O Retorno do Mago Negro - Capítulo 1553
- Home
- O Retorno do Mago Negro
- Capítulo 1553 - Capítulo 1553: Instalação das Trevas (Parte 1)
Capítulo 1553: Instalação das Trevas (Parte 1)
O número de membros da Guilda Cérbero na câmara correspondiam exatamente ao número de pacientes. Não podia ser coincidência. Tudo sobre esta cena parecia ensaiado, estruturado, como um ritual que eles já haviam realizado inúmeras vezes antes.
O único conforto de Alen era o vidro unidirecional. Eles podiam ver tudo do seu lado, mas as pessoas dentro não podiam vê-los. Se os pacientes tivessem percebido alguém observando, talvez tivessem pedido ajuda, e os membros da guilda saberiam imediatamente que intrusos estavam por perto.
‘Eu tenho que registrar tudo,’ pensou Alen, apertando seu dispositivo com mais força. ‘Isso sozinho será evidência suficiente para destruí-los. Um vídeo claro disto, e toda a rede vai desmoronar.’
Enquanto ele estabilizava suas mãos, luz começou a florescer de cada um dos membros da Guilda Cérbero. Finos e radiantes fluxos formaram-se ao redor de seus corpos antes de se estenderem em direção aos pacientes deitados imóveis no chão.
Quando a luz atingiu, os gemidos abafados de agonia mudaram. Não pararam, eles mudaram. A dor em suas vozes começou a diminuir, desvanecendo em suspiros silenciosos. Seus tremores desaceleraram. E diante dos olhos de Beatrix, sua carne rasgada começou a se regenerar.
Os tecidos musculares se reformaram, veias foram seladas, e novas camadas de pele cresceram sobre seus corpos quebrados. Era um milagre grotesco, vida retornando onde não deveria haver nenhuma.
“Eles estão curando-os,” Beatrix sussurrou. “Magia da Luz…”
A verdade se afundou como uma lâmina. A Guilda Cérbero estava usando magia da luz, reparando os mesmos corpos que haviam acabado de ser queimados pela mana pura. Eles não estavam salvando-os por misericórdia, estavam usando-os.
Mas mesmo enquanto a carne se corrigia, os ferimentos mais profundos não. Alen podia ver as leituras nos monitores, núcleos mágicos fraturados, danos neurais, traços residuais de vício. Essas pessoas não estavam sendo curadas. Elas estavam sendo reiniciadas.
“Estão tentando encontrar uma cura para as substâncias que vêm distribuindo?” Beatrix perguntou, sua voz afiada com descrença. “Se puderem vender tanto o veneno quanto o antídoto, obtêm o dobro de lucro.”
Alen balançou a cabeça. “Não,” ele disse baixinho, e havia tensão em sua voz, algo cru e raivoso por baixo dela.
Quando a cura foi concluída, os membros da Guilda Cérbero recuaram sem uma palavra e saíram da sala. Suas vestes com bordados de ouro reluziam levemente sob a luz de mana. Assim que saíram, os pesquisadores no console pressionaram mais botões.
A luz branca voltou, ofuscante, engolfando a sala mais uma vez.
Momentos depois, o mesmo horror se desenrolou novamente. Os pacientes estavam de volta ao estado quase de morte. Suas peles estouraram, seus corpos devastados pelas ondas de mana.
E então a Guilda Cérbero entrou novamente.
A mesma sequência se repetiu.
Magia da luz estourou. Cura seguiu. Os corpos foram restaurados. Então a luz de mana queimou-os novamente.
A respiração de Beatrix engasgou quando ela percebeu o que estava acontecendo. “Eles… eles estão fazendo isso de propósito. Vez após vez. Estão torturando-os, só para curá-los novamente.”
Seus punhos tremiam, o impulso de quebrar o vidro quase irresistível.
“Isso não é pesquisa,” disse Alen. Seu tom estava apertado, cada palavra controlada. “Não há equipamento de laboratório aqui. Não há dados sendo coletados. Os verdadeiros experimentos são feitos nos andares superiores.”
