Capítulo 989: A Última Fronteira [Pt 1]
‘Droga…’
Rey estava no coração da dimensão distorcida, sua respiração constante apesar do caos ao seu redor.
Clones de Adrien preenchiam o vazio.
“Que visão interessante, Rey!”
“Você durou tanto tempo. Já perdi a conta de quantos ‘eus’ você matou até agora.”
“Impressionante! Muito impressionante!”
“Mas não adianta, você sabe?”
“Apenas desista!”
Milhares—talvez milhões—o cercavam em todas as direções, sorrindo com o mesmo sorriso confiante, os mesmos olhos cruéis, cada um idêntico, mas sutilmente diferente em poder e presença. O espaço ao seu redor estava distorcido, como uma tela de vidro estilhaçado pintada em infinitos tons de vermelho e violeta. Estrelas pendiam imóveis no céu como brasas mortas, e o próprio tempo parecia congelado, ou talvez esticado.
Esse era o mundo de Adrien agora.
Rey cerrava os punhos, seu corpo inteiro coberto de suor e sangue—nenhum dele próprio. Ao seu redor, os corpos quebrados dos clones caídos de Adrien se espalhavam como bonecas de papel, desvanecendo-se em luz. Ele estava em uma superfície que não existia, sustentado apenas pela força de vontade, energia pulsando como uma tempestade em suas veias.
Ele girou sua lâmina em um círculo e apontou para a parede de clones à sua frente.
“Próximo.”
Em um borrão, o Adrien à sua frente avançou, empunhando duas lâminas espectrais. Rey se esquivou do golpe, curvando-se baixo e disparando para cima com um corte ascendente envolto em relâmpagos. O clone explodiu em faíscas. Dois mais tomaram seu lugar.
Rey não vacilou—ele se movia como um fantasma, deixando imagens residuais enquanto se entrelaçava entre eles.
[Habilidade Ativada: Mirage das Sombras Suprema]
[Habilidade Ativada: Desabrochar Supremo]
[Habilidade Ativada: Contragolpe Astral Supremo]
Cada movimento se tornou instintivo.
Cada bloqueio, cada golpe, parecia mais suave que o anterior.
Ele não precisava mais chamar as Habilidades pelo nome em sua mente—elas fluíam dele como uma memória muscular há muito esquecida. Quanto mais ele lutava, mais natural se tornava.
Ele podia sentir isso.
O Sistema.
Respondendo à sua vontade.
Alimentando seu crescimento.
[Você Subiu de Nível.]
[Nível 1.790 → 1.800 → 1.910…]
Mas mesmo com seu corpo se ajustando, mesmo com sua habilidade de combate afiando-se a cada morte causada, a cada golpe desferido, ele sabia o que Adrien estava fazendo.
Ele estava ganhando tempo.
Rey saltou alto no ar e apontou ambas as mãos para baixo.
[Grade Infernal Eterna Suprema – Variante Vórtice]
Correntes negras de calor e pressão explodiram de seus braços, envolvendo dezenas de clones e esmagando-os em uma espiral mortal. O chão se rachou enquanto seus corpos implodiam, mas mais clones de Adrien tomavam seu lugar, como se a morte nada significasse para eles.
“Eu não vou jogar seu jogo para sempre,” Rey murmurou.
Acima dele, dezenas de portais se abriram novamente, vomitando mais Adriens para o campo de batalha. Alguns estavam envoltos em chamas. Outros brilhavam com energia necrótica. Alguns empunhavam foices gêmeas, outros conjuravam círculos mágicos que distorciam o espaço entre as dimensões.
E ainda assim, Rey lutava.
Suas pernas se moviam por instinto.
Sua espada cintilava de um ângulo para outro.
Seus olhos, brilhando levemente com divindade, rastreavam cada movimento como um general veterano dissecando um campo de batalha.
“Você não vai me parar aqui, Adrien. Eu sei o que você está fazendo. Você quer tempo para destruir H’Trae.”
