Parceiro Cativo - Capítulo 518
Capítulo 518: +Capítulo 518+
Angelo estava deitado de costas e olhava para o teto. Sílvia tinha dado a ele um quarto perto do dela, o papel de parede era floral e vermelho escuro, os móveis pretos, muito parecido com o que ele esperava que a casa de Sílvia fosse.
Era bem tarde, mas pela primeira vez em muito tempo, não conseguia dormir. Angelo não sentia falta disso, das noites vazias e intermináveis, da escuridão que parecia se estender para sempre. Uma taça de vinho teria sido perfeita naquele momento.
Como havia sido durante todo o dia, seus pensamentos constantemente vagavam para Nikolai. A súbita separação dos dois o lembrava de como seu arranjo tinha sido temporário e de como ele poderia voltar facilmente a não fazer parte da vida do Rei do Crime.
Ele deitou-se rigidamente, seu olhar fixo no teto distante. Mal havia passado um dia, mas já estava se sentindo apático novamente. A mesma apatia que sentiu logo depois de Nikolai concordar em deixá-lo ir.
Ele não dormiu a noite toda, o amanhecer espreitando pelas bordas de sua visão como a brasa de um charuto aceso no quarto escuro.
Sílvia bateu gentilmente na porta e espiou a cabeça dentro algumas horas depois. Ela estava completamente vestida com um vestido de jantar vermelho, apesar de ser de manhã, seu cabelo preto tinha uma desordem controlada.
“Já acordado, Angelo?” Sua voz suave mexeu-se no quarto de outra maneira silencioso como a morte.
Angelo se sentou, mantendo para si que não tinha dormido nem um pouco a noite toda. “Sim.”
“Quer vir comigo para a empresa?” Sílvia deu um passo calculado para dentro, depois outro, seus dedos com anéis habilmente ligando uma lâmpada discreta.
“Posso ficar aqui?” Angelo perguntou, seu tom sem inflexão.
Sílvia não sabia se devia estar feliz ou não com esse resultado. Ela tinha pensado que seria mais difícil manter Angelo dentro, além disso, estava ansiosa para que ele fizesse companhia a ela o dia todo.
“Claro que pode,” ela concordou facilmente. Tanto quanto ela ficaria mais feliz se Angelo passasse o dia cochilando em sua cadeira favorita no escritório, essa era uma alternativa muito mais segura.
“Tem café da manhã na cozinha, e se precisar de alguma coisa, os caras lá fora vão pegar para você.” Ela enumerou.
Angelo aquiesceu silenciosamente e se deitou novamente, seu cabelo espalhado, cobertores até o peito.
Sílvia hesitou um pouco, uma expressão de preocupação no rosto, os próximos dias ou semanas seriam muito tensos, por uma série de razões.
Angelo só saiu da cama para se limpar, lembrando que queria conseguir uma variedade melhor de roupas quando chegasse à casa de Sílvia. Mas naquele momento, ele não queria sair da cama, seu apetite estava inexistente, e ele não conseguia nem adormecer.
Ele voltou para cama e se enroscou, seria apenas por alguns dias… ele deveria tentar dormir.
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Angelo levantou-se para comer, sabendo que se não o fizesse, Sílvia faria um alarde. Comer deu a ele algo para fazer por um curto período, e ele conseguiu adormecer após comer.
Sílvia retornando no final da tarde chamou sua atenção. Ele se levantou e sentou na beira da cama, uma carranca brincando em seus lábios.
“Esqueceu algo?” Ele teve que perguntar, Sílvia saindo da empresa antes da meia-noite era considerado cedo.
“Não, estou em casa,” Sílvia passou uma mão pelo cabelo, “Você ficou no seu quarto o dia todo?” Ela entrou para abrir as cortinas e deixar um pouco de luz entrar no quarto escuro. Seu tom não carrega julgamento, apenas genuína curiosidade.
A carranca de Angelo não desapareceu, “Você não precisava voltar cedo por minha causa.” Ele se levantou, a luz quente da tarde colocou um pouco de cor em sua pele, que de outra forma seria pálida.
Sílvia apenas acenou com a mão, “Não é como se eu estivesse tendo o melhor momento da minha vida sendo workaholic. É bom voltar para casa e ter alguém.” Ela deu a ele um sorriso feliz.
Seu cuidado por Angelo não se originava de dever algo a ele ou sentir pena, ele era importante para ela e ela apreciava sua companhia, por mais silenciosa e sombria que fosse.
“Trouxe para você bolo de morango,” ela acrescentou, “está na sala de estar. Vou tomar um banho e me juntar a você.”
Angelo soltou um suspiro, sentindo-se um pouco mais leve. Ele não tinha visto dessa forma, pensando que Sílvia estava tão preocupada com ele que se inconveniente por sua causa.
Era uma tarde fresca, apesar do sol, então ele colocou algumas meias e fez seu caminho até a sala de estar, pensando se poderia levar seu cobertor confortável junto.
Ele encontrou o bolo sobre a mesa central na sala de estar, estava em uma bolsa rosa e branca, parecia que Sílvia havia deliberadamente feito uma parada no caminho de volta para conseguir isso para ele.
Angelo pegou a bolsa e se enroscou no sofá, vasculhando-a. Ele não conseguia se lembrar de alguém pensando nele durante o dia e decidindo fazer algo por ele conseguindo um pequeno agrado.
Ele tirou um bolo de morango em uma embalagem plástica, observando que havia apenas um, além dos brownies e cupcakes brilhantes. Sílvia conseguira isso só para ele.
Angelo olhou para o bolo de morango em suas mãos, desenterrando uma memória antiga que pensou ter perdido completamente. Ele não se lembrava muito de sua infância, eles tinham que se mudar com tanta frequência que as casas todas se misturavam em uma única casa que era tão desconhecida quanto familiar.
Eles tinham uma boa situação enquanto cresciam, bem, parecia assim. Suas casas eram modestas, mas decentes, pequenas casas familiares sem distinção que seu pai sem dúvida escolheu para se esconder melhor. Ninguém esperaria que um assassino vivesse em um tranquilo bairro operário.
Estavam bem de vida, mas toda sua infância consistiu em se encolher nos cantos e mal conseguir comer o suficiente. Um agrado chique como um bolo de morango era algo que ele nunca sonhou, sua mãe livre de ferimentos era tudo que ele queria.
Se sua infância tivesse sido completamente diferente, talvez sua mãe teria comprado bolos de morango para ele na volta do trabalho.