Ele engoliu seco e olhou de volta para o vidro, forçando-se a continuar filmando. “O que estão fazendo aqui é algo completamente diferente.”
Beatrix virou-se para ele, confusa. “Então o que é?”
“Estão utilizando eles,” Alen disse. “Estas pessoas, as que consideram inúteis, estão sendo sacrificadas para o ganho da guilda. Para aumentar sua própria afinidade.”
Beatrix franziu a testa. “Afinidade?”
“A magia das Trevas foi proibida em Alterian há muito tempo,” Alen explicou. “Rumores diziam que a razão era porque aqueles que a praticavam só podiam crescer em poder tirando vidas. Quanto mais morte causavam, mais profunda sua magia se tornava. Tornava-os instáveis, muito perigosos para existir.”
Os olhos de Beatrix se arregalaram quando a realização a atingiu.
“Para magia da luz,” Alen continuou, “o método é diferente. Sua afinidade cresce através da cura. Quanto mais se cura, mais forte sua magia se torna. Na superfície, parece puro, até mesmo justo. Mas o que acontece quando curar sozinho não é suficiente?”
Ele apontou através do vidro.
“Quando cura comum não mais os fortalece, eles criam dor. Destroem vidas apenas para poder restaurá-las de novo, e de novo, até que sua luz se torne mais forte do que a de qualquer outro. Chamam isso de fé. Mas o que estamos vendo agora… esta é a escuridão da luz.”
Beatrix encarou em silêncio atordoado. A ideia de que os reverenciados Magos da Luz da Guilda Cérbero poderiam fazer algo tão monstruoso, revirava seu estômago.
O processo continuou. Repetidamente.
Os mesmos cinco membros da guilda entrariam, curariam os pacientes quase mortos, sairiam da sala, e então deixariam o mana puro queimá-los vivos novamente.
Na sexta vez, Beatrix mal conseguia assistir. Suas unhas se enterraram nas palmas das mãos com força suficiente para sangrar.
Um dos pacientes, quase inconsciente, conseguiu mover a boca quando a luz curativa os tocou novamente. Suas palavras eram roucas, mas cheias de terror.
“Por favor… pare… não de novo… por favor…”
Então vieram os gritos.
Eles sabiam o que viria a seguir.
A dor. A luz. O ciclo interminável.
Eles não queriam mais viver aquilo. A morte teria sido uma misericórdia.
Beatrix virou a cabeça, lágrimas ameaçando se formar. “Isso não é apenas cruel… é maligno.”
Alen assentiu sombriamente. “Eles transformaram o sofrimento em uma ferramenta. Cada segundo de dor que aquelas pessoas sentem, cada grito que elas dão, se torna força para a Guilda Cérbero.”
O zumbido das máquinas aprofundou-se, o ritmo quase mecânico agora, como se a sala inteira houvesse se estabelecido na rotina.
Seis ciclos. Seis rodadas de agonia e restauração.
Cada vez, a luz ardia mais brilhante. Cada vez, os curandeiros pareciam mais calmos, mais experientes, mais indiferentes.
E então, durante a sétima rodada, um dos pesquisadores franziu a testa para seu monitor. “Um dos pacientes teve uma parada cardíaca”, ele anunciou.
“Registre isso”, outro disse friamente. “Vamos trazer outro.”
Beatrix congelou.
Outro.
Quantos já tinham havido antes? Centenas? Milhares?
Ela olhou para Alen. Sua mandíbula estava tão cerrada que parecia doloroso, a fúria por trás de seus olhos quase irradiava dele.
Eles tinham todas as provas de que precisavam.
****
*****
Para atualizações de MWS e trabalhos futuros, por favor, me siga nas minhas redes sociais abaixo.
Instagram: Jksmanga
*Patreon: jksmanga
Quando novidades de MVS, MWS ou qualquer outra série saírem, você poderá vê-las primeiro lá, e pode me contatar. Se eu não estiver muito ocupado, costumo responder.