O Serviço Secreto de Quarto da Vilã - Capítulo 27

27: O Tratamento 27: O Tratamento “Ah, sim… Prazer em conhecê-lo, Senhor Altair.”

O homem sorriu e balançou a cabeça.

“Por favor, eu não sou de nascimento nobre. Apenas me chame de Altair, Senhorita Rosalie.”

Apesar de sua atitude gentil e amigável, Rosalie não pôde deixar de se sentir inquieta. Havia várias pessoas relacionadas ao Templo que foram mencionadas no romance, mas o nome Altair definitivamente não era um deles.

‘Também não havia nenhuma palavra sobre o Sumo Sacerdote Alexander Saro ter um discípulo… Será que estou me lembrando errado novamente? Se isso continuar, temo que eu possa perder a vantagem aqui.’
Embora ansiosa, Rosalie teve que desempenhar o papel e permanecer calma e coletada, porque mesmo sabendo que estava dentro de um romance, ela não podia permanecer alheia ao fato de que seu mundo poderia ter muitos personagens cuja existência não era conhecida nem pelo autor nem pelos seus leitores. Além disso, agora que ela estava contrariando o enredo original, as consequências de suas ações poderiam mudar o fluxo de toda a história.

Mesmo se ela fosse apenas uma vilã menor, cuja existência realmente não importava.

A garota sorriu de volta para Altair e respondeu, sua voz ainda mantendo um ligeiro tom de nervosismo,
“Certo. Altair. Mas está tudo bem chamá-lo até aqui por causa de um ferimento leve?”

Altair sentou-se ao lado de Rosalie, seus corpos quase se tocando, e ela pôde sentir um sutil aroma de algo fresco e florido emanando de seu impecável uniforme do Templo. Era estranhamente calmante e até reconfortante, quase como um medicamento.

O homem estendeu a palma da mão aberta para a Senhora Ashter, seu olhar fixo em sua mão direita, que ela manteve apertada contra o peito todo esse tempo.

“Não existe tal coisa como um ferimento leve, Minha Senhora. Agora, posso examinar sua mão?”

Por algum motivo inexplicável, Rosalie achou difícil resistir à sua voz melódica. Ele parecia um encantador misterioso, seduzindo-a com sua presença cativante e aura calmante. Incapaz de recusar, ela atendeu a seu pedido.

“Sim… Obrigada.”

Ela colocou sua mão direita sobre a dele, sentindo imediatamente o calor do seu toque gentil. Altair cobriu a mão dela com a outra, fechou os olhos e, nesse momento, Rosalie notou uma faísca fraca dançando entre as mãos entrelaçadas, como se tentando atravessar a pele deles.

A pequena faísca gradualmente cresceu e se multiplicou, transformando-se numa névoa branca e radiante que formigava levemente contra a pele de Rosalie. Em instantes, a densa névoa cintilante começou a se dissipar, deixando para trás uma sensação de alívio, como se um fardo escuro e pesado tivesse sido retirado do seu interior. Confusa, ela voltou seu olhar para Altair, que encontrou seus olhos com uma bondade desconhecida e, talvez, até afeto, refletido em seu profundo olhar prateado.

“Tudo pronto, Senhorita Rosalie.”

Altair sorriu ao proferir essas palavras, no entanto, quando Rosalie tentou retirar sua mão, ele de repente apertou seu agarre, fixando seu olhar em seus olhos cinza claros.

“Uh, Altair? Obrigada por me tratar, eu poderia dar uma olhada na minha mão?”

O homem aprisionou sua mão pálida e tremula entre suas palmas maiores e mais suaves. Sua expressão escureceu, mas ele manteve um sorriso amigável peculiar em seus lábios sensuais. Ele se inclinou mais perto da garota, com seus rostos quase se tocando, e falou com uma voz baixa e um tanto distante.

“Há algo peculiar sobre você, Senhorita Rosalie. Sinto que sua alma está muito desequilibrada, perturbada por uma força externa…”

Rosalie sentiu seu sangue gelar. As palavras de Altair pareciam tê-la abalado até o âmago e uma forte onda de medo a invadiu instantaneamente.

‘Ele descobriu que não sou deste mundo? Ou talvez ele tenha sentido meu Acme? Talvez ambos? E se sim, o que isso significa? Vou enfrentar a execução?’
“… lie?… Rosalie?”

Totalmente imersa em seus pensamentos ansiosos, ela se tornou completamente surda para tudo mais, e levou bons minutos para Altair finalmente conseguir trazê-la de volta à realidade do seu estado aborrecido.

“Senhorita Rosalie? Está tudo bem?”

O homem colocou uma de suas grandes mãos em sua testa e ela se sentiu calma novamente. Altair definitivamente possuía um estranho poder de aliviar sua ansiedade e ainda assim, isso era exatamente o que a deixava inquieta ao mesmo tempo.

Como se tivesse lido seus pensamentos, Altair ofereceu outro sorriso gentil e continuou, agora em um tom quente e tranquilizador,
“Sua aflição estranha me preocupa muito, Senhorita Rosalie. Eu gostaria de tratar você, se não se importar.”

“N-Não! Está tudo bem, de verdade! Eu não sinto nada!”

A garota falhou em controlar o volume da sua voz. Assustada de que ele pudesse encontrar algo suspeito sobre ela durante o tratamento, Rosalie virou a cabeça e puxou sua mão para trás da saia, seu coração galopando dentro do peito como um cavalo selvagem.

Altair, no entanto, aparentou estar completamente desafetado até por aquele comportamento estranho. Em vez disso, ele examinou ambas as suas mãos com um olhar bastante decepcionado, em seguida endireitou sua postura e disse,
“Perdoe minha impertinência, Minha Senhora. Há algo que a assusta?”

“… E se houver?”

Altair ajustou seu longo cabelo prateado, levantou-se de seu assento e ajoelhou-se diante de Rosalie, gentilmente tomando suas mãos nas dele. Seus lábios formaram um sorriso tranquilizador enquanto ele falava,
“Não tenha medo, Senhorita Rosalie. Como representante do Templo, garanto que não quero lhe fazer mal algum. Você tem minha palavra.”

Mais uma vez, a voz calmante de Altair teve um efeito hipnótico em Rosalie, fazendo-a liberar toda a tensão e medo de seu corpo. Ela não pôde deixar de se sentir atraída por ele, mesmo se perguntando se ele era mais uma cobra tentadora do que uma presença encantadora. No entanto, sua mente se recusou a questionar suas intenções ainda mais. Havia algo nele que a convencia de suas intenções puras.

Como ele mencionou, ele era um homem do Templo.

“Certo…”

“Bom.”

O homem levantou-se e afagou a cabeça da Senhora Ashter como se ela fosse um cachorro obediente, seu toque carregando um imenso senso de afeto. Ele continuou,
“O que acha de nos encontrarmos duas a três vezes por semana? Eu posso vir aqui para vê-la, e tenho certeza de que seu noivo não se importaria. Ele só quer o que é melhor para você, não é?”

Rosalie concordou com um sorriso sutil.

“Sim, eu acredito que sim.”

“Então,”
Altair beijou o dorso da mão da garota e olhou diretamente em seus belos olhos,
“Eu a verei novamente em breve, Minha Senhora.”

***
Altair fechou a porta de sua carruagem, recostando-se no assento, um sorriso amplo estampado em seu rosto. Seu coração acelerava em seu peito, o som soando em suas orelhas vermelhas e quentes. Superado pela alegria, ele não conseguiu conter sua risada, que beirava a histeria. Seu rosto ficou vermelho, parecendo uma flor ardente.

Olhando para suas mãos que tocaram Rosalie apenas momentos atrás, ele sentiu uma sensação de formigamento desconhecida, como se todo o seu ser estivesse em chamas. A excitação o consumia, euforizando cada fibra do seu ser. Lutando para conter sua risada maníaca, ele cobriu a boca com a mão esquerda, murmurando para si mesmo,
“Eu a toquei… Haha! Eu realmente a toquei… Eu toquei Rosalie Ashter!”