Ponto de Vista de Um Extra - Capítulo 938
938: Promoção 938: Promoção “Haaa…”
O quarto designado para Rey era tão estéril e sem vida quanto o resto do QG — quatro paredes cinzas, uma cama de lençóis rígidos e uma mesa de metal com uma cadeira correspondente.
O único som era o zumbido suave do sistema de ventilação da instalação.
Ele afundou na cadeira, com os cotovelos apoiados na mesa enquanto os eventos do dia se repetiam em sua mente. Tudo ocorreu exatamente como ele planejou.
Rey havia sido desagradável e implacável, desagradando a todos com sua arrogância e desdém. Era a única maneira de provocar Ezra e desafiá-lo.
Ezra nunca conseguia tolerar que questionassem sua autoridade.
Mas a luta era necessária.
Rey precisava vencer, para tirar Ezra de seu posto e assumir sua posição como Oficial Supervisor. Era o caminho mais rápido para o reconhecimento e autoridade que precisava ali.
Agora, com essa promoção, ele tinha acesso a informações que antes lhe eram ocultadas, além da liberdade para explorar a imensa instalação.
‘Sinto um pouco de pena, porém.’ Inclinando-se para trás na cadeira, Rey exalou lentamente.
Tess e o esquadrão ficaram genuinamente felizes por ele quando o Almirante Skylar anunciou sua promoção. Os sorrisos deles, os tapinhas nas costas e até o grito entusiasmado de Josh — tudo parecia vazio agora.
Rey manipulou-os, também mentiu para eles, usando sua camaradagem e apoio como degraus para chegar onde precisava estar.
Eles não mereciam isso.
Por um momento, a culpa lampejou em sua mente.
Tess, em particular, sempre o tratou com respeito, mesmo quando ele era apenas mais um subordinado. Ela acreditava nele, confiava nele como membro de sua equipe.
E agora ele tinha deixado ela e o esquadrão para trás sem pensar duas vezes.
Ele afastou a culpa.
Não era pessoal — não podia ser.
A Resistência não era uma organização em que ele pudesse confiar, não com seu sigilo e a maneira como tratava pessoas como ferramentas descartáveis. Tess e sua equipe sobreviveriam sem ele.
Rey tinha objetivos maiores, e arrastá-los para seus planos apenas o atrasaria.
‘O Imperador Dragão ainda está lá fora, e eu ainda tenho que encontrar um modo de chegar a H’Trae e deter Adrien…’ Ele suspirou. ‘Comparado a tudo isso, isso é apenas uma distração.’
Levantando, ele caminhou até a pequena janela que dava para parte da instalação.
Fileiras de prédios e hangares se estendiam, conectados por caminhos movimentados com pessoal. Este lugar havia sido uma base militar secreta antes do mundo desmoronar, e agora era o coração da Resistência.
No entanto, apesar de sua estrutura imponente e importância, algo parecia errado.
Havia muitas perguntas, muitas contradições.
Por que os superiores enviaram Tess e sua equipe para investigar a base do Imperador Dragão apenas para repreendê-los quando foi destruída? Por que eles insistiam tanto em observar aquele lugar miserável ao invés de agir contra ele?
Rey precisava de respostas.
E agora, como Oficial Supervisor, ele tinha os meios para encontrá-las.
Mas essa não era a única razão pela qual ele orquestrou sua ascensão. Quanto mais alto seu cargo, mais poder ele tinha para se mover independentemente. A equipe de Tess era competente, mas eles eram vinculados pela lealdade ao QG, e suas decisões eram motivadas por ordens.
Não era quem Rey era.
Ele não estava aqui para seguir cegamente — ele estava aqui para encontrar uma maneira de se fortalecer e, em última análise, desafiar o Imperador Dragão enquanto também encontrava uma maneira de voltar para casa.
Isso era tudo.
‘Se eu conseguir salvar a humanidade no processo, será um bom bônus.’
Um suspiro suave escapou de seus lábios enquanto ele se levantava e se movia em direção à cama. Não era confortável, mas ele não se importava.
Ele estava exausto, e amanhã traria seus próprios desafios.
Deitado, Rey fechou os olhos, o zumbido da instalação desaparecendo ao fundo. Sua mente estava cheia de possibilidades e planos, mas, eventualmente, o caos deu lugar à calma puxada pelo sono.
Ele não sonhou, mas enquanto adormecia, um pensamento ecoava em sua mente.
‘Isso é apenas o começo.’
*********
Os dias passavam em um ritmo constante enquanto Rey se adaptava à vida no QG.
Sua nova posição como Oficial Supervisor o mantinha ocupado, embora fosse mais administrativa do que ele gostaria. Seu papel era supervisionar várias equipes designadas a ele, coordenar suas missões e agir como a ponte entre elas e o QG. Ele recebia seus relatórios e os transmitia diretamente ao seu oficial superior, o Almirante Zach Skylar.
Apesar da carga de trabalho, ele arranjava tempo para aprender mais sobre a Resistência.
Por meio de observação e perguntas sutis, ele montava a estrutura da organização. No topo havia um grupo sombrio simplesmente referido como “O Conselho.”
O Almirante Skylar, por toda sua autoridade, no final respondia a eles.
O Conselho intrigava Rey.
Suas identidades eram mantidas em segredo rigoroso, e até mesmo o Almirante parecia cauteloso ao mencioná-los. Ele podia sentir que sua influência era vasta, mas decidiu não pressionar muito por informações — pelo menos não ainda.
Ao longo dos dias, Rey não viu Tess ou sua equipe.
A ausência deles não era surpreendente. Sua promoção o havia removido oficialmente de sua equipe, e ele duvidava que o QG os designasse para missões conectadas a ele. Ainda assim, os sorrisos genuínos e congratulações deles permaneciam em sua mente, especialmente a expressão tranquila de orgulho de Tess.
Antes que percebesse, uma semana havia passado.
‘O que agora? Como avanço a partir deste ponto e… huh? O que é isso?’
A linha de raciocínio rotineira de Rey foi interrompida por uma comoção incomum.
Ele estava sentado em sua mesa, revisando o relatório de missão de uma equipe, quando o som de passos apressados ecoou pelo corredor.
Curioso, ele se levantou e abriu sua porta para ver vários membros da equipe correndo.
“O que está acontecendo?” ele perguntou, parando uma jovem mulher em um jaleco.
“Dama A acabou de retornar de sua missão!” ela disse, sua voz transbordando de empolgação. “Ela derrubou um dos principais redutos do Imperador Dragão. Todos estão indo vê-la!”
Dama A.
O nome enviou uma onda através dos pensamentos de Rey.
Ele tinha ouvido inúmeras histórias sobre ela — a operativa mais forte da Resistência. Dama A era uma lenda, conhecida por assumir sozinha missões que a maioria das equipes não ousaria tentar. Ela tinha completado mais tarefas do que qualquer outra pessoa na Resistência e tinha um histórico impecável.
Ao contrário dos outros, ela não tinha desejo de subir de posto.
Seu único foco era o campo e derrubar as forças do Imperador Dragão. Para muitos, ela era o coração dos esforços ofensivos da Resistência.
A curiosidade de Rey foi despertada.
Histórias eram uma coisa, mas ver a mais forte em ação — ou mesmo apenas vislumbrar ela — era algo completamente diferente.
Ele se juntou ao fluxo de pessoas movendo-se em direção ao portão principal.
A antecipação no ar era surreal, e até mesmo o pessoal geralmente estoico parecia empolgado. Quando chegaram à ampla área aberta perto do portão, Rey posicionou-se onde tinha uma visão clara.
Os imensos portões de aço começaram a abrir com um rangido alto, revelando a figura que todos haviam se reunido para ver.
Dama A entrou, seus movimentos calmos e confiantes.
Ela estava acompanhada por uma pequena unidade de elite — quatro operativos, cada um exalando competência e foco.
Mas era a Dama A que atraía todos os olhos.
Ela era marcante. Seu cabelo castanho caía em ondas soltas pelos ombros, e seus olhos violeta pareciam brilhar mesmo na luz fraca da entrada. Havia um ar sobre ela, uma presença que exigia atenção sem que ela precisasse dizer uma palavra.
O fôlego de Rey foi interrompido.
Por um momento, o mundo pareceu desfocar ao seu redor, e uma imagem de seu passado se sobrepôs ao presente.
“… Alicia…”