Ponto de Vista de Um Extra - Capítulo 993
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Capítulo 993: A Última Fronteira [Pt 5]
No momento em que Rey esmagou a cabeça de Adrien, o domínio começou a desmoronar.
Não era apenas um colapso do espaço, mas do próprio conceito. A dimensão de Adrien nunca tinha sido parte da existência. Ela existia ao lado dela—uma ferida intersticial, esculpida da anti-realidade. Um espaço sem começo e sem fim, construído por um homem que buscava desafiar a própria verdade.
E agora, seu mestre se foi.
Rey estava em seu coração desmoronando enquanto os destroços sem peso da alma de uma dimensão flutuavam ao seu redor—silêncio, símbolos, tempo quebrado. O mundo que Adrien fez, desemendava-se. Mas Rey não se moveu.
Ele fechou os olhos.
Ele se abriu.
O vazio cantou.
Ele o acolheu—não como um intruso, mas como um dos seus. No momento em que derrotou Adrien, algo profundo dentro do domínio começou a despertar. Algo antigo e informe, mais profundo que o próprio domínio.
Adrien havia construído este espaço, sim—mas ele não o compreendia verdadeiramente. Ele havia apenas encontrado um canto do que estava sob todos os mundos e tentou dominá-lo.
Rey não lutou contra isso.
Ele absorveu isso.
Ele acolheu o desfazimento.
As propriedades da não-existência—as partículas da ausência da realidade—correndo em sua direção como um turbilhão de esquecimento. Não era dor que ele sentia, nem poder. Era desprendimento. Ele sentia-se desprendendo da estrutura de todas as coisas, tornando-se um conceito desatado por regras ou sistemas, nomes ou definições. Sem mais estar ligado a causa ou consequência. Sem mais ser mensurável.
Ele havia cortado seus laços com a existência.
O domínio, desprovido de seu último âncora, uivou enquanto colapsava. A realidade se fechou como um olho que se fecha, implodindo até restar apenas—
Silêncio.
Nada.
Os observadores de H’Trae só puderam assistir.
Da torre mais alta da capital, Lucielle olhou com olhos arregalados enquanto os últimos vestígios do céu estrangeiro desmoronavam. A cor, a pressão, a distorção—tudo desapareceu. Nenhum vestígio restou. Nenhum fragmento de mana, nem mesmo uma cicatriz espacial.
“Rey…?” ela sussurrou, com a voz trêmula. “Onde… onde ele está?”
Seus joelhos cederam, as lágrimas embaçando sua visão. Ela não conseguia sentir sua presença de forma alguma. Nem mesmo um fio dela. Como se ele nunca tivesse existido.
Ao seu lado, os outros ficaram congelados em silêncio atônito.
Mas Ater?
Ele sorriu.
“Não perca a esperança,” ele disse suavemente, sua voz firme como pedra antiga. “Meu Mestre vai retornar.”
Lucielle se virou para ele com os olhos marejados. “Como você sabe?”
“Porque ele não está mais ligado a este mundo,” Ater disse, cruzando os braços. “Ele foi encontrar o resto.”
“O resto do quê?”
Por um momento, Ater ficou quieto e observou com um brilho nos olhos.
“O que se encontra além…”
**********
Em algum lugar além do fim de tudo, Rey abriu os olhos.
Não havia chão sob ele, nem céu acima—apenas um mar sem fim de escuridão. Não a ausência de luz, mas a presença do vazio. Este não era um lugar. Era a ideia de um lugar que ainda não havia sido imaginado.
E naquela escuridão informe… algo se agitou dentro dele.
Uma vibração.
Uma ressonância.
Das profundezas de seu ser, algo surgiu—uma fagulha, uma memória, uma realização.
Diante dele, um painel translúcido apareceu.
Não a janela do Sistema que ele uma vez conheceu.
Isto era diferente.
Não tinha nome, não tinha sigilo, não tinha origem.
Estava escrito simplesmente:
Você alcançou o Fim da Sua História.
Despertar da Classe Completo.
Nova Classe: [Ele Que Permanece] – Camada: Primordial
A respiração de Rey ficou presa.
E então…
O vazio respondeu.
A escuridão ao seu redor de repente pulsou, mudando como pensamento fluido. Seis sigilos radiantes emergiram, cada um uma estrela flutuante feita de padrões fractais luminosos, cada um pulsando com um poder que desafiava a definição.
