muito mais estoico e passivo, normalmente deixando-a fazer o que quisesse sem problemas.

Mas ela era ruim em ser igualmente receptiva às suas investidas. Como evidenciado por suas orelhas que estavam lentamente virando uma cor indistinguível de seu cabelo.

“E-Eu não acho que consiga ficar em casa por anos, H-Hakon-”
“Sim, você consegue!”

Tatiana se arrastou para fora do fundo e se posicionou no colo de Seras e de Bekka.

“Nós temos recebido muitas reclamações sobre as Legiões Brilhantes não terem o suficiente para fazer, então queríamos começar a enviar certas brigadas em missões que normalmente só seriam designadas para o Eufrates.”

“”Uwah!?” Monica e Kanami poderiam ter chorado.

“Não é porque estamos insatisfeitos com o seu trabalho ou algo assim.” Tatiana fez carinho. “Mas as outras Legiões precisam de algum tipo de experiência de combate além dos retiros trimestrais que têm ido.”

Kanami suspirou enquanto se afundava sem perceber no abraço do marido. “Não é justo… Por que temos que compartilhar a glória com aqueles manés..?”

Os ‘manés’ mencionados na sala se ofenderam na hora.

Asmodeu: “Com licença? Quem você acha que te fez? E você tem a audácia de chamar seu velho pai de mané??”

Absalom: “Irmão, diga alguma coisa. Sua noiva mancha a honra da Legião Cinzenta.”

Hakon: “Ela não é linda..?”

Stheno: “Fraca.”

Kirina: “E-Eu me ressinto que você fale assim dos meus subordinados e vou defender a honra deles a qualquer momento se necessário!”

Hajun: “Pode dizer o que quiser sobre suas reivindicações morônicas de superioridade… Mas nenhum de vocês tem os nossos poderosos físicos retumbantes e isso por si só indica uma grande fraqueza interna!!”

Belphegor: “Sobre o quê estamos discutindo mesmo..?”

Darius: “Oi, eu sou o Darius.”

Todo mundo na sala lentamente se virou para encontrar Darius – cabeça regenerada.

Ele estava de joelhos na frente de uma ainda exausta Igrat e segurava a mão dela delicadamente.

“Espero que não me considere muito ousado, mas devo dizer, você é a mulher mais deslumbrante que já vi em 9.000 anos de vida.”

Todo mundo na sala apertou os lábios.

Igrat era bonita…? Claro.

Mas bonita tipo demônio e bonita tipo Nevi’im são dois níveis muito diferentes.

Você poderia encontrar uma mulher mais bonita que Igrat trabalhando atrás do balcão do seu restaurante local Dragão Gordo.

Mas Darius tinha um tipo muito específico de mulher que gostava.

Resumidamente, ele gostava de mulheres fáceis – porque ele também era um homem fácil.

Ele era um ferreiro dedicado e um guerreiro capaz, mas fazer o mínimo de esforço para obter seu prazer era o lema da vida dele.

É por isso que ele havia conhecido metade de suas atuais esposas em bordéis.

Num piscar de olhos, Asmodeus apareceu atrás de seu melhor amigo. Seus olhos estavam completamente negros e destituídos de toda racionalidade.

Ele planejava usar seu machado para dividir Darius bem no meio de sua cabeça calva.

Mas assim que a antiga lâmina do machado estava ao alcance do golpe, Darius levantou o braço sobre a cabeça em um movimento protetor – e ao mesmo tempo, nunca quebrando o contato visual charmoso e suave com a sedutora – embora fácil – Igrat.

Quando o machado atingiu a carne endurecida, um choque metálico ressoou que parecia vir da própria forja da Valerie.

O machado do Asmodeus só conseguiu penetrar a primeira camada da pele do Darius e falhou completamente em quebrar sua postura.

Darius tirou algo do bolso e deslizou para a mão da Igrat. “Se você precisar de ajuda para se adaptar aqui… Eu espero que você pense em mim.”

Os garotos no grupo de chat não conseguiam acreditar que ele havia dito aquilo.

Eles iam queimá-lo vivo assim que estivessem sozinhos.

Igrat olhou para baixo para o pequeno pedaço de pergaminho.

Era um cartão de visitas com uma foto do Darius na frente numa pose… questionável.

Ele vestia um speedo que era pequeno demais, estava coberto de óleo para bebê e segurando uma rosa entre os dentes.

