Ponto de Vista de Um Extra - Capítulo 971

Capítulo 971: O Novo Oráculo

Esme surgiu no Domínio de Deus.

Ou melhor, o que se supunha ser o Domínio de Deus… mas era um lugar completamente diferente.

Este lugar era puramente branco, estendendo-se infinitamente como se não tivesse ponto de partida ou linha de chegada. Era uma tela em branco desprovida de qualquer coisa, exceto por duas pessoas—Esme e mais alguém.

O Oráculo.

Ou melhor, o que se supunha ser O Oráculo.

“Quem é você?” Esme olhou para o fantasma à sua frente, sua voz trêmula revelando a incapacidade de suprimir as emoções transbordantes dentro dela.

A pessoa diante dela se assemelhava a ela de maneira espantosa. Ela também se parecia com o último Oráculo que ela havia encontrado na última vez que esteve no Domínio de Deus. No entanto, não havia como Esme não se lembrar do rosto de sua própria mãe.

“V-você é—”

“Eu não sou O Oráculo… ou melhor, eu sou o que restou da vontade do Oráculo.” A mulher falou em uma voz monótona.

Ela estava vestida com uma mortalha branca pura, quase como se fosse uma noiva. Seu traje parecia ser a própria extensão do mundo em que estavam, e além de suas mãos pálidas e rosto, ela estava completamente coberta de branco.

Seus olhos azuis eram mais límpidos do que os de Esme, mas ela parecia pálida demais… como um fantasma.

Mesmo enquanto Esme chorava, ela não mostrava nenhuma outra emoção.

Afinal, ela não era real.

“Escute com atenção, Esme.” O Oráculo falou. “Eu trouxe apenas você aqui porque essa é a largura de banda que este reino permitirá. O ‘eu’ que está falando com você não é nada menos do que um remanescente da minha consciência que deixei neste lugar para me comunicar com você.”

“H-hã? O que aconteceu com o verdadeiro você?” Esme estava confusa.

“Morta.”

“O QUÊ?!” Seus olhos se arregalaram.

“Eu fui morta por eles… aqueles que existem além deste mundo, pela mesma razão pela qual o Imperador Dragão foi supostamente eliminado. Nós atingimos o fim de nosso propósito e fomos descarrilados pela influência da Singularidade.”

“Eu-eu não entend—”

“Nós somos um vírus que deve ser cortado, e o mesmo se aplica a este mundo. Será abatido… excluído… devido à influência da Singularidade. Nem mesmo os Elfos serão poupados, pois o mundo em si terminará.”

“De jeito nenhum…”

“Como prova disso, em algum momento, o Sistema deixará de funcionar para os nativos deste mundo, e em breve… Habilidades também deixarão de funcionar. Nos últimos momentos, a própria estrutura deste mundo vai ruir e todos vocês desaparecerão no nada.”

“Não podemos impedir isso?”

“Eu tentei interromper o processo, mas minha morte deixou a erosão sem atenção. Neste ponto, é inevitável, por isso criei este pequeno reino com o último de meu poder… para te nutrir e revelar todas essas coisas a você.”

Esme estava sem palavras.

O Oráculo estava de fato do nosso lado, ou talvez fosse mais preciso dizer que ela estava do lado de H’Trae. Como tal, seus interesses sempre estiveram alinhados.

No entanto, apesar de perceber isso, nada poderia ter preparado Esme para as próximas palavras que ouviu.

“Eu previ que isso aconteceria, e é por isso que despertei a ‘semente’ dentro de você.” O Oráculo continuou com seu discurso sem emoção. “Você foi tocada por mim naquela época, se lembra? Isso fez o seu poder aumentar, mas também te preparou para receber o poder que guardei neste lugar… o poder do Oráculo.”

“O-o quê… o que você está dizendo?”

“Estou dizendo que você pode se tornar a próxima Oráculo.”

“…”

“Uma vez que você se torne A Oráculo, sua consciência será adicionada ao nosso coletivo e você deixará de ser a Esme que conhece. No entanto, você terá a Habilidade [Clarividência], bem como o poder de ajudar a salvar este mundo.”

