Ponto de Vista de Um Extra - Capítulo 962
Capítulo 962: Poder Desconhecido
“Haa… haa…”
Serafim ajoelhou-se sobre um joelho, sua radiante armadura dourada rachada e opaca, seu rosto pálido e úmido de suor. Seu cajado luminoso, outrora brilhando com energia divina, piscava fracamente como se estivesse à beira de se extinguir completamente.
Diante dela não estavam um, nem dois, mas três Espectros de Horror, cada um se erguendo acima dela como uma sombra da morte.
Seus olhos vermelhos e malévolos fitavam-na, transbordando de fome e malícia.
Seu peito arfava enquanto ela lutava para respirar. A batalha havia drenado quase todas as energias que lhe restavam. Sua aura dourada, antes tão brilhante e imponente, havia diminuído para um brilho fraco, mal suficiente para mantê-la de pé.
À sua frente, Ater estava com um largo sorriso, seus olhos carmesins brilhando de diversão. Ao lado dele estava Rey, agora recuperado, com os braços cruzados enquanto assistia em silêncio. Seu olhar ocasionalmente alternava entre os monstruosos Espectros de Horror e Serafim, sua expressão uma mistura de admiração e desconforto.
A mente de Serafim corria enquanto ela avaliava a situação, o pânico se infiltrando em seus pensamentos.
‘Como isso aconteceu?’ ela se perguntava, cerrando os dentes. ‘Como eu, uma das melhores administradoras, caí em uma posição tão desesperadora?’
Suas mãos tremiam enquanto ela segurava seu cajado com mais força.
Ela sabia a resposta, mesmo que odiasse admiti-la. A situação havia se mostrado muito mais complexa e perigosa do que os seus superiores haviam antecipado. Eles haviam subestimado a astúcia de Rey como uma singularidade e, mais importante, o poder avassalador de Ater.
‘E é tudo minha culpa. Eu disse a eles que ele não era uma ameaça, então eles não levaram muito a sério…’ Ela suspirou. ‘Como isso foi acontecer? Eu sei como… é tudo culpa dele.’
Seu olhar de ódio apontado diretamente para Ater.
‘Ainda não sei quem ele é ou de onde ele veio, mas não há dúvida de que ele não é nativo deste mundo ou dos outros. Será que ele é como eu? Foi inserido neste mundo? Mas como? Os superiores teriam notado.’
Serafim estava muito confusa.
Não havia registros desse ser chamado Ater — pelo menos, não no seu nível de acesso.
Mas, isso era apenas uma parte do seu problema.
‘Não tenho como repor minha energia neste lugar…’ Ela percebeu amargamente. ‘As reservas que me deram para realizar essa missão estão quase esgotadas, e estou longe de alcançar meu objetivo.’
O olhar de Serafim percorria os Espectros de Horror que a cercavam. Suas formas monstruosas exalavam malícia, seus movimentos lentos e deliberados como se saboreassem sua impotência.
‘Não posso lidar com isso sozinha,’ ela admitiu para si mesma, engolindo seu orgulho. ‘Isso não é minha falha. Eu não poderia ter previsto esta situação. Preciso chamar reforços antes que seja tarde demais.’
Ela cerrava os dentes, forçando-se a se levantar sobre pernas trêmulas.
~VWUUUSH!~
Uma luz brilhante irrompeu de seu corpo, empurrando os três Espectros de Horror e lançando-os para longe no campo de batalha.
Eles gritaram em protesto enquanto eram arremessados à distância.
Rey protegeu seus olhos do súbito brilho, mas Ater permaneceu inabalado, seu sorriso se alargando em curiosidade.
Serafim ergueu seu cajado alto, convocando cada último vestígio de energia que lhe restava.
Um feixe de luz começou a se formar, disparando para cima em direção aos céus. Sua intensidade crescia mais brilhante a cada segundo que passava, um farol destinado a perfurar o véu dos mundos e alcançar seus superiores.
~WHUUUUUM!!!~
Mas justo quando o feixe estava prestes a completar sua ascensão, um som de estalo alto ecoou pelo campo de batalha.
“Ah, ah, ah,” Ater gracejou, seu tom pingando de zombaria. Seus dedos baixaram do estalo que ele acabara de realizar, fios de energia escura rastreando deles.
O feixe de luz se fraturou e então a barreira de luz ao redor de Serafim estilhaçou como vidro frágil. Uma cúpula de escuridão opressiva desceu sobre eles, sufocando o campo de batalha em sombras.
“O-quê?!” Os olhos de Serafim se arregalaram incrédulos enquanto ela olhava ao redor, sua conexão com o mundo exterior cortada.
A cúpula pulsava com energia maligna, uma prisão feita com meticuloso cuidado.
Ater riu, dando um passo lento à frente.
“Você não achou que eu simplesmente deixaria você pedir ajuda, achou?” ele perguntou, sua voz calma ainda que impregnada de escárnio. “Eu já vi esse olhar em seus olhos antes. O desespero, a esperança patética que alguém mais forte virá te salvar.”
Serafim o encarou, seus olhos dourados ardendo de raiva, mas ela permaneceu em silêncio.
Ater inclinou sua cabeça, seu sorriso nunca vacilando.
“Você é previsível, pequena. Claro que você tentaria convocar seus superiores para limpar sua bagunça. É por isso que eu me preparei para isso. Este pequeno domo?” Ele gesticulou ao redor deles na escuridão giratória. “Ele corta toda comunicação. Nenhum farol. Nenhum sinal. Nenhum reforço.”
Isso era verdadeiramente como usar uma Arte Nula.
Ele fez uma pausa, deixando suas palavras afundarem, então adicionou com um sorriso sarcástico, “Embora, devo dizer, chamar por reforços talvez não seja o movimento mais inteligente para você. Você realmente acha que eles virão correndo em seu socorro depois dessa exibição embaraçosa? Se alguma coisa, eles provavelmente vão te punir pela sua incompetência.”
Os nós dos dedos de Serafim ficaram brancos enquanto ela apertava seu cajado com mais força, seu corpo tremendo de exaustão e fúria.
“Mas então novamente, não importa, não é? Se eles te salvam ou não, você está acabada. Você perdeu. E no fundo, você sabe disso.” Ater deu de ombros, seu sorriso se alargando.
Os três Espectros de Horror se reagruparam, suas formas maciças se erguendo sobre ela mais uma vez.
Sua presença combinada pressionava sobre ela como um peso sufocante, sem deixar espaço para ela respirar ou pensar.
As pernas de Serafim cederam, e ela caiu de joelhos, seu cajado escorregando de sua mão e chocalhando no chão. Sua cabeça pendia enquanto sua aura dourada piscava uma última vez antes de extinguir completamente.
“Eu… eu admito a derrota,” ela disse suavemente, sua voz tremendo de desespero.
O sorriso de Ater se estendeu ainda mais, seus olhos carmesins brilhando de triunfo.
“Boa menina,” ele disse zombeteiramente.
‘Alguém que eu lutei tanto foi completamente quebrado e dominado tão facilmente…’
Rey encarava a forma encolhida de Serafim, sua mente correndo com perguntas sobre o que acabara de acontecer. Ao lado dele, Ater estava ereto e orgulhoso, sua aura de dominação inabalável.
Ele havia estado em silêncio todo esse tempo, mas Rey não conseguia deixar de se preocupar.
‘Eu realmente não sei nada sobre Ater, e ainda não me esqueci do que aconteceu em H’Trae… quando eu não conseguia senti-lo e a Esme.’
Não havia dúvida de que algo estava obscuro com Ater.
‘Se eu tivesse que adivinhar, ele é do mesmo mundo que Serafim…’ Ele raciocinou. ‘É assim que ele consegue usar essa coisa de Antiga MajiK.’
Porém, mesmo que Rey soubesse essas coisas, o que ele poderia fazer?
“Mestre… o que devemos fazer com ela agora?”
A voz de Ater interrompeu os pensamentos de Rey, forçando-o a olhar para o diabo sorridente que curvou a cabeça diante dele.
‘Por que ele ainda me trata com tanto respeito quando ele é muito mais forte do que eu? Estou tão confuso agora…’ Ele suspirou. ‘Espero conseguir algumas respostas dele quando isso acabar.’
Por enquanto, ele tinha que lidar com a questão Serafim.
“Por que não começamos com algumas perguntas? Vamos conhecer os superiores que ela estava tentando chamar.”
“Boa ideia!”
Rey e Ater se posicionaram bem diante da tremenda Serafim, ambos sorrindo como diabos.