O Retorno do Mago Negro - Capítulo 1614
Capítulo 1614: Retorno (Parte 1)
Alen e seus homens vinham travando uma batalha interna muito antes de entrarem nesta guerra. Desde que deixaram a Guilda Negra, seus corações estavam divididos em duas direções. De um lado estava a sobrevivência. Do outro, a culpa.
Não havia como nenhum deles continuar sob a Guilda Negra depois do que testemunharam. Eles viram seus aliados mais próximos morrerem, mortos sem hesitação pelas próprias pessoas que deveriam chamar de camaradas. Assim que essa linha foi cruzada, não havia como voltar.
Embora Raze, o próprio Mago Negro, tenha os protegido durante sua fuga, não havia muito que pudessem fazer sobre a situação. Sair abertamente significaria morte. Ficar significaria morrer lentamente por dentro.
Então eles escaparam.
E uma vez que escaparam, se esconderam.
Alen jurou que um dia vingaria. Harvey pagaria pelas vidas que roubou. Seja pelas mãos de Alen ou de outra pessoa, o homem não deixaria este mundo impune.
Mas a vingança teve que esperar. Quando partiram, Alen e seu grupo foram forçados a viver em segredo, sempre em movimento, sempre se escondendo de quem ainda pudesse ser leal à Guilda Negra. No entanto, mesmo no exílio, não estavam completamente sozinhos.
Nem todos rejeitaram Alen.
Ainda havia aliados, pessoas que discretamente passavam informações para eles, que os ajudavam a viajar com segurança, que os avisavam sobre o perigo e sussurravam sobre movimentos dentro de Alter. Por causa dessas pessoas, Alen e seus homens aprenderam algo crucial:
Gizin estava fazendo seu movimento.
E não era sutil. Gizin contatou abertamente todas as guildas que conseguiu alcançar, convocando-as para a batalha. O alvo era o Submundo.
Quando Alen soube disso, houve um momento, apenas um momento, em que a conclusão lógica parecia óbvia.
Deixem-nos lutar. Deixe Gizin acabar com a Guilda Negra. Raze provavelmente sobreviverá por conta própria. O resto? Não é nosso problema.
Mas o pensamento não sossegou em seu peito.
Ele se lembrou de seu tempo no Submundo. Foi curto, mas significativo. As pessoas que conheceram lá foram gentis, genuinamente gentis. Eles receberam o grupo de Alen de braços abertos, sem medo, sem hesitação.
Para pessoas que passaram meses fugindo, se escondendo, desconfiando de todos que encontravam… o Submundo parecia diferente.
Esse curto período mudou algo dentro deles.
Eles começaram a entender que o Submundo não era um lugar de criminosos, monstros ou rejeitados. Era a ferida oculta de Alter, um lugar onde todo o sofrimento, opressão e verdades descartadas do mundo eram empurrados para debaixo dos pés de todos.
O Submundo fazia parte de Alter tanto quanto qualquer cidade nobre.
E quanto mais eles pensavam sobre isso, mais Alen percebia algo doloroso:
Se não fizessem nada, se tornariam como a Guilda Negra, ignorando o sofrimento enquanto não os tocasse.
Isso não era quem ele queria ser. Logo descobriu que os outros sentiam o mesmo. Então eles voltaram. Não pela Guilda Negra. Não por Raze. Mas pelas pessoas.
E quando chegaram, aconteceram de encontrar uma das pessoas mais gentis que conheciam no momento exato em que ela precisava de ajuda, Safa.
“Há muitos magos aqui embaixo,” Alen disse, analisando o campo de batalha em colapso. “Quanto mais esperamos, mais morrerão. Três de vocês fiquem comigo e protejam a garota. O resto, espalhem e ajudem o Submundo! Agora!”
Não houve hesitação. Nem dúvida.
Seus homens se moveram instantaneamente, como se estivessem respondendo a um comando que nasceram para obedecer.
Alen ficou diretamente à frente de Safa, braços cruzados. Ele entendia o que ela estava tentando fazer, e entendia o quanto era importante. Se ela completasse seu avanço, não seria apenas mais uma lutadora, ela mudaria o curso desta guerra.
Eles precisavam não somente vencer contra o Grande Mago… precisavam vencer sem sacrificar inúmeras vidas. Safa era a única capaz de fazer isso.
“Droga,” Alen murmurou, olhando para cima. “Nós acabamos com muitos deles no caminho até aqui, mas ainda há mais descendo.”
Acima deles, figuras desciam.
Chegando tarde de várias guildas, magos atraídos pela recompensa em dinheiro.
Alguns deles eram simplesmente covardes. Deixaram a primeira onda lutar e morrer, esperando até que o campo de batalha estivesse fraco o suficiente para eles atacarem.
Outros não se importavam com quem matavam. Desde que fossem pagos, iriam atacar o Submundo e todos nele.
Alen estalou os dedos para baixo. Chamas explodiram sob seus pés, lançando-o para o alto como um foguete. Enquanto caía de volta, ele estalou os dedos várias vezes.
Arcos curvados de chamas giraram de suas mãos, rápidos, silenciosos e angulados de forma a esconder sua trajetória. Quando os magos que chegavam perceberam o que estava acontecendo, os feitiços de fogo já os tinham atingido de frente.
Seus gritos ecoaram pelo espaço cavernoso.
Mas Alen não estava lutando sozinho.
Seu povo liberou magia pelo campo de batalha, gelo, vento, raio, terra. Eles não estavam apenas lançando feitiços, estavam usando táticas. Alguns colocaram minas mágicas no chão. Outros enfraqueceram o teto para derrubar entulho sobre os inimigos. Alguns usaram feitiços fracos e de baixo dano apenas para distrair os lançadores de feitiços inimigos tempo suficiente para o fogo de Alen pegá-los.
Essa era a diferença entre mercenários dispersos e uma unidade de combate treinada que havia sobrevivido a missões de vida ou morte juntos.
Alen varreu o campo de batalha com outra onda de chamas.
Então, ele sentiu. Uma onda de mana o envolveu por trás.
No instante em que o tocou, ele sentiu calor. Calor reconfortante. Seu corpo relaxou. Sua fadiga desapareceu. Sua mente estava mais clara do que em horas.
Ele se virou. E a viu.
Safa estava de pé. Seu cabelo levantava levemente, suas vestes esvoaçavam com a magia circulando por seu corpo. Seus olhos brilhavam com uma intensidade divina.
Ela havia terminado seu avanço.
Alen sorriu de lado.
“Bem, agora,” ele disse, chamas se juntando em ambas as mãos. “Parece que temos uma Curandeira de Sete Estrelas do nosso lado.”
Seu sorriso se alargou.
“… Isso vai ser interessante.”
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