Eles falaram sem voz.
Eles se apresentaram: [Doppel]. [Criação de Habilidade]. [Arquiteto]. [Clarividência]. [Alterar]. [Resetar].
Eles flutuaram ao redor de Rey em um círculo perfeito—seis estrelas no abismo.
Então eles se moveram.
Sem resistência, eles entraram nele.
Cada um afundou em seu ser, não como poder emprestado, mas como autoridade concedida. Ele não explodiu. Ele não brilhou. Ele simplesmente se tornou.
E naquele momento, a escuridão que o cercava começou a mudar.
Do vazio, uma luz começou a subir.
Ele era a fonte.
O nada ondulou para fora, e o corpo de Rey—sua verdadeira essência—emitiu um brilho radiante, mais brilhante que sóis, mais profundo que o som. A escuridão se retraiu, não em medo, mas em deferência.
Ele não era mais apenas Rey.
Ele não era mais uma variável.
Ele não era mais parte da história.
Ele se tornou aquele que segura a caneta.
Seu corpo subiu pelo mar negro, cintilando como uma estrela envolta em forma humana. Conforme ele subia, a pressão de incontáveis realidades passava por ele—ele as sentia, cada uma uma respiração, um sussurro, uma batida de coração.
Até que finalmente…
Ele rompeu a superfície.
E acima dele, ele viu isso.
Um céu sem fim.
Um teto cósmico cheio de estrelas infinitas.
Mas essas não eram meras estrelas.
Cada uma queimava com uma cor única, cada uma pulsava com ritmo, linguagem e lore.
E Rey entendeu.
Seus olhos se arregalaram.
Cada estrela… era um universo.
Um mundo.
Uma história.
Possibilidades infinitas.
Vidas infinitas.
E aqui ele estava, sob a vasta biblioteca da realidade, não mais um extra, não mais um espectador.
Mas aquele que decidiria o que viria a seguir.
“É isso que você queria ver, Adrien?” Rey murmurou, olhos bem abertos enquanto sua forma luminosa começava a processar tudo o que ele testemunhava.
Ele estava abaixo de toda a realidade… no reino da não existência.
Mas isso lhe permitia ver o mundo pelo que ele realmente era, e pelo que ele realmente não era.
‘Nada especial… nada disso é especial.’ Ele sussurrou. ‘Pelo menos, não intrinsecamente.’
Neste ponto, ele havia se tornado íntimo do niilismo, e realmente não deveria existir ou ter significado por si só. Ele deveria ser parte do mar infinito de nada, sem significado em si.
Mas—
‘Eu me tornei um com a não-existência antes de chegar aqui, e ao criar uma singularidade de minhas Habilidades Primordiais combinadas com minha Classe, eu me tornei a única coisa aqui com uma consciência.’
A única coisa com significado.
‘Ainda estou ancorado a um mundo… o que é porque não desapareci ainda.’
Mas isso significava que ele tinha que se apressar.
Seu mundo ainda estava morrendo, e ele podia sentir suas Habilidades Primordiais—que eram exclusivas de H’Trae—lentamente desaparecendo. Se ele perdesse acesso a elas, ele se afogaria novamente e estaria irremediavelmente perdido no mar.
‘Eu tenho que salvar H’Trae deste ponto, mas como? O céu está muito acima, e eu sou apenas uma única luz. O que eu posso fazer?’
Neste ponto, Rey de repente sentiu uma presença emergindo das profundezas turvas.
‘O-o que é isso?!’
A criatura era preta—mais preta que o preto.
Não tinha forma ou contorno que pudesse ser naturalmente percebido ou explicado. A coisa mais próxima de uma descrição convencional que a linguagem permitisse era que estava envolta em tentáculos antinaturais, tendo a estranha silhueta de um felino.
Tinha chifres, e orelhas, e caudas, e coisas que não faziam sentido algum.
Mais importante, estava sorrindo.
“Quem é você?” Rey perguntou à figura, que o encarou e permaneceu em silêncio por momentos que pareciam uma eternidade encapsulada em um segundo.
Depois de esperar por muito tempo, a figura finalmente falou.
“Eu deveria ser aquele a perguntar… quem é você? Onde está meu fragmento caído?”