Ponto de Vista de Um Extra - Capítulo 969

Capítulo 969: Marche em Direção à Escuridão

“Vou ficar bem, Rey.”

A resposta de Esme foi suave, uma clara supressão de seus verdadeiros sentimentos.

Era quase como se ambos estivessem usando uma máscara para esconder suas emoções naturais e disposições. Rey achava que eram meras distrações, então ele afastou todos os seus pensamentos ambivalentes para se concentrar em assuntos mais relevantes. Quanto a Esme, ela não queria se sobrecarregar com todas as emoções que estava sentindo no momento, então ela as engarrafou.

Assim, os dois estavam em um impasse.

“Além disso, você pode precisar de mim para acessar o Oráculo, certo? Como eu poderia evitar uma tarefa tão importante só porque estou desconfortável.”

“Bem… isso é verdade…”

Após isso, houve um silêncio constrangedor — como se os dois não tivessem mais nada a dizer.

“Eu quero me desculpar pelo seu—”

“Desculpe pelo A—”

Ambos falaram ao mesmo tempo, interrompendo um ao outro. Eles pausaram, olharam um para o outro em silêncio e então começaram a rir.

Foi a risada mais pura e libertadora que qualquer um deles havia experimentado há muito tempo.

“Você primeiro.” Esme sorriu, apontando para ele, mas Rey balançou a cabeça.

“Senhoras primeiro.”

“Exatamente por isso que eu disse que você deveria ir primeiro.”

“Ei! O que isso deveria significar?” Ele gritou, um pouco envergonhado.

Outra série de risadas ecoou pelo hall, embora desta vez a voz de Esme fosse notavelmente mais alta que a de Rey. Ela estava claramente se divertindo, e essas emoções em alta mostravam o quanto ela sentia falta dele.

… O quanto ele significava para ela.

‘Se você não tivesse me salvado naquela época, Rey… se você não tivesse me ajudado a ficar forte e conhecer meu povo, eu não estaria onde estou hoje.’

Esme estava feliz.

Ela nunca havia sido tão feliz em toda a sua vida.

‘Não sou apenas aceita pelo meu povo como uma líder, mas você está de volta… e eu realmente posso te ajudar.’ Ela deu a Rey um doce sorriso. ‘Eu te devo tudo, Rey.’

Claro, ela não iria simplesmente soltar essas palavras.

Isso tornaria as coisas constrangedoras novamente.

“Tudo bem… Eu vou primeiro.” Rey suspirou, aceitando seu papel como ‘a dama’. “Eu queria pedir desculpas novamente pelo que aconteceu com sua mãe. Eu tomei a decisão fora das suas mãos e sacrifiquei sua mãe para—”

“Não… não há necessidade de se desculpar por isso.” Esme suspirou, interrompendo-o antes que ele terminasse sua frase.

“Você tomou a decisão certa naquela época, e eu posso ver isso agora.”

Ela havia sido cegada por tanto que não percebeu, ou melhor… ela não queria perceber. No entanto, o que ela teria feito na posição dele? Ele já havia feito tanto esforço para salvá-la e garantir que ela estivesse completamente segura.

Ele também salvou seu povo.

“Eu não tinha o direito de estar brava com você, então por favor… não se desculpe agora.” Ela sorriu docemente. “Meu Deus, não acredito que você guardou isso em mente todo esse tempo.”

“Eu… nunca esqueci.”

“….”

As bochechas de Esme ficaram vermelhas ao ouvir essas palavras.

Apesar de suas melhores tentativas de esquecer Rey e os sentimentos que ela tinha por ele, parecia impossível de fazer. Ela queria extravasar suas emoções não filtradas, mas optou por ficar em silêncio.

Confessar agora só estragaria a condolência que ela estava prestes a dar.

“Desculpe… sobre a Alicia.” Ela murmurou. “Eu sei que ela significava muito para você… e que você a amava.”

Esme engoliu suas emoções e colocou a mão no ombro dele, encorajando-o como uma amiga faria. Lágrimas brotaram em seus olhos enquanto ela observava o rosto de Rey se desfazer e lágrimas caírem de seus olhos úmidos.

