Capítulo 446: +Capítulo 446+
Angelo endireitou-se quando a porta se abriu, um pouco de luz entrando em seus olhos vazios, apenas uma pessoa não bateria à porta.
Nikolai não entrou, ficou parado na entrada. “Venha aqui.”
Angelo se levantou, esquecendo-se de desconfiar do Rei do Crime. Ele estava sozinho no quarto desde o café da manhã, mesmo que houvesse algo a temer, ele enfrentaria para evitar o tédio insuportável em que estava sentado há horas.
“Vamos para o centro”, Nikolai informou brevemente, virando-se para sair, deixando uma leve nuvem de fumaça de charuto para trás.
“Para fazer o quê?” Ele perguntou com os olhos estreitos, ele tinha uma espécie de trégua com o Rei do Crime, mas era só isso, confiança ainda estava a milhas de distância.
Nikolai não diminuiu o passo, um leve sorriso esticando seus lábios. “Não é para arrumar seu cabelo, não se preocupe.”
Angelo se forçou a seguir Nikolai, mesmo curioso sobre o porquê de estar acompanhando-o, ele poderia garantir que Nikolai não o levaria a um bordel. E contanto que não fosse para arrumar o cabelo, ele ficaria bem onde quer que fosse.
Seu cabelo ainda estava preso, era estranho não ter o Rei da Máfia Nikolai pedindo para ele soltá-lo. O Rei do Crime estava realmente tolerante, considerando que Angelo tinha sido o único a pedir para passar uma semana no seu apartamento.
Então ele não fez mais perguntas, obedientemente descendo as escadas. Nesse ponto, ele já havia se acostumado com os intermináveis lances de escada, nem se importava mais com eles.
Angelo entrou no carro depois de Nikolai, recostando-se confortavelmente. Ele não olhou pela janela para evitar a atenção de Nikolai, olhando fixamente para a frente, para o nada.
O dia todo, ele estivera em um estado estranho, era como acordar sem memórias. Ele estava apático, pensando em nada na maior parte do tempo. O passado não era um lugar para visitar e ele não tinha futuro.
“Você não quer que eu solte meu cabelo?” Ele falou no silêncio do banco de trás.
Era incomum ele dizer isso, mas ele se sentia diferente o dia todo. Ele não pôde evitar voltar à rotina que tinha antes do chão ser puxado debaixo de seus pés, que era ser um prisioneiro.
Nikolai estava mexendo no telefone, ele olhou com uma expressão curiosa. “Você não é mais um prisioneiro”, ele lembrou, começando a questionar sua decisão de aceitar o pedido de uma semana.
Era apenas o primeiro dia e lá estava ele levando Angelo consigo quando absolutamente não precisava.
Angelo ficou quieto, ele sabia que não era, mas o que mais havia a fazer? Ele tinha matado todas as pessoas que mataram sua mãe e justo quando ele estava prestes a morrer, o Rei da Máfia Nikolai o manteve vivo.
Tentar matar o Rei da Máfia novamente lhe daria o que queria? Afinal, era ou ele morria ou voltava a ser um prisioneiro, ambas eram opções melhores do que se sentir completamente entorpecido.
Eles chegaram ao centro sem muita conversa, o carro parando em frente a um clube de strip-tease. O estacionamento estava deteriorado, com postes de rua tortos e quebrados, e buracos no cascalho.
Angelo se manteve perto do carro quando desceu, desconfiança em seu rosto. “Onde é isso?”
Nikolai já estava do outro lado nesse ponto, o Rei do Crime olhou para a placa pendurada, piscando com uma expressão casual. “Um clube, eu acredito”, disse vagamente, encolhendo seu sobretudo.
“Por que estamos…”
Um lampejo de impaciência atravessou os olhos de Nikolai, “Você pode ficar no carro se quiser.” Ele cortou as perguntas do assassino.
Nikolai sabia exatamente por que Angelo estava tão desconfiado, mas seus pensamentos estavam emaranhados, ele preferiria que Angelo tomasse a iniciativa de afastar-se, mas o assassino continuava a fazer coisas estranhas.
Angelo se calou, ele não era mais prisioneiro, então não tinha que temer a sala segura. E contanto que ele não bebesse nada do Rei da Máfia Nikolai, ele deveria ficar bem.
A expressão de Nikolai se tornou irônica, ele pensou tanto. Era como ter um filhote de tigre impresso nele, era um incômodo, um que ele não conseguia rejeitar.
Ele se virou para o Beta que tinha se aproximado, “Eu cuido disso, fique de prontidão para limpar.” Ele disse rapidamente e começou a andar em direção ao clube.
Angelo tinha as mãos nos bolsos de seu moletom, caminhando atrás de Nikolai. Ninguém tentou impedi-lo, e o Rei do Crime deixou que ele continuasse caminhando, curioso sobre o que ele planejava fazer.
Já era tarde da tarde, mas o clube de strip tinha clientes fiéis, havia um casal de dançarinos nos postes, e eles eram visíveis mesmo da entrada. O som da música abafava a conversa, o ar estava abafado, cheiros e bebidas misturados para criar uma névoa estranha. As máquinas de neblina constantes também podem ter tido algo a ver com a névoa no clube.
Angelo deu uma segunda olhada ao ver os dançarinos, ele esperava mulheres escassamente vestidas ou possivelmente completamente nuas. Nikolai tinha mulheres assim em seu cassino, não seria uma visão tão estranha, mas em vez disso, homens musculosos e oleados estavam dançando nos palcos redondos.
Seu público era mais homens… era um clube de strip gay. Agora Angelo estava ainda mais curioso, o que Nikolai tinha a fazer em um lugar como esse?
Eles não se moveram além da entrada, talvez os proprietários do clube confiassem ou os seguranças estivessem ocupados demais assistindo ao espetáculo, pois não havia ninguém na entrada, ninguém sequer parecia notar os novos convidados.
Com seu charuto ainda entre os lábios, Nikolai casualmente sacou uma arma e atirou. O dançarino no palco central, com a maior parte da atenção nele, caiu do seu poste. Seu enorme corpo deixou rachaduras no palco de madeira, sangue se acumulando debaixo de sua cabeça com a bala alojada em sua garganta. Ele estava sem camisa, usando apenas calças de couro apertadas que os clientes tinham implorado para ele tirar.