Rey avançou com força, cortando um clone ao meio enquanto outro lançava fogo em sua direção. Ele levantou uma mão.
[Barreira Primordial Suprema – Forma de Luz]
Uma cúpula de energia dourada o protegeu do inferno. Ele correu através dela, cortando o conjurador em dois antes que ele pudesse até mesmo reagir.
Outra Habilidade—desta vez por puro instinto.
Uma parte dele se perguntava até onde isso iria.
Outra parte… não se importava.
Porque ele não poderia ficar aqui para sempre.
Enquanto outra onda de inimigos se lançava contra ele, Rey desceu sua lâmina para baixo, enviando uma onda de luz comprimida através deles, então ficou parado no meio da tempestade.
Ele fechou os olhos por um momento.
… E orou.
“Por favor. Todos… apenas aguentem um pouco mais. Eu vou voltar. Eu prometo.”
*************
[Enquanto isso…]
Os céus sobre H’Trae estavam escurecidos.
O campo de batalha estava em ruínas.
O Continente do Norte, outrora cheio de vida, morte e desafio, havia sido silenciado em um cemitério de apenas carnificina e desespero.
“Haa… haaa…”
Adônis caiu de joelhos, armadura dourada rachada e encharcada de sangue. Sua espada dourada, agora apagada, estava enterrada na terra ao seu lado. O ar cheirava a cinzas e magia, e sua respiração vinha em arfar rasos.
Ele levantou a cabeça lentamente.
O corpo de Lucielle jazia imóvel nas proximidades—suas asas esfarrapadas, sua cauda mole e seus chifres rachados. Seu peito mal se movia, sangue se acumulando embaixo dela.
Ela tinha morrido—mesmo quando ela se transformou completamente em seu estado de Imperador Dragão, ela ainda encontrou um fim miserável. Sua única salvação foi a Habilidade [Maldade Personificada] que preservava sua vida apesar das muitas vezes em que ela sofreu a morte.
Ainda assim, seu corpo estava paralisado, passando repetidamente pelo ciclo de regeneração e degeneração—impotente para parar qualquer coisa.
E quanto aos outros?
Fae… se foi.
Seu corpo inerte aninhado nos braços de um clone do Rei das Fadas, seu criador. Mesmo na morte, ela exibiu um sorriso largo… mostrando o quanto ela se sentiu realizada em sua morte.
Era assim que ela sempre quis ir.
Bem à frente, a última linha se mantinha—mas apenas por pouco.
O corpo principal do Rei das Fadas estava na frente, seu corpo inteiro cercado por ventos rasgados e pétalas brilhantes. Sua força ia além da compreensão normal, mas até ele estava sendo pressionado. Ao lado dele, o Oráculo entoava feitiço após feitiço, ativando inúmeras Habilidades de uma vez, seu rosto pálido e suas mãos trêmulas.
E pairando diante deles…
Um Adrien.
Mas não como os outros.
Este era diferente.
Mais alto. Mais refinado. Impregnado de uma energia tão potente que o chão sob seus pés derretia com cada passo. Ele não falava. Ele não se vangloriava.
Ele apenas avançava, levantando uma mão—e rompendo até mesmo suas barreiras mais fortes.
Sua defesa mais forte acabara de falhar.
A esperança… estava se esvaindo.
Adônis rosnou através de dentes cerrados, cuspindo sangue enquanto pressionava a mão na terra, tentando se levantar.
Todo o seu ser gritava para permanecer no chão.
Para descansar.
Mas ele não podia.
Ainda não.
Ele olhou ao redor novamente—para as pessoas atrás dele. Os feridos. Os moribundos. As crianças protegidas por pais quebrados. Ele olhou para o rosto de Lucielle.
E então… ele tomou sua decisão.
“Parece que…” ele murmurou, sangue escorrendo de seus lábios, “não tenho outra escolha…”
Sua voz era calma.
Mas o mundo sentiu isso, e logo… todos também sentiram.