Capítulo 986: Buscando Esperança
Um silêncio esmagador seguiu a explosão de luz.
Os detritos do espaço tremiam com energia, e o corpo de Adrien flutuava inerte no vazio. Sua capa preta flutuava sem rumo, queimada e rasgada da batalha. Sua expressão era de descrença, os lábios tremendo enquanto o brilho avassalador do ataque do Rey se desvanecia.
Flutuando acima dele, a figura do Rey brilhava com luz divina, sua Classe aprimorada irradiando uma aura que perturbava o próprio Sistema. Seus olhos brilhantes estavam fixos na figura ajoelhada de Adrien, que parecia a momentos da desintegração completa.
Rey levantou a mão.
“[Sentença Final],” ele murmurou.
Uma lança de luz pura e branca se formou em sua mão, uma versão condensada da habilidade de apagamento do seu Ultimate Ray, destinada a perfurar a própria existência. Ele a lançou para baixo sem hesitação—
Ploc
Um único som ecoou pelo vazio.
Os olhos de Rey se arregalaram, e seu braço congelou no meio do lançamento.
Ploc. Ploc. Ploc.
O som veio por trás dele.
Ele se virou.
Flutuando preguiçosamente acima dos restos do vazio estava… Adrien.
Não o que estava diante dele.
Um diferente.
Este parecia mais composto—refinado até. Ele vestia um terno branco escuro com gravações douradas e uma capa de colarinho alto. Seu cabelo estava penteado para trás, e seu sorriso era tão confiante quanto frio.
“Bravo,” esse novo Adrien disse, batendo palmas lentamente com um divertimento deliberado. “Você conseguiu. Você derrotou uma versão de mim.”
As sobrancelhas de Rey se franziram. “Uma versão…?”
Antes que ele pudesse dizer mais, rachaduras espaciais cortaram o vazio.
Uma a uma, mais variantes de Adrien atravessaram buracos de minhoca brilhantes. Cada um diferente—alguns altos, outros baixos; alguns vestindo armaduras de batalha, outros em mantos de sacerdote. O ar ficou pesado com sua presença coletiva, cada um irradiando um imenso poder.
Então—
SHHK!
O Adrien ajoelhado, ainda ofegante e mal consciente, foi subitamente atravessado por uma lâmina negra como breu.
Um Adrien final, retorcido—este com cabelo prateado e íris douradas—sorriu por trás dele. “Você cumpriu seu propósito. Obrigado por amaciá-lo.”
O corpo de Rey se retesou. “Você o usou?”
“Claro,” o Adrien de cabelo prateado riu, puxando sua lâmina. “O que é um sacrifício em nome da infinidade?”
O corpo morto de Adrien se dissolveu em cinzas, e uma fria realização afundou no núcleo de Rey.
Eles não eram clones.
Eles não eram ilusões.
Essas eram versões reais, totalmente autônomas, de Adrien.
“Quantos de vocês existem?” Rey sussurrou.
“Você descobrirá em breve,” disse um com tatuagens brilhantes e um braço mecânico. “Mas primeiro… nós temos um presente.”
Todos os Adriens apontaram para H’Trae.
Rey seguiu seu olhar e viu—
Um enorme, expansivo buraco de minhoca pairando ominosamente sobre o Continente do Norte. Suas bordas brilhavam com cores impossíveis, e de suas profundezas, criaturas monstruosas saíam aos milhares. Gigantes colossais, abominações retorcidas, leviatãs aéreos—cada um pior que o anterior—desciam em carga.
E abaixo, no continente, Rey viu brilhos de batalha.
Era o campo de batalha onde seu exército da Aliança de H’Trae lutava. Lucielle, Ater, O Oráculo, O Rei das Fadas, e os outros—todos eles estavam lá embaixo.
“Não…”
Rey disparou para a frente, se preparando para correr em direção ao planeta.
Mas os Adriens se moveram em sincronia.
“Concentre-se em nós,” sussurrou um por trás.
“Deixe-os queimar,” outro acrescentou, sorrindo.
BOOM!
Uma enxurrada de ataques atingiu Rey de todas as direções—relâmpagos negros, lâminas distorcidas pelo tempo, vínculos espaciais e até uma cascata de código corrompido. A força o mandou cambaleando para trás, preso numa espiral giratória de dor e choque.
“[Rompimento Celestial]!” Rey gritou, levantando ambas as mãos e convocando uma rede de lanças que choveram em todas as direções.
As lanças detonaram, esculpindo luz no vazio, mas os Adriens esquivaram-se facilmente, alguns até absorvendo a energia.
“[Corte da Realidade]!”
Rey abriu o espaço, enviando um corte violeta que ceifou os caminhos da magia e da matéria. Um Adrien foi cortado ao meio, mas outro saiu imediatamente de um novo portal.
“Você é rápido,” disse um Adrien, aplaudindo novamente. “Mas não rápido o suficiente.”
FWOOOOOSH!
Um Adrien flamejante, coberto em chamas carmesins e escamas de dragão, avançou para Rey com incrível velocidade. Rey bloqueou com seu antebraço, mas o impacto foi suficiente para enviar ondas de choque através da área.
“[Lâmina Infinita: Arco Final]!” Rey rugiu, convocando milhares de lâminas translúcidas que o cercaram em órbitas de movimento mortal. Cada uma disparou em direção a um Adrien, buscando pontos vitais.
Explosões sacudiram o vazio.
Um Adrien se desintegrou.
Dois mais foram empalados.
Mas tão rápido quanto, mais cinco surgiram.
Cada um parecia mais forte, mais refinado.
Os suspiros de Rey se tornaram ofegantes.
“[Nova Estelar]!”
Uma esfera de energia branca e quente envolveu-o, crescendo a cada segundo antes de detonar com força suficiente para dobrar a própria luz. Os Adriens foram arremessados—mas apenas momentaneamente.
“Você não pode vencer,” disse um Adrien cibernético, lançando drones em direção a ele.
“Somos infinitos,” disse outro, este um jovem garoto com olhos dourados.
Rey lançou-se em direção ao buraco de minhoca sobre H’Trae, ignorando a dor que percorria seu corpo.
Ele tinha que parar isso.
Ele tinha que protegê-los.
Mas—
BOOM!
Um soco congelado no tempo acertou suas costelas, quebrando várias no impacto.
Rey cuspiu sangue, olhos selvagens.
“[Parada Absoluta]!” ele gritou, congelando o movimento de uma dúzia de Adriens ao seu redor.
Mas mais continuavam vindo.
“Explosão Estelar Desacorrentada]!”
Uma enxurrada de Habilidades de alto nível explodiu de Rey, distorcendo a física e cortando o espaço. Ele teceu através dos inimigos, atacando e defendendo, mas os números eram demais.
E o pior de tudo—
O buraco de minhoca sobre H’Trae se expandiu ainda mais.
Mais monstros. Mais horror.
Rey olhou para baixo e viu os defensores recuando. Rápidos flashes da aura de Lucielle, as silhuetas de seus aliados, e toda a população do mundo abaixo foram percebidos por Rey naquele exato momento, e ele sabia que suas vidas poderiam ser extintas a qualquer instante.
‘Onde está Ater? O que ele está fazendo?!’ Rey se perguntou, mas ele não tinha o luxo de se deter nesses pensamentos.
Em vez disso, sua preocupação aumentou enquanto ele observava todos no planeta.
Eles estavam lutando contra as ameaças iminentes.
Eles estavam perdendo.
“Alguém…” ele sussurrou.
“Qualquer um…”
“Por favor, pare isso…”
Os Adriens riram enquanto o cercavam novamente, cada um preparando seu ataque final.
Os olhos de Rey queimavam, e seus punhos se cerravam.
Mas mesmo enquanto lutava com tudo, o desespero se infiltrava.
E H’Trae… continuava a cair.
No momento, até mesmo o aparentemente todo-poderoso Rey precisava de ajuda de alguém além dele.
—Um Herói.
BOOOOOOOOOOOOOM!!!
Os olhos de Rey se arregalaram ao sentir uma presença como nenhuma outra emergir de H’Trae.
Até mesmo os vários Adriens com quem ele lutava estavam igualmente chocados—ainda mais quando a luz dourada que dançava ao redor da entidade parecia tão familiar, porém distante.#
Ambos não puderam deixar de olhar para H’Trae com um único pensamento em suas mentes.
‘Q-quem… é esse?!’