“Obrigado… Esme.”

“A qualquer momento, Rey.”

Os dois se abraçaram, ambos com lágrimas caindo de seus rostos enquanto recebiam conforto no abraço um do outro. O silêncio reinava supremo, e mesmo que fosse por aquele único momento… os dois se sentiam como costumavam no passado.

‘Mestre…’ Ater observou tudo isso em silêncio, decidindo ficar do lado de fora para não interromper o que estava acontecendo.

Ele tinha algumas ideias sobre o assunto, mas pelo bem dos dois, decidiu não dizer nada.

‘É realmente uma pena, mas… eu deveria guardar isso para mim mesmo.’

Isso era pelo bem do seu Mestre, bem como pelo bem de H’Trae. Se suas suspeitas estivessem erradas, então não teria consequências, e se ele estivesse infelizmente certo, apenas ele teria que suportar o fardo do conhecimento.

‘Chegamos muito perto para falhar agora… e o tempo não está ao nosso lado.’

Eles tinham que se apressar agora.

********

[No dia seguinte]

“Parece que todos estão prontos…”

Rey estava na vanguarda da multidão, com Ater à sua direita e o Rei Fada à sua esquerda. Esme estava atrás dele, com o resto do exército logo atrás dela.

Havia um total de cem mil em suas fileiras, consistindo principalmente de Gigantes e Máquinas: ambos os lados mais imunes aos efeitos corrosivos do Miasma. Os Gigantes usavam armaduras e empunhavam armas fornecidas a eles pelos Anões, e as Máquinas eram pilotadas pelos próprios Anões.

Devido à interferência do Miasma no local para onde estavam indo, os Anões tinham que pilotar manualmente seus construtos mecânicos. No total, suas forças eram incrivelmente grandes e bem preparadas para o conflito à frente.

‘O objetivo é romper as fileiras do exército para podermos chegar ao Santuário. Depois disso, Ater, Rei Fada, Esme e eu entraremos no Domínio de Deus onde O Oráculo reside, enquanto o resto do nosso exército segura o forte e destrói o resto dos inimigos enquanto conseguimos o que queremos lá.’

Uma vez que retornassem, alguns deles voltariam para o Mundo das Fadas em preparação para a próxima fase de seus planos, enquanto outros começariam a purificar o Continente Oriental para torná-lo habitável para a vida novamente.

Este seria o primeiro passo deles para estabelecer uma fortaleza fora do Mundo das Fadas.

“Vamos!”

O véu do Mundo das Fadas se abriu, permitindo instantaneamente que Rey e o exército que ele reuniu derramassem como formigas saindo de um formigueiro. Seus números pareciam inumeráveis enquanto eles avançavam, deixando o Reino das Fadas em um piscar de olhos.

“Você tem certeza de que o Véu vai aguentar mesmo que você não esteja por perto?” Rey perguntou ao Rei Fada enquanto os dois voavam lado a lado.

“Sim! Eu deixei Fae com autoridade temporária sobre o lugar, e como você sabe… ela é a mais forte das Fadas. Ela deve ser capaz de manter a barreira até voltarmos. Mesmo que a barreira seja atacada por esses Mortos-vivos, não é problema.”

“Tudo bem… justo.”

“Mais importante, você está bem? Espero que esse par de asas esteja te servendo bem…”

Rey forçou um sorriso, olhando para as asas de Fada atrás dele que o permitiam acompanhar o Rei Fada, Ater e Esme. Parecia um pouco estranho para ele, mas ele suportou isso, mesmo assim.

“Está bem.”

O exército tinha muito chão para cobrir, então havia espaço para um pouco de conversa fiada.

No entanto, isso logo cessou no momento em que olharam à frente e viram nuvens escuras flutuando no céu. Os terrenos estavam completamente pretos, mostrando a contaminação do Miasma no mundo e os danos aparentemente irreparáveis que havia causado.

Esme rangeu os dentes ao ver isso, com Rey notando.

“Não se preocupe…” Ele sorriu calmamente, sua confiança aumentando mesmo enquanto o grupo se aproximava da onda de escuridão.

“Vamos recuperar essa terra.”