“Eu… Eu…”

“Se você não escolher se tornar A Oráculo, você sairá deste lugar e ele se desintegrará. Presumo, baseada na marca deixada em você, que não resta muito tempo até que o Sistema comece a deixar de funcionar no mundo. Uma vez que isso aconteça, você ficará impotente para impedir a destruição deste mundo.”

“… Eu…”

“A escolha é sua, Esme.”

Esme estava tremendo violentamente, seus olhos focados na expressão completamente imóvel do Oráculo.

Se ela escolhesse se tornar A Oráculo, este seria o seu destino.

Ela não teria mais a largura de banda para sentir todas as emoções em seu coração, e ela se perderia no mar da consciência coletiva. No entanto, em troca, ela poderia ajudar a salvar seu povo e o mundo como um todo.

Mais importante, no entanto… ela poderia ajudar Rey!

“Eu vou fazer isso!” Esme declarou, seus punhos cerrados em determinação. “Eu vou me tornar A Oráculo.”

“Excelente escolha.”

Pela primeira vez desde o início de sua conversa, O Oráculo exibiu uma emoção.

Ela franziu a testa.

Apesar de ter dito a Esme que era uma excelente escolha, ela não parecida satisfeita com sua decisão. Talvez ela reconhecesse o sacrifício que Esme estava fazendo pelo mundo e desaprovava.

“A parte egoísta de mim está me dizendo para rejeitar essa tarefa… para aproveitar o pouco tempo que tenho com Rey antes que este mundo enfrente seu fim inevitável, mas… eu fui egoísta por tempo suficiente.” Esme enxugou as lágrimas que caíram de seu rosto.

“Rey me deu vida… ele me deu poder… ele me deu comunidade… ele me salvou.”

Se Rey não tivesse vindo buscá-la naquela época, ela estaria morta no melhor dos casos, ou vivendo a vida mais miserável que poderia imaginar.

“Se eu puder fazer isso por ele e ajudar a salvar o mundo no processo… eu farei isso um milhão de vezes mais. É hora de devolver a ele a vida que ele me deu.” Ela falou por gratidão, imagens de todas as suas experiências com Rey passando diante de seus olhos.

Além da gratidão, no entanto… havia algo mais em seu coração.

Algo mais profundo.

—AMOR!

“Eu te amo, Rey!” Ela gritou, esperando que ele pudesse ouvi-la.

Mas ele não podia.

“Eu não quero te esquecer! Eu não quero te deixar! Eu quero passar a eternidade com você! Eu quero…”

Nesse ponto, uma luz brilhante envolveu o quarto em branco—ainda mais brilhante do que o branco.

Uma vez que diminuiu, Esme não falou mais sobre seus desejos.

Não havia mais desejos a ter.

Ela tinha se tornado A Oráculo.

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Rey e o grupo observavam a estátua em pânico, suas expressões variadas.

Rey era o mais chocado, com uma expressão instável que faria qualquer um pensar nele como um louco. O Rei das Fadas parecia mais preocupado do que chateado.

Quanto a Ater… ele estava calmo.

“Mestre, acalme-se…” Ele finalmente falou, incapaz de suportar por mais tempo a expressão torturada de Rey.

“Ater! Você sabe o que está acontecendo?!”

“Não, mas eu tenho minhas suspeit—” Antes que Ater pudesse terminar de falar, Rey correu até ele e segurou seus ombros enquanto falava, seu corpo tremendo. Se alguém o visse agora, não conseguiria conciliar essa imagem com a do poderoso Campeão que lhes fora prometido.

“O que é? Esme está bem? Ela—?”

“Ela está bem… ou melhor, eu diria que provavelmente não há necessidade de se preocupar com o bem-estar dela.”

“O quê? Por quê?”

Nesse ponto, a estátua brilhou com uma luz brilhante mais uma vez e a figura de Esme desceu para o Santuário. No entanto, ela não estava mais vestida com suas roupas anteriores. Em vez disso, uma mortalha branca pura cobria seu corpo de cima a baixo, e uma expressão sem emoção afligia seu rosto.

“Esme! Você está bem! Você—!”

“Suas preocupações são apreciadas, Rey Skylar… mas eu não sou Esme.” A voz que respondeu Rey era serena, imperturbável e tranquila.

“Eu sou A Oráculo.”