Seu número de telefone e endereço estavam retratados logo abaixo do volume no seu speedo que com certeza não podia ser uma boia.

‘Oh meu Deus…’ Igrat estava achando cada vez mais difícil lembrar que deveria estar de luto por um marido falecido.

Num sopro de chama bronzeada, Darius desapareceu da frente dela e voltou para seu assento ao lado da Karliah.

A beleza de pele negra inclinou-se e sussurrou: “Ei. Isso vai ser um lance de equipe, ou…?”

Assim como o Darius, Karliah gostava de gratificação sexual fácil que não precisava se esforçar para ter.

“Calma aí, deixa eu dar uns goles primeiro e depois a gente vê o que faz.” Ele sussurrou de volta.

Os dois trocaram um cumprimento com os punhos fechados que quase fez o antigo sangue do Asmodeus ferver.

Ele arrancou o cartão de visitas da mão de sua mãe e logo ele foi consumido pelo fogo.

Mas Darius era verdadeiramente do estilo de vida da libertinagem, não era novo nisso. O cartão de visitas era encantado, então um novo aparecia logo na mão da Igrat.

Essa não foi a primeira vez que ele cobiçou uma mulher que não deveria ter. Embora normalmente fossem os maridos quem estivessem queimando os cartões de visitas em vez de seus filhos…

“Se todos terminaram com… seja lá o que foi isso.” Shin tremia. “O que vamos fazer sobre a anomalia planetária? Ainda precisa ser resolvida, de um jeito ou de outro.”

As esposas esfregaram o queixo pensativamente todas de uma vez, como se já estivessem se fundido em Ayaana.

Era verdade que tinham que voltar. Se os universos fossem deixados para se mesclar completamente, então por sua vez começariam a tentar combinar em mais universos, e seria apenas mais difícil para parar.

“Não se preocupe, Shin. Nós não vamos te deixar fazer todo o trabalho duro sozinho.” Lailah prometeu.

“Não é que nós não poderíamos…”

“Sim, sim.” Audrina acenou com a mão de forma displicente. “Mas por enquanto… gostaríamos que você permitisse que seus filhos ficassem aqui.”

“De jeito nenhum, próxima pergunta.”

“‘Pai!'” AJ e Kayla socaram as costelas robóticas do Shin.

“O quê?!”

“Pelo menos ouça o que ela tem a dizer.”

“Você está sendo rude.”

Shin estava se perguntando por que, mesmo sendo o pai, ele frequentemente sentia que tinha tão pouco controle sobre sua própria vida.

“…Você estava dizendo?”

Audrina sorriu venenosamente. “Nossa Courtney é muito afeiçoada ao seu filho e filha. Como vamos manter ela aqui em casa para sua segurança, estávamos esperando que você pudesse permitir que seus filhos ficassem aqui com ela. Eles estarão perfeitamente seguros.”

Shin bufou. “Não sei não. Esses dois não podem simplesmente perder tanta escola. E além disso, este lugar pode muito bem ser o mais perigoso para eles. Já que o Caos está-”
“O Caos não irá mais atrapalhar nosso lar, e nosso marido vai garantir isso. Mas nosso medo é que, como o responsável por matar o Lúcifer parece ter consciência da nossa família, ele pode começar a alvejar aqueles que somos próximos também. É por isso que queremos todos aqui.”

Shin ainda parecia não convencido. “E se eu for sequestrado? Vocês também vão me libertar?”

“Se sobrar algo de você para libertar-”
Eris deu uma cotovelada discreta em sua esposa. “Ela quer dizer que sim. Você está ligado a alguém que nossa filha se importa muito.”

“V-Você não precisava dizer tudo isso, mãe…” Courtney encolheu a cabeça entre os joelhos, envergonhada.

Ela podia sentir AJ olhando para ela e literalmente sentiu como se pudesse morrer.

Numa questão mais adulta, Shin ainda não estava totalmente convencido.

Claro, provavelmente não havia lugar mais seguro para seus filhos descansarem do que a casa dos dragões mais poderosos da criação, mas eles também estavam no centro deste terrível conflito desde o início.

Como ele saberia que eles realmente estariam seguros aqui?

Ele abriu sua mandíbula metálica como se estivesse prestes a fazer outra pergunta, mas antes que pudesse Asherah se levantou dramaticamente – seu rosto estarrecido.

“V-Você precisa ir… Agora!”