O Retorno do Mago Negro - Capítulo 1636

Capítulo 1636: Gizin Reformado

Quando Raze viu Gizin parado ali, completamente ileso, ele se encontrou lutando para compreender o que estava acontecendo. Sua respiração estava irregular, sua mão apertando o punho de sua espada enquanto sua mente percorria todos os caminhos lógicos possíveis.

A Magia das Trevas tem a propriedade de destruir, Raze lembrou-se, relembrando o impacto de seu último ataque. Mesmo que a Magia da Luz reaja de maneira estranha, condensando-se, reformando-se, torcendo-se de volta a um único ponto, não deveria ser possível que tudo sobrevivesse se toda a massa fosse eliminada de uma vez.

E ainda assim, apesar do poder esmagador dos Dez Passos Descendentes fundidos com seu Golpe de Eclipse, apesar do céu escurecendo e do chão se rachando por quilômetros, apesar da tempestade de Qi e Magia das Trevas que havia despedaçado a arena…

Gizin ainda estava de pé.

“Eu sei o que você está pensando,” disse Gizin levemente, quase divertido. Seus passos eram calmos, sua postura relaxada, como se tudo o que acontecia ao redor deles fosse apenas um incômodo. Ele girou sua bengala na mão antes de apoiá-la no chão. “Mas a resposta é simples. Talvez seu ataque não tenha sido forte o suficiente. Talvez eu deliberadamente tenha separado a Magia da Luz, espalhado fragmentos para que sua escuridão não a destruísse em um único golpe. Há muitas maneiras de evitar ser apagado por uma técnica de força bruta.”

Seu sorriso se alargou, e por um segundo, apenas um segundo, a presença ao seu redor pareceu sufocante.

“Eu já te disse,” Gizin continuou, levantando uma mão enquanto uma energia radiante cintilava ao redor de seus dedos, “o que você está enfrentando agora é a coisa mais próxima que este mundo tem de um deus.”

Os olhos de Raze se estreitaram. “Um deus?”

“Sim.” Gizin inclinou a cabeça. “Você estava em Pagna, não estava? Você já ouviu falar da Religião Rylon. Eles me adoravam, treinavam por gerações para criar alguém como eu. Alguém forte o suficiente para confrontá-los.”

Eles? Raze repetiu mentalmente. A Guilda Negra? O Reino Divino? Outro inimigo que ele ainda não havia descoberto? Quem quer que Gizin quisesse dizer, ele claramente não considerava Raze um deles.

Ainda assim, a especulação não o ajudaria. Ele precisava de uma solução, e rápido.

Seu olhar caiu sobre o manto escuro e ondulante que agora o cobria. O Chamuscador. Um item Nível de Deuses capaz de consumir ataques, absorver energia e, se necessário, devorar seres vivos.

O Chamuscador pode absorver vida.

Se eu consumir todo o seu corpo, apagá-lo completamente, antes que ele possa se reconstruir, talvez isso funcione.

Mesmo que a magia do tempo reverta tudo o mais, o efeito do Chamuscador seria desfeito? Ou Gizin permaneceria desaparecido?

Era um risco. Um risco aterrorizante. Mas Raze estava ficando sem opções.

Se eu perder uma memória, eu lidarei com isso.

Eu não posso deixá-lo escapar.

Ele sutilmente mudou sua postura, posicionando-se para poder se aproximar. A espada em sua mão pulsou, tornando-se um farol de escuridão. Da lâmina, ondas de sombra se espalharam, engolindo os remanescentes de luz que pairavam na arena destruída. O chão escureceu. O ar se espessou. Até os sons da batalha deles pareciam desaparecer sob o peso do que Raze convocou.

Ele ativou a Formação da Noite Abissal.

As trevas se condensaram ao seu redor, girando em órbita como espíritos famintos. O Qi Demoníaco embutido na técnica fazia as sombras ondularem e respirarem, como se estivessem vivas. Pouco a pouco, o local escurecia, a Noite Eterna avançando para engolir tudo.

Sob a cobertura das trevas, Raze planejava atacar. A Formação da Noite Eterna não apenas fortalecia suas outras sete formações, mas permitia-lhe criar oportunidades, aberturas que o deixariam alcançar Gizin por tempo suficiente para que o Chamuscador o devorasse.

Mas antes que as sombras pudessem se estabelecer, antes que a escuridão pudesse sufocar a arena, Gizin simplesmente levantou sua bengala e bateu-a no chão.

Uma onda de luz explodiu ao redor.

Não era apenas brilhante, brilhante não era suficiente para descrever. Era ofuscante, avassalador, sufocante de uma forma que apenas a energia bruta divina poderia ser. O choque de Luz e Trevas chocou-se violentamente, faíscas eruptivas enquanto seus elementos se despedaçavam. No entanto, em apenas um instante, a Noite Eterna de Raze foi desfeita, devorada e espalhada em nada.

Quando a luz desapareceu, ambas as técnicas se foram.

“Eu não sei o que você estava tentando fazer,” Gizin disse, sacudindo a manga casualmente, “mas você realmente achou que eu ficaria parado e deixaria você?”

Sua voz endureceu, não com raiva, mas com certeza.

“Se sua única estratégia é depender dessa sua Magia das Trevas, então você nunca me vencerá.”

Então, com uma calma arrepiante, ele sorriu.

“E a verdade é que só mostrei a você uma fração do meu poder. Eu não achei que precisaria usar mais contra você… mas você continua a me surpreender, Raze.”

Gizin deu um passo à frente.

E quando seu pé tocou o chão, um segundo Gizin apareceu atrás dele, um duplicado etéreo, perfeito até o menor detalhe.

As pupilas de Raze se estreitaram.

Outro passo.

Outro clone.

Cada movimento produzia uma nova cópia, cada uma irradiando Magia da Luz e Qi. Elas se espalharam pelo campo de batalha com precisão assustadora, como uma onda se replicando infinitamente. Mas ao contrário de Enaxx, cujas versões eram divisões físicas do próprio poder, estas eram pura magia dada forma.

Raze podia sentir isso, seus corpos eram construtos, formados inteiramente da energia de Gizin, extensões obedientes de sua vontade.

Eles continuaram se formando. Dez. Vinte. Trinta. Seus números multiplicaram-se mais rápido do que Raze podia acompanhar. Logo, as sombras lançadas por suas armas se sobrepunham, circulando Raze até que o mundo ao seu redor se tornasse um borrão de ouro.

Quando o último se formou, cem Gizin estavam em uma formação unificada, cada um segurando uma bengala brilhante, todos mirando diretamente nele.

O corpo real de Gizin abriu seus braços.

“Você disse antes que eu carecia de técnica,” ele disse com um sorriso zombeteiro. “Então vamos ver se suas preciosas formações podem salvá-lo disso.”

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