Capítulo 980: Rey Vs Lucielle
O instante em que Lucielle surgiu, Rey soube que esta luta seria diferente de qualquer outra.
Seus cabelos brancos como a neve desciam até o chão, um contraste assustador com as marcas escuras que se torciam ao redor de seu rosto e braços. Seus nove chifres curvados formavam uma elegante coroa flutuante de escuridão pairando sobre sua cabeça. Suas asas—múltiplas e vastas—se abriram, crepitando com poder cru e incontrolado. Sua cauda balançava atrás dela, um apêndice monstruoso apesar de sua forma humanoide.
E seus olhos… vazios negros com um brilho carmesim—como se devorassem a própria luz.
Esta não era a Lucielle que ele um dia conheceu.
O próprio ar se distorceu, tremores dilacerando a realidade enquanto sua presença ameaçava colapsar toda a torre.
Ainda assim, Rey não hesitou.
Assim que ela se moveu, a mão dela um borrão de aniquilação, Rey agarrou o clone de Adrien e o jogou contra o ataque dela.
BOOOOOOOOOOOOOOOMMMM!!!
Uma explosão cegante de energia irrompeu enquanto o clone se desintegrava instantaneamente, apagado sem resistência.
Mas Rey já estava em movimento.
Ele avançou, seu corpo borrando pelo espaço enquanto fechava a distância, sua mão brilhando com o imenso poder do [Raio Supremo].
Lucielle encontrou-o no meio do ar, seus dedos pálidos distorcendo a realidade enquanto desencadeava uma explosão de pura destruição—uma colisão de magia, conceito e devastação.
Eles colidiram.
Outro rugido estrondoso ressoou, fazendo o chão metálico escuro abaixo deles se despedaçar—se transformando em algo menor que pó em um instante. As paredes logo seguiram, até que toda a estrutura começou a sofrer deterioração rápida e colapso estrutural.
Em menos de um segundo—
BOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOMMMMMM!!!
A torre inteira explodiu, obliterada no rastro de sua batalha enquanto eles irromperam no céu aberto.
Abaixo, a batalha continuava, o exército de Fadas, Elfos, Humanos, Anões e Gigantes de Rey lutando contra os híbridos Dragonoides de Adrien, seres mutados com carne escamada, asas e poder dracônico.
Mas nada disso importava agora.
O próprio Continente do Norte tremia enquanto Rey e Lucielle rasgavam a atmosfera, cada golpe distorcendo a realidade e enviando ondas de choque que devastavam a terra abaixo deles.
As asas de Lucielle bateram uma vez, e o céu se estilhaçou como vidro, criando fissuras no vazio que sugavam tudo ao seu redor.
Ela ergueu a mão.
[Destruição Mundial].
Um sol negro se materializou acima de sua palma, um corpo celestial de ruína, pulsando com pura aniquilação.
Rey reagiu instantaneamente.
Ele torceu o corpo no ar, ativando [Efeito de Massa], estendendo sua influência ao redor para cobrir toda a área de impacto. Assim que terminou, ele fixou o olhar no orbe sombrio sendo gerado, alterando a gravidade ao seu redor para desviar do ataque—mas Lucielle já o havia antecipado.
Com um piscar de [Domínio Perfeito], o espaço se dobrou ao redor de Rey, prendendo-o em um campo de batalha selado onde sua mágica destrutiva era absoluta.
Os olhos de Rey se estreitaram.
Ela era rápida.
Ela era forte.
E—acima de tudo—ela havia se perdido para o poder que agora empunhava.
Ele desapareceu em um instante, usando uma Habilidade em [Doppel] para se dividir em várias versões de si mesmo, cada uma atacando com diferentes Habilidades de Classe SSS.
Lucielle contra-atacou com uma precisão desumana, sua maestria em [Toda Magia] permitindo-lhe conjurar cada feitiço defensivo e ofensivo possível simultaneamente.
Era uma batalha de pura supremacia, seus movimentos rápidos demais para o olho acompanhar, seus ataques rasgando dimensões, cada golpe abalando os próprios alicerces da existência.
Para cada ferimento que Rey infligia, Lucielle usava [Resetar], rebobinando a realidade para desfazer o dano.
Ele esmagou suas costelas—elas curaram instantaneamente.
Ele cortou seu braço—ele se restaurou antes mesmo de tocar o chão.
Ele desencadeou o [Raio Supremo], obliterando seu torso—ela rebobinou o tempo e retornou à forma perfeita.
‘Temos Estatísticas iguais, e a batalha continuará indefinidamente por causa do [Resetar] dela se eu não fizer algo diferente…’
No exato momento em que ele teve esse pensamento, Lucielle atacou novamente, sua lança de destruição condensada mirando diretamente no coração de Rey.
Mas desta vez—
Ele deixou que o golpe o acertasse.
O mundo se distorceu.
O tempo voltou.
Rey sentiu a habilidade se ativando, viu o fluxo da causalidade se desenrolando enquanto o [Resetar] de Lucielle reescrevia o evento.
Ele já a havia copiado.
‘É praticamente impossível para o Imperador Dragão morrer em H’Trae—não apenas por causa do [Resetar], mas também do [Maldade Personificada].’ Um lampejo de entendimento encheu seus olhos enquanto ele os estreitava na entidade diante dele.
Por mais calmo que fosse sua análise, ele podia sentir seu coração sangrar apenas por olhar para ela.
‘Não é justo… isso não é justo…’ Pensou consigo mesmo. ‘Eu fui impotente para salvar Alicia de morrer… Eu tive que deixar Esme ir também, e agora…’
Ele lutou contra os sentimentos de hesitação que se enrolavam ao redor dele—enroscando-se em seu coração enquanto ele olhava para a perdida e completamente transfigurada Lucielle.
“… Eu também tenho que deixar você perecer?”
WHOOOOSH!
Lucielle avançou contra ele com um ataque ainda mais devastador—várias vezes mais destrutivo do que os anteriores—mas o próximo golpe dela nunca alcançou.
A mão de Rey agarrou o pulso dela no meio do movimento, seus dedos apertando como um torno inquebrável.
Seus olhos brilhantes se arregalaram de choque.
Pela primeira vez—ela hesitou.
Rey a encarou.
Ele não tinha mais motivos para prolongar isso.
Ele podia terminar agora.
Ela havia se tornado uma força monstruosa de destruição, além de qualquer salvação.
Matá-la seria fácil.
Sua mão apertou seu pescoço.
Ele ergueu a outra mão, energia se reunindo, formando uma série de padrões usando as Habilidades de Classe SSS à sua disposição que eram certamente poderosas o suficiente para apagá-la completamente.
Ela precisava morrer.
Ele sabia disso.
Mas então—
Os lábios de Lucielle se curvaram em um sorriso distorcido e pesaroso.
‘O-o quê…?!’ Seus olhos se arregalaram ao ver aquilo—testemunhando um vislumbre da mulher que ele uma vez conheceu dentro do monstro que segurava.
E então, antes que ele pudesse compreender completamente aquela visão—
ZZZTTTTZZZZ!!!
—Ela se autodestruiu.
VWUUUUUUUMMMMMMMMM!!!
O mundo gritou.
Seu corpo irrompeu em uma explosão de energia apocalíptica, uma detonação tão vasta que ameaçava consumir todo o Continente do Norte.
O campo de batalha tremeu violentamente, tanto as forças de Rey quanto as de Adrien cambaleando sob a pura força da destruição.
Tudo estava prestes a ser apagado.
A expressão de Rey endureceu.
Isso precisava parar.
Ele precisava fazer sua escolha—ali, naquele momento.
Abaixo dele estavam centenas de milhares de pessoas que estavam arriscando tudo para salvar este mundo—para alcançar um futuro melhor para H’Trae. Lucielle era forte o suficiente para destruir tudo pelo que eles haviam trabalhado tão arduamente, o que significava que ele precisava detê-la.
Não havia escolha.
‘Tenho que fazer isso… tenho que acabar com isso.’
Ele se moveu mais rápido que a luz, seu corpo atravessando as chamas, alcançando o núcleo de Lucielle—o epicentro de sua detonação.
Sua mão avançou.
E ele a perfurou através do coração.
Os olhos negros brilhantes de Lucielle se arregalaram, seu corpo se convulsionando violentamente enquanto Rey a puxava para perto, sua testa pressionando contra a dela.
Um brilho dourado os envolveu, uma força esmagadora os afastando da realidade—
“[Domínio do Homem]…” Ele murmurou, ativando sua Habilidade.
Tudo mudou.
O campo de batalha, o continente, a guerra—tudo desapareceu.
Eles entraram em um plano diferente, uma dimensão alternativa criada pelo poder esmagador de Rey.
A respiração de Lucielle engasgou, seus dedos segurando fracamente o pulso dele.
Pela primeira vez na luta, seus olhos se clarearam, sua voz pouco mais do que um sussurro.
“R-Rey?”
“Lucielle…”
Ele fechou os olhos, seu aperto firme, mas não cruel.
Então, enquanto a consciência dela desaparecia nas profundezas do abismo, sua voz ecoou solenemente no vasto—espaço vazio.
“… Eu vou salvar você.”