Capítulo 459: +Capítulo 459+
Sílvia fez uma careta e forçou-se a dizer o real motivo de ter vindo, “Angelo pediu por você, eu não consigo fazer com que ele mude de ideia.” Ela adicionou, sem esconder o fato de que desaprovava Nikolai.
A expressão sombria de Nikolai se suavizou para algo que Sílvia não esperava ver em seu rosto, isso fez com que Sílvia suspirasse em resignação. “Eu odeio fazer isso, mas por favor considere, eu não gosto de ver Angelo machucado.”
Nikolai parecia estar lutando consigo mesmo e Sílvia não acreditava que algum dia entenderia, mas naquele momento, ela compreendeu o Rei da Máfia. Ela também estava lidando com uma luta interna.
“Então não é tão inteligente me pedir isso. Eu vou machucá-lo.” Nikolai disse calmamente.
Sílvia deu um passo para trás para que não fizesse algo de que se arrependesse mais tarde, como chutá-lo nos testículos. Quase parecia que Nikolai estava provocando-a, ou a si mesmo.
Pois algo se destacou quando ela encontrou Angelo na banheira. A água ainda estava morna, o que significava que Nikolai havia estado meticulosamente regulando a temperatura, embora devesse ter sido torturante estar no mesmo quarto que Angelo.
“Se Angelo pediu por você, eu acho que ele ficaria bem com isso,” Sílvia murmurou, desviando o olhar.
Além disso, Nikolai já havia ameaçado matar qualquer outro, então não havia muitas opções para começar, ela não duvidava que o Rei da Máfia manteria sua palavra.
Nikolai sentia como se estivesse de pé à beira de um precipício. Ninguém jamais o queria, ninguém pediria por ele voluntariamente, e ele estava perfeitamente bem com isso — ou assim ele pensava.
Talvez ele tivesse perdido a cabeça depois de passar tanto tempo com Asher e Davian, que estavam obcecados por suas companheiras, mas era muito bom ter alguém que o escolhesse.
E quer ele percebesse ou não, sua escolha já havia sido feita quando Sílvia mencionou que estava procurando alguém para Angelo. Pensar no assassino como seu não era estranho, mas ele já tinha deixado o assassino partir, já não tinha mais nenhuma posse sobre ele.
Mas a ideia de qualquer outro ver Angelo no cio o fazia querer cobrir o estacionamento de sangue.
Sílvia podia praticamente ver o processo de pensamento de Nikolai em seu rosto e suspirou mentalmente diante desse resultado inesperado. “Eu vou voltar para ele, quando você tomar sua decisão, pode vir, ou partir.”
Nikolai a deteve com uma mão em seu pulso enquanto ela se virava para sair, “Fique de fora.”
Sílvia o encarou e puxou sua mão de volta, “Nem pense nisso.”
Nikolai já estava tirando seu sobretudo, “Fique de fora ou eu a manterei de fora.”
Isso calou Sílvia rapidamente, sem a vontade de descobrir como Nikolai planejava mantê-la de fora. “Não o machuque demais,” Ela implorou, olhos negros vidrados.
Elá já tinha tentado oferecer os segredos de sua empresa em troca de Angelo, ela não tinha mais razões para manter uma imagem diante do Rei da Máfia Nikolai. Ele não lhe deu nenhum olhar, passando por ela com seu sobretudo jogado sobre o ombro.
Sílvia colocou as mãos nos cabelos e os despenteou, não se sentindo aliviada apesar de ter conseguido que Nikolai concordasse com o pedido de Angelo. Com a intervenção de Nikolai, a duração do cio seria reduzida, mas não significativamente, ela provavelmente não veria Angelo até o dia seguinte.
Nikolai se orgulhava de ser decisivo mas, mesmo quando voltava para o quarto de Angelo, percebeu que não conseguia se decidir. Se ele levasse isso adiante, as coisas nunca permaneceriam as mesmas.
Ele não se iludiria achando que poderia sentir amor, mas estava atraído por Angelo, e a presença do assassino era agradável. Não poderia ficar melhor que isso — não poderia ser errado manter o assassino por perto por um pouco mais de tempo.
Como alguém que não duvidava que seus inimigos e ações o alcançassem mais cedo ou mais tarde, quem melhor para passar o curto tempo que tinha do que alguém que era suicida?
Angelo não poderia morrer antes dele, isso ele não permitiria.
Nikolai entrou no quarto e parou na porta — ele realmente queria se virar e sair.
Não era porque ele estava nervoso quanto ao sexo, era Angelo. Ele era uma casca vazia, ele não foi feito para o amor, ele não sabia como cuidar das pessoas.
O suave e escuro perfume de Angelo o envolveu, ele pôde sentir o gosto das cerejas na ponta de sua língua, isso o puxou para mais perto.
O assassino desenrolou-se na cama, sentando-se um pouco. “Você veio?” Ele murmurou, seu descrença evidente.
Nikolai congelou no meio do quarto, “Você pediu por mim porque sabia que eu não viria?”
Angelo balançou a cabeça, a expressão dolorosa em seu rosto. Nikolai era o único Alfa que não disparava seus instintos de congelar ou fugir, ele não tinha certeza do porquê. No início, convenceu-se de que era porque o Rei da Máfia não se interessava por homens.
Mas Nikolai apareceu, não foi? Então o que isso significava?
“Está bem…” Ele engoliu devagar, “Está bem se for você.”
Nikolai sentiu como se fosse atingido por um raio, seu olhar estava focado em Angelo, cujos olhos pendiam como se lhe custasse muito mantê-los abertos. Ele se apoiou no cotovelo para se erguer, seus cabelos espalhados sobre os ombros e o corpo superior como uma cortina.
“Você não tem que fazer,” Angelo continuou a falar após uma pequena pausa, sua voz forçada. “Mas você poderia me trazer um pouco de vinho tinto?”
Os pensamentos de Nikolai giravam — decisões, decisões — Angelo tinha lhe dado um jeito de sair, ele poderia apenas dar ao assassino um copo de vinho drogado e ele dormiria durante todo o cio.
Ele deu um passo adiante e outro, Angelo também disse que estava bem, estava bem se fosse ele.
Parecia que ele estava vendo o quarto em technicolor, uma clareza o atingiu enquanto ele fazia sua decisão. Nikolai jogou seu sobretudo para o lado e fechou a distância entre eles, movendo-se por instinto. Ele empurrou Angelo contra a cabeceira e reivindicou seus lábios, mais surpreso que o assassino com suas ações.