O Retorno do Mago Negro - Capítulo 1564

Capítulo 1564: Um Banho de Sangue (Parte 1)

Quando Beatrix tentou pela primeira vez fazer contato com a Mulher Sangrenta dentro dela, não sentiu nada. Nenhuma resposta. Nenhuma mudança dentro do seu peito. Era como se a outra presença, aquela que uma vez queimou através de suas veias, tivesse desaparecido completamente.

Talvez ela pudesse forçar o poder a sair por conta própria, ela pensou. Extraí-lo por pura força de vontade. Mas não havia nenhuma garantia de que funcionaria.

Então um pensamento a atingiu.

Da última vez que o poder da Mulher Sangrenta despertou, não foi porque Beatrix o chamou. Aconteceu quando ela estava ferida, quando seu corpo estava se quebrando e sua mente estava à beira do colapso. Durante aquele momento, suas memórias e pensamentos ficaram borrados, e algo mais avançou.

E se a Mulher Sangrenta não fosse separada? E se ela existisse dentro do subconsciente de Beatrix, apenas emergindo quando a mente consciente de Beatrix era forçada a se afastar?

Isso significaria que a Mulher Sangrenta só aparecia quando a própria Beatrix não podia agir.

Se isso fosse verdade… então a única maneira de trazê-la à tona poderia ser desmaiar.

Mas isso era perigoso.

Um golpe muito forte poderia causar danos permanentes ou, pior, matá-la antes que a Mulher Sangrenta tivesse a chance de emergir. Todo o plano era uma aposta baseada em nada mais do que instinto e fragmentos de memória.

Ainda assim, Beatrix não era do tipo que recuava.

Se ela não pudesse se nocautear, então talvez ela pudesse alcançar aquele estado subconsciente deliberadamente.

Ela era uma guerreira de Pagna, treinada para dominar seu corpo e espírito. Meditação, cultivo, era uma segunda natureza para ela. Um guerreiro Pagna podia esvaziar completamente sua mente, entrando em um estado de clareza que poucos podiam alcançar.

Se ela pudesse se empurrar profundamente naquele espaço entre vigília e calma, talvez seu subconsciente assumisse naturalmente.

Era um risco. Mas um que ela estava disposta a correr.

Então ela se concentrou. Ela clareou sua mente, respirando fundo mesmo enquanto o caos se desenrolava ao seu redor. Os gritos, a magia colidindo, tudo se desvanecia em um zumbido surdo. Seu coração desacelerou. Seus pensamentos ficaram quietos.

E então, instintivamente, seu corpo se moveu.

Na próxima coisa que soube, ela havia bloqueado o ataque de Yellum e desferido um contra-ataque poderoso o suficiente para obliterar completamente o braço de Yellum.

Yellum nem sequer viu acontecer. Um momento ela estava no meio do ataque, e no próximo, seu braço inteiro havia sumido. Não houve nenhum movimento visível, nenhum golpe telegrafado. Foi instantâneo.

Ela olhou para o espaço onde seu membro costumava estar, sua mente lutando para compreendê-lo. Desde que ela havia ganhado sua imensa afinidade com a Magia da Luz, ela não havia sido ferida, muito menos desmembrada.

Pânico ondulou em seu peito.

Mas o brilho radiante de sua magia começou a se concentrar ao redor da ferida. Partículas de luz giravam, se unindo onde seu braço estivera. Sua habilidade de cura estava funcionando, mais rápido do que nunca. Em alguns segundos, seu braço estaria totalmente restaurado.

Ainda assim, Yellum deu um passo cauteloso para trás.

Então Beatrix levantou a cabeça.

Seus olhos, outrora calmos e compostos, agora brilhavam com intensa luz vermelha.

Yellum congelou.

Imediatamente depois, o ar ao redor de Beatrix começou a distorcer. O Qi que antes irradiava suavemente de seu corpo agora ondulava como ondas de sangue. Ele subia, depois caía, impregnando sua pele até que ambos os antebraços brilhassem em um vermelho escuro. Das pontas dos dedos aos cotovelos, seus braços pareciam como se estivessem mergulhados em fogo líquido.

A garganta de Yellum apertou.

‘Ela está mudando de novo,’ ela percebeu.

Seu braço recém-curado flexionou enquanto ela fechava suas asas protetoramente ao redor do corpo. Se Beatrix estava se preparando para outro ataque, ela estaria pronta para ele desta vez.

Segundos se passaram.

Nada aconteceu.

“O que…?” Yellum murmurou para si mesma. “Ela não está me atacando.”

Cuidadosamente, ela abriu suas asas, apenas o suficiente para espiar através das penas douradas.

E o que ela viu fez seu sangue gelar.

Bem acima do campo de batalha, um dos membros da Guilda Cérbero foi lançado ao ar, impulsionado sem esforço pelos soldados de Alen. O homem girava desamparado, seus braços agitados enquanto tentava lançar um feitiço.

Então Beatrix se moveu.

Ela balançou o braço pelo ar, e um pulso de energia vermelha irrompeu de seu punho.

A aura de cor de sangue se espalhou como uma tempestade, reunindo-se em um único ponto antes de explodir para frente. Não era uma bola de fogo ou um feixe, era um tiro de canhão de puro Qi.

O ataque rasgou o ar e colidiu com o integrante da Cérbero que estava no ar.

O impacto foi catastrófico.

Um enorme pedaço de seu torso desapareceu instantaneamente. Seu corpo se torceu pela força, sangue e energia dourada se espalhando como poeira. Mas Beatrix não parou.

Um golpe após o outro seguiu, cada ataque mais rápido e forte que o último. Cada soco desencadeava outra explosão de energia escarlate. Cada um esculpia outro pedaço de seu oponente.

Sua perna, foi-se.

Seu braço, foi-se.

Seu peito, meio destruído.

E quando o golpe final acertou, parte de sua cabeça estava faltando.

Mesmo com toda a Magia da Luz do mundo, não havia recuperação para isso.

Ainda assim, Beatrix não tinha terminado.

O chão sob ela rachou enquanto ela se impulsionava. Em um instante, ela desapareceu de vista.

Então, com uma explosão de força, ela irrompeu da terra bem atrás de outro membro da Guilda Cérbero. Seu corpo cintilava com energia vermelha, sua aura de sangue girando violentamente em torno de seu braço como um vórtice.

E então, o sangue começou a se mover.

O líquido carmesim derramando-se do cadáver acima dela, o sangue do homem que ela acabara de matar, levantou-se no ar, atraído para ela como metal a um ímã. Ele se envolveu em seu pulso, fundindo-se com sua própria aura, formando uma massa giratória de luz vermelha.

Beatrix ergueu a mão, então balançou-a para baixo.

A explosão que se seguiu foi como trovão.

Um colossal feixe de energia vermelho-sangue caiu do céu, atingindo o membro da Guilda Cérbero bem no peito. O impacto despedaçou o chão, levantando terra e fumaça que encheram o ar.

Quando a poeira finalmente assentou, não havia nada do homem. Nem mesmo cinzas.

Dois dos cinco membros da Guilda Cérbero, ambos mortos. Ambos mortos pela mão de Beatrix.

Yellum só podia observar.

Beatrix pousou suavemente, seus movimentos mecânicos, sua expressão vazia. O fraco brilho escarlate ao redor de seus olhos não vacilou.

O coração de Yellum acelerou.

‘Ela está consciente neste ponto?’ ela pensou, o pânico se infiltrando em seu peito. ‘O que é isso… que tipo de monstro é ela?’

Suas mãos tremiam enquanto ela começava a recuar, suas asas batendo para levantá-la do chão.

‘Preciso avisar o Grande Mago,’ ela pensou, sua pulsação martelando em seus ouvidos. ‘Eles precisam saber com o que estamos lidando… antes que seja tarde